A mobilidade e a comunicação são apenas alguns dos desafios enfrentados diariamente pelas pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista, o TEA.
Além deles, a interação, a socialização e o comportamento também são dificultados pela presença do transtorno. Para auxiliar no desenvolvimento dessa comunidade, nasce o projeto de extensão Atividades Aquáticas para Crianças e Adolescentes com TEA, vinculado ao Instituto de Saúde da Universidade de Passo Fundo (IS-UPF).
Desde 2010, professores e acadêmicos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia oferecem atendimentos para crianças de 3 a 13 anos de idade de Passo Fundo e região. Por meio do convívio e de aulas ministradas na Piscina Térmica, estudantes extensionistas e pacientes aprendem mutuamente sobre cuidado, compaixão e saúde.
O projeto busca atender individualmente cada paciente, e, por isso, divide o grupo em duas turmas, priorizando o cuidado e o aprendizado.
“Hoje precisamos garantir a segurança de 16 participantes. Para isso, cada um é atendido por um extensionista. Iniciamos as atividades e depois vamos trocando de paciente para que as crianças possam passar por diversos instrutores e conhecer várias pessoas. Com isso, já vimos a melhora de muitos deles. A maioria aqui hoje tem oralidade ou está começando a falar, mas com toda certeza o trabalho que fizemos foi essencial para esse desenvolvimento”, aponta Bona.
Idealizador da atividade, o professor conhece a história de cada uma das crianças e garante: quem faz parte do projeto, se apaixona. “A Heloísa é um exemplo, começou com medo da água e hoje atravessa a piscina nadando. A Ju antes não conseguia ‘dar pé’ e hoje é extremamente segura. É fantástico vê-los crescer assim. Queremos que eles saibam se defender em ambientes aquáticos e que consigam ter uma vida ainda melhor”, confirma.
Ensino constante
Além de auxiliar no desenvolvimento dos pacientes, o projeto também faz parte da formação completa oferecida pela Universidade de Passo Fundo, a qual reúne ensino, pesquisa, extensão e inovação.
“Para o acadêmico é fantástico participar das nossas atividades. Em algumas disciplinas eles aprendem sobre o autismo, mas nada como ver na prática e atuar junto a esse público. Eles sempre relatam que a experiência é incrível e muitos abrem clínicas especializadas na área”, diz.
Relação de amor e aprendizado
Hoje com 13 anos, Ariel Penz participa do projeto desde os 8. Por lá, aprendeu sobre contato físico com outras pessoas, desenvolveu sua fala e, claro, se divertiu muito. Sempre acompanhado da mãe Iriadina Penz, não falta uma aula.
Acompanhando-o há tantos anos, a mãe Iraldina consegue notar grandes diferenças no desenvolvimento do filho. “Começou com a psicomotricidade ampla bem pequena, mas ao longo do tempo ele vem apresentando muita melhora. Além disso, a irritabilidade dele diminuiu, a concentração melhorou, a respiração normalizou. O diagnóstico é um só, mas cada pessoa tem sua singularidade”, finaliza a técnica em enfermagem.