As dificuldades que marcam um Censo inusitado

Em Passo Fundo faltam recenseadores e há casos com dificuldades de acesso

Por
· 2 min de leitura
Responder ao Censo é um dever de cidadão. (Foto: Gerson Lopes/ON)Responder ao Censo é um dever de cidadão. (Foto: Gerson Lopes/ON)
Responder ao Censo é um dever de cidadão. (Foto: Gerson Lopes/ON)
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O Recenseamento Geral do Brasil é a principal fonte de referência para conhecer as condições de vida da população. Porém, a edição do Censo 2022 tem aspectos inusitados. Em Passo Fundo são muitas as dificuldades enfrentadas pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável por coletar e tabular as informações. “É um Censo para ficar na história. Nunca houve falta de pessoas para trabalhar, ao contrário, antes havia concorrência pelas vagas”, avalia o coordenador do IBGE em Passo Fundo, Jorge Bilhar. O Censo 2022 é o quinto em que ele atua. O trabalho estava previsto para 2020, mas, devido à pandemia, acabou ficando para este ano. O último foi realizado em 2010. “Estamos com uma defasagem de 12 anos em relação às informações”, complementa. Isso significa que, como suporte para o enfrentamento da pandemia, os números já estavam defasados.


Faltam recenseadores

Bilhar diz que a maior preocupação é com a falta de pessoal. “Hoje estamos com 115, mas necessitamos de mais 60 para nossa realidade”. Para isso já foi publicado um quarto edital de recrutamento, cujo resultado é aguardado para os próximos dias. Mas nem todos aprovadores irão para o trabalho de campo, pois ainda dependem de um treinamento e adaptação. São cinco dias de treinamento e uma nova avaliação. Outra dificuldade é o conjunto de restrições para o contrato temporário, pois “pessoas de meia idade, aposentados, funcionários públicos e outros estão impedidos de serem recrutados”, complementa Jorge. E, além das questões burocráticas, muitos que foram contratados acabam desistindo em consequência das adversidades encontradas. “Houve até casos de sofrerem ameaças de morte, além de serem impedidos de trabalhar em condomínios”. Isso ocorre por absoluta falta de conscientização da população, pois “responder ao Censo é um dever de cidadão”, enfatiza Bilhar.


Estrutura regional

Em Passo Fundo está centralizado Censo 2022 para uma ampla região, que compreende 26 municípios, com base na Agência do IBGE que conta com 11 funcionário em seu quadro fixo. Para facilitar a logística deste recenseamento, foi montada uma estrutura própria junto à Agência do INSS de Passo Fundo. “Temos dois questionários, um básico que leva em média cinco minutos para ser respondido e outro da mostra, que pode levar 20 minutos de entrevista”. Os recenseadores têm remuneração por produção, medida por questionários. “O desafio é encontrar os entrevistados”, explica Bilhar. Isso ocorre pelo perfil necessário, localização e acesso às moradias. “Muitas pessoas não se dão conta de que essas informações irão beneficiá-las, pois são fundamentais para definir as AIHs (instrumento para internação hospitalar, ou retorno do ICMS aos municípios”. 


Empregos temporários

O Censo além de responsável por importante coleta de informações, também movimenta a economia gerando empregos temporários. Para isso, dispenderá mais de RS 1 milhão na região de Passo Fundo. Enquanto aguarda pela publicação do quarto edital, o coordenador do IBGE já está avaliando novos recrutamentos para suprir a falta de contratados ou para reposição de vagas. Os interessados em atuar no Censo 2022 podem procurar o QG regional, junto ao INSS de Passo Fundo, com entrada pela Rua Coronel Chicuta. Bilhar pleiteou junto às empresas de transporte coletivo urbano o passe-livre para recenseadores. “Já obtivemos isso em outros anos e é muito importante para permitir o deslocamento aos bairros distantes”.

Gostou? Compartilhe