Três décadas dedicadas a São Miguel

Casal Elly e Egnosi Obem são alguns dos tantos voluntários que contribuíram ao longo da história para a Romaria de São Miguel se transformar na maior do Estado

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Egnosy e Elly mostram uma imagem de São Miguel a quem são devotos. (Foto: Rosângela Borges/ON)Egnosy e Elly mostram uma imagem de São Miguel a quem são devotos. (Foto: Rosângela Borges/ON)
Egnosy e Elly mostram uma imagem de São Miguel a quem são devotos. (Foto: Rosângela Borges/ON)
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Neste domingo, 25 de setembro de 2022, acontece a 151ª Romaria de São Miguel. Depois de dois anos suspensa devido à pandemia, a mais antiga peregrinação do Estado tornou-se grandiosa graças a fé e principalmente ao trabalho de voluntários, que dedicaram tempo e vontade para sua realização. 

O casal Elly e Egnosy Obem está no grupo que fez história. Moradores do bairro Boqueirão e assíduos fiéis da Paróquia São Vicente de Paulo (SVP), os dois dedicaram 30 anos de sua vida à Romaria. “Somos devotos de São Miguel e toda nossa trajetória foi dedicada a ele”, conta Elly. 

Muito mais do que participar da Romaria, que por si só já carrega emoção e religiosidade, Elly foi, por muitos anos, a organizadora da missa e da liturgia que acontecia em cima do caminhão de som, com violões e demais instrumentos. Iniciava no Boqueirão e seguia caminho até a Capela de São Miguel, onde o padre seguia com a celebração. Ela e o esposo Egnosy se dividiam nas tarefas. “Eu sempre ia junto no caminhão com os músicos. Era uma festa linda. Ao longo do percurso havia os cânticos de perdão, o Glória e os salmos. Sinto saudade daquele tempo”, confessa a devota, que escreveu uma música dedicada ao Santo. 

Antes de ter a grande estrutura atual, a festa contava com tendas que precisavam ser montadas com semanas de antecedência. Aos 15 anos, Egnosy ajudava nessa montagem e, aos 80 anos de idade, relembra a alegria que era ajudar. “Estive na equipe do seu Roberto Dalla Lana ajudando na montagem desde piá. Ajudava espetar a carne e no dia da festa atendia na copa. Todo mundo se envolvia, éramos comprometidos e felizes fazendo isso. Era lindo, emocionante”.

Ao longo de uma semana inteira dezenas de voluntários se dedicavam ao preparo de molhos para o cachorro-quente, massa para os pastéis, além de bolos e coberturas. "Era um grande movimento de toda a comunidade. Muitas famílias doavam bolos, o salão da igreja enchia. Tinha doação de brindes para os jogos, era uma grande reunião de amigos”. 

Elly disse que logo que chegava no final do trecho da celebração ela ‘saltava’ do caminhão, vestia seu jaleco e ia ministrar a hóstia. Ela foi ministra por mais de 20 anos. “Era uma festa pequena de tamanho, mas grandiosa em aconchego. Lembro de cada pessoa que esteve junto nessa época e eram pouco mais de 30 voluntários. Nunca mais esqueci o sabor do cachorro-quente. Participar desta grandiosa festa foi maravilhoso, tinha poucos voluntários, mas que trabalhavam com vontade e disposição. Para mim era pura alegria. Cada um sabia sua tarefa e a preparação já era uma festa. Tínhamos carinho um pelo outro, respeito, era um trabalho conjunto, uma simbologia de união na comunidade. Ficam as boas lembranças”, conta ela, lembrando que a simbologia continua, mas a maneira de organizar todo processo foi modernizada.  


História, religiosidade e devoção

Tradicional em Passo Fundo, a Romaria de São Miguel tem suas origens na história de dois escravos que, ainda no século XIX, voltavam da Guerra do Paraguai quando, ao chegarem às terras onde hoje fica o atual distrito do Pulador, uma pequena estatueta de São Miguel Arcanjo os impede de continuar. Inspirados pela imagem, nas terras de Bernardo Castanho Rocha, fugindo dos ares urbanos e direcionada para o povo do campo, foi construída, de pau-a-pique e com telhado de capim, uma pequena capela, que foi reformada e tombada como patrimônio cultural.

A Romaria é um símbolo de devoção. Neste dia, pessoas comparecem mesmo com chuva ou com sol forte. Fazem sua caminhada, fazem seus pedidos, suas promessas. 

A peregrinação acontece desde 1871 sendo a mais antiga do Rio Grande do Sul. Envolve o trabalho da Paróquia São Vicente de Paulo e das comunidades da área, especialmente da localidade do Pinheiro Torto, local onde está construída a Capela de São Miguel. 

São Miguel é decretado como protetor de toda a Igreja Católica. Biblicamente é considerado aquele que defende contra as injustiças, contra qualquer tipo de violência.


Programação

8h30 – Acolhida aos romeiros e início da Procissão até a Capela São Miguel

10h – Chegada da Procissão e Missa Solene na Capela São Miguel

11h – Apresentação do Grupo Alforria

12h – Almoço

14h – Bênçãos da Saúde e Objetos Religiosos (as bênçãos acontecem até às 17h)

Haverá local de venda de objetos religiosos, cucas, pastéis, doces e bebidas (somente água e refrigerante)


Serviço

Carreteiro e churrasco para o almoço. O churrasco pode ser adquirido a partir das 10h. venda de cartões antecipados na Secretaria da Paróquia São Vicente no valor de R$ 100,00/2kg. Quantidade limitada. 


Horários da Paróquia SVP 

Sexta-feira das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30 

Sábado das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 18h

Contato: (54) 3045-1654

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