“Pra nós, é uma bênção, é tudo de bom”, disse Simone da Silva, de 48 anos, sobre o Centro Pós-covid de Combate à Desigualdade Educacional. Ela é avó da pequena Beatriz, de 3 anos, uma das primeiras crianças a frequentarem o espaço, que foi inaugurado pela Prefeitura no mês de maio e já realizou mais de 2 mil atendimentos.
Pioneiro no Estado, o centro recebe alunos de toda a rede municipal que tiveram perdas no processo de ensino-aprendizagem devido à pandemia e ao distanciamento social. A partir de um trabalho multidisciplinar, com profissionais da educação, da saúde e da assistência social, o objetivo é promover o desenvolvimento de todos com ganhos, sobretudo, na qualidade de vida.
A Beatriz é autista e, desde que começou a ir até o local, com o encaminhamento da EMEI Nossa Senhora das Graças, teve resultados significativos. “Descobrimos o autismo ao um ano e meio. Ela, praticamente, inaugurou o centro. Aqui, faz acompanhamento com o neurologista e em outras áreas e teve uma melhora de 100%. Ela adora vir, fica curiosa com as novidades, reconhece as salas e se sente muito bem”, contou a avó.
O Centro Pós-covid de Combate à Desigualdade Educacional conta com professores, pedagogos, assistentes sociais e profissionais de neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e enfermagem. Todas as suas salas foram feitas para acolher os estudantes encaminhados pelas escolas da rede municipal.
A coordenadora do espaço, Rochele Tondello da Silva, destaca que é esse modelo multidisciplinar que amplia a capacidade do centro em auxiliar as crianças e também o torna referência. “Tem situações que as escolas não dão conta. E são essas que vem para cá. O aluno pode entrar por qualquer especialidade e, aqui, vai migrar pelas que forem necessárias ao seu caso”, afirmou.
Para Rochele, todos os profissionais estão focados em fazer o melhor para que os estudantes que passam pelo local tenham ganhos na aprendizagem e no desenvolvimento. “O Centro Pós-covid de Combate à Desigualdade Educacional vem num momento de extrema importância para o estudante que passou por inúmeras dificuldades nesse período, onde não teve presencialmente a interação e a estimulação da escola. Neste sentido, contribui com estratégias de forma integrada e multidisciplinar, apoiando as escolas e os alunos nos processos de estimulação e aprendizagens”, pontuou.
O prefeito, Pedro Almeida, considera que a iniciativa é fundamental para criar as condições de avanços aos estudantes. “As desigualdades educacionais foram aumentadas pela pandemia, e, a partir de projetos coletivos, trabalhamos intensivamente para superar obstáculos. Aqui neste Centro, buscamos fortalecer cada vez mais a educação da nossa rede com um acolhimento integral. Ficamos felizes por ver que as famílias estão gostando dos atendimentos e percebendo os resultados no dia a dia das crianças”, avaliou.
Ainda conforme o prefeito, o espaço se tornou uma referência para o estado. “Mais de 10 municípios vieram conhecer presencialmente o centro. Alguns já possuem os serviços de forma separada e buscam entender essa nova logística que temos aqui para poder implementar. Saímos de uma estrutura tradicional para um trabalho em equipe que tem se evidenciado muito efetivo”, enfatizou,
Metodologia do centro
O secretário de Educação, Adriano Canabarro Teixeira, explica que a perspectiva do novo espaço é assegurar uma política pública educacional diante dos desafios apresentados durante e após a pandemia, visando um sistema de ensino que contemple todas as crianças e adolescentes e fortalecendo o protagonismo de Passo Fundo como uma Cidade Educadora. “Na prática, o Centro amplia significativamente o serviço oferecido pelo Centro Municipal de Atendimento ao Educando (CEMAE), aproxima os diferentes órgãos da Rede de Apoio à Escola (RAE) e potencializa o atendimento oferecido aos estudantes da Educação Especial nas salas de recursos, principalmente, os da Educação Infantil”, afirmou.
O secretário de Educação explica como é o fluxo de atendimento. “Os estudantes que apresentam dificuldades no processo de ensino e aprendizagem mesmo após passarem pelo Projeto Apoiar ou pelas Salas de Recursos são encaminhados para o Centro Pós-covid de Combate à Desigualdade Educacional, onde passam por triagem e avaliação para o melhor encaminhamento à equipe multiprofissional do próprio do centro”, enfatiza.
Os atendimentos são exclusivamente para os alunos das 72 escolas municipais, sendo 35 instituições de Ensino Fundamental e 37 de Educação Infantil. Ao todo, a rede contempla mais de 17 mil estudantes.