O coordenador do IBGE Passo Fundo, Jorge Bilhar, diz estar surpreso com a falta de interesse do público em trabalhar no censo. Diferente de outros anos, nesta edição o déficit de mão-de-obra foi além do esperado, tanto que o órgão precisou fazer dois editais complementares para conseguir chegar aos 170 recenseadores necessários para o trabalho.
A falta de profissionais atrasou todo o trabalho, que em municípios menores como Camargo, Victor Graeff e Pouso Novo, por exemplo, sequer começou. “Talvez tenhamos que fazer um trabalho presencial junto às prefeituras para buscar pessoal ou ainda levar recenseadores de municípios próximos ou até de Passo Fundo. Neste momento era para estarmos administrando as coletas e locais e ainda estamos treinando pessoas”, disse.
Novo grupo deve ir à campo a partir de segunda
Na próxima quinta-feira (08), os 72 recenseadores classificados no último edital concluem o treinamento antes da contratação oficial, que deve acontecer até a próxima segunda-feira (12), onde poderão ir à campo iniciar o trabalho na cidade. “Nossa expectativa é completar o quadro de recenseadores pois estávamos com déficit devido às desistências. Esse censo vai ficar para a história, não tem gente para trabalhar, muitas pessoas desistem”.
9% da população já foi recenseada
Mesmo com a baixa adesão e desistências, o IBGE recenseou mais de 34 mil domicílios em Passo Fundo em agosto, primeiro mês de trabalho, o que representa 9% da população. A média ficou abaixo da expectativa. “É difícil compreender que com todo esse índice de desemprego o pessoal começa e desiste ou simplesmente não comparece”, disse Bilhar.
Passe livre
O IBGE solicitou junto ao poder público municipal a possibilidade de passe livre aos recenseadores, que acabam custeando seu transporte, mas não houve efetivação. “Cada recenseador recebe uma ajuda de custo para as visitas que faz. Em alguns locais oferecemos ajuda extra como em zonas rurais, mas dentro da cidade realmente o subsídio é para o trabalho e o transporte”, explicou.
Cada recenseador tem prazo de 20 dias para concluir o serviço, trabalhando o mínimo de 25 horas por semana, numa média de 7 a 10 questionários por dia.
Reunião com entidades deve acontecer até o final de setembro
Bilhar ressaltou que até o final de setembro uma reunião será agendada com entidades da cidade como Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, administradores de condomínios, imobiliárias e representantes de órgãos jurídicos locais, com o objetivo de mostrar como é feito o trabalho do censo e ainda buscar apoio para que o trabalho possa ser efetivado com segurança. “O objetivo é evitar problemas de descaso, assédio moral e até mesmo violência verbal que foram registrados. Também queremos explicar os objetivos, como é feita a coleta de dados, como efetivamos cada questionário”, disse.
Como é feito o Censo
Coleta de dados, por meio de georreferenciamento, instrumento que padroniza a identificação dos imóveis a partir de imagens de satélite. Questionário, aberto eletronicamente, gerando uma coordenada, o que possibilita a supervisão do percurso do recenseador pelo seu coordenador.
Para que serve o Censo?
Primeiramente o Censo serve para traçar um panorama abrangente e fiel da população brasileira. Com os dados do Censo o governo tem condições de saber em quais áreas há maior déficit e necessidade de investimentos, como saúde e educação. A partir dos dados é possível fazer o levantamento do número de moradores de cada cidade, em que condições vivem, o nível de escolaridade de crianças, jovens e adultos, condições de emprego e renda, moradia, saneamento.
De acordo com o IBGE, o Censo Demográfico produz informações atualizadas e precisas, que são fundamentais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada. Além disso, uma sociedade que conhece a si mesma pode executar, com eficácia, ações imediatas e planejar com segurança o futuro.