O que iniciou como um projeto implementado pelo ex-servidor Isair Abrão e pelo agente socioeducador Anderson Vieira, há três anos, no Centro de Atendimento Socioeducativo para Menores Infratores (Case) em Passo Fundo logo se expandiu para as demais unidades de internação e semiliberdade no Rio Grande do Sul funcionando como uma ferramenta de estímulo ao raciocínio lógico e integração entre os adolescentes.
Através dos torneios periódicos de xadrez, cuja terceira edição foi realizada neste ano no município, que é considerado o berço do jogo de tabuleiro de estratégia nos centros gaúchos de reabilitação para menos infratores, 17 adolescentes da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) participaram da atividade na última semana representando treze unidades gaúchas que acolhem os menores que cometeram algum tipo de transgressão. “Dentro do processo de ressocialização, além do que é focado em educação e funcionalização, a unidade tem 17 projetos e oficinas que são os projetos nas mais variadas áreas, como esporte, cultura e lazer”, explicou o diretor do Case de Passo Fundo, Alair Humberto Lago, em entrevista ao O Nacional na terça-feira (25).
Apesar do caráter competitivo, o xadrez é adotado ao longo de todo o processo de reestruturação do senso de valores sociais, crenças e normas aos 34 jovens internos em Passo Fundo para que possam retornar ao convívio comunitário. “Proporciona ao adolescente inúmeras atividades mentais, concentração, raciocínio e lógica. Além do pensamento aprofundado que ajuda no desenvolvimento”, ressaltou Lago.
Estímulo intelectual
Por isso, durante a internação dos menores infratores, as peças brancas e negras são uma companhia constante, sobretudo em momentos de recreação e lazer. “Toda estratégia que tem no jogo também ajuda na formação de uma pessoa, do adolescente, na escolarização, em a gente entender as nossas táticas de como lidar com as nossas vidas, saber que tenho que ir à frente ou recuar”, destacou o presidente da Fase, José Antônio Matos Reus, através de um comunicado de imprensa.
Nesta terceira edição do torneio entre os centros de atendimento socioeducativos, o título foi conquistado por um adolescente do Case Poa II/POA, seguido por um jovem da Comunidade Socioeducativa (CSE)/POA, e por um pertencente ao Case Regional de Passo Fundo. “O xadrez é esporte, arte e é ciência. Ele representa todos os fatores que buscamos na socioeducação no caráter pedagógico, então acho que não poderíamos comemorar toda essa construção e o trabalho de cada um que não fosse com um campeonato”, destacou a juíza de Direito da Vara de Infância e Juventude de Passo Fundo, Lisiane Marques Pires Sasso.