Escolha da corte da melhor idade lota o CTG Lalau Miranda

Baile reuniu cerca de 1.2 mil pessoas na tarde de quarta-feira

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Antiga corte entrega a faixa para as novas 1ª Princesa, Rainha e Miss Simpatia. (Foto: Michel Sanderi) Antiga corte entrega a faixa para as novas 1ª Princesa, Rainha e Miss Simpatia. (Foto: Michel Sanderi)
Antiga corte entrega a faixa para as novas 1ª Princesa, Rainha e Miss Simpatia. (Foto: Michel Sanderi)
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Com o calor se insinuando pelas paredes de concreto do CTG Lalau Miranda, os passos ansiosos por uma valsa e uma vaneira moveram mais de 1.2 mil idosos para o Baile de Escolha da Rainha Dati/COMAI na tarde de quarta-feira (5). Entre saltos não tão altos e vestidos de renda, a corte da melhor idade entregou após três anos a faixa a sua nova rainha, escolhida entre 44 mulheres representantes de todos os Departamento de Atenção à Terceira Idade (Dati) da cidade. 


Desfile de simpatia e diversão 

Após uma pausa imposta pela pandemia, o baile tradicionalmente realizado a cada dois anos voltou a movimentar a terceira idade passo-fundense e trouxe o encerramento de uma semana dedicada aos idosos. Entre os 44 Datis espalhados por Passo Fundo, os bairros foram representados por uma rainha escolhida para percorrer o salão exibindo requisitos como beleza, elegância, simpatia e carisma. 

Com ingressos distribuídos previamente a todos os grupos, a venda fugiu do controle e, a partir das 14h, início do evento, o CTG se encontrava lotado de amigos, familiares e colegas de Dati, que vibravam e soavam apitos quando a candidata do seu bairro era chamada: nome completo, idade, filhos, netos e bisnetos, além de uma frase que a definia. “Cheguei chegando. Não abaixo a cabeça para ninguém”, disse pelo microfone o anfitrião da festa ao cantar a entrada de mais uma rainha de bairro.

Depois de se enfileirarem no entorno da pista do Lalau Miranda, todas as candidatas aguardaram o veredicto dos juízes, que chegou depois da primeira valsa da tarde com seus pares e o início do baile. 

Baile movimentou a tarde de quarta-feira (5). (Foto: Michel Sanderi)


“Eu quero me divertir” 

Com uma bandinha, litrões de cerveja e pastéis circulando por todo o salão, Romilda da Rosa, de 79 anos, batia o pé na madeira, junto ao ritmo da música. “Gosto de sair, de dançar, adoro me dar com as pessoas. Apesar da idade, eu estou aí”, contou ela. Segunda vez rainha do bairro São José I, para ela o dia estava sendo uma festa, sem nervosismo ou ansiedade. “Eu estou carregando uma felicidade porque é o carinho de todo mundo”. Tendo atuado por 30 anos como costureira, hoje suas mãos permitem somente alguns reparos, mas que não a impediram de preparar o traje para a tarde. “Quem arrumou meu vestido fui eu, tudo. Trabalhei 30 anos, me aposentei. Mas é a nossa cabeça, temos que cuidar dela”, relatou Dona Romilda. 

Sem a preocupação com penteados e maquiagens elaboradas, Iracema, de 68 anos, e Maurícia, de 63 anos, tinham como principal objetivo voltar para casa com os pés cansados. “Estou feliz e curiosa para saber quem vai ganhar a outra faixa. Estou aqui para ganhar e perder, me divertir, dançar, participar. Isso já é uma grande coisa”, contou Maurícia, que concorreu pela segunda vez pelo bairro Independente. “Eu não me preparei muito, foi tudo assim meio rápido, mas tudo bem feito e estou com uma sensação muito boa”, comemorou Iracema.

Diferente delas, Cassilda Camargo, de 68 anos, começou a se preparar já na terça-feira, um dia antes do baile, indo ao salão retocar as mechas do cabelo e arrumar as unhas. Algumas horas antes do evento, um penteado e uma bela maquiagem eram preparados para fazer companhia ao vestido verde de pedraria que vestia. “Fiquei nervosa, nunca, nunca, tinha desfilado. Mas eu quero me divertir. Viver”, expressou animada a aposentada.

Do outro lado do salão, descansando após duas músicas, Maria Helena Moretti, de 85 anos, se divertia ao relatar que estava viajando quando o convite para ser rainha pelo seu bairro chegou. “Essa foi a primeira vez. Gostei de desfilar, apesar de eu ser tímida, deu tudo certo”. Escolhendo entre os vestidos guardados no armário, Maria pediu ajuda de uma vizinha para a maquiagem e trouxe enlaçada consigo seu par, parceiro também de Dati. “Eu faço ginástica com o pessoal e é uma amizade. A maior coisa é a amizade. Por isso eu estou bem aqui e estava dançando”, contou.

Mais de 1.200 idosos preencheram de energia a pista de dança do CTG Lalau Miranda. (Foto: Isabel Gewehr/ON)


“O idoso que nós temos que ser”

Quando já passavam das 16h, o resultado veio. A nova Rainha, Zila Casanova do Amarante, vestida de azul recebia de Terezinha Soares, a Rainha de 2019, a faixa. “Meu Deus, eu não sonhava, não esperava. Sabe quando eu resolvi vir? Na sexta-feira me ligaram”, relatou ela. “Zila, tu tem que ir!”, riu a aposentada. Representando o coral da Vila Fátima, a Rainha Dati/COMAI 2022 sempre esteve presente nos eventos, seja com a voz ou passos de dança. “Eu amo ver gente, me divertir. Adoro viver. Adoro o sentimento de leveza. Sempre estive ativa aqui”.

Com um abraço na faixa de rainha por três anos, Terezinha conta que está feliz de passá-la para outra pessoa, porque todas merecem viver esse momento.”E o Dati é tudo de bom. Lá tu arruma amigos, amizades, lá tu se distrai, dança, você canta. Lá, você é você. O idoso que nós temos que ser”, refletiu. 

O Departamento de Atenção à terceira idade (Dati) conta com mais de 50 grupos, nos bairros e no interior, envolvendo 3,2 mil idosos.

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