Pane em motores deixou metade dos passo-funsenses sem água na véspera do Natal

Corsan precisou trazer equipamento de Torres para garantir abastecimento

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Em janeiro de 2022, Barragem da Fazenda da Brigada estava 1,30 m abaixo do nível máximo. (Foto: Luciano Breitkreitz/Arquivo)Em janeiro de 2022, Barragem da Fazenda da Brigada estava 1,30 m abaixo do nível máximo. (Foto: Luciano Breitkreitz/Arquivo)
Em janeiro de 2022, Barragem da Fazenda da Brigada estava 1,30 m abaixo do nível máximo. (Foto: Luciano Breitkreitz/Arquivo)
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Às vésperas do Natal, mais de 50% da população de Passo Fundo ficou sem o abastecimento de água por cerca de 24 horas devido a uma pane elétrica nos dois motores que transferem a água da Barragem da Fazenda da Brigada. Apesar da montagem e instalação de um novo motor no final da tarde de sábado (24), o superintendente regional da Corsan, Aldomir Santi, esclarece que tanto a tubulação quanto os reservatórios estavam secos e, por isso, a recuperação do abastecimento foi gradativa e atingiu primeiro as regiões mais baixas da cidade. 


Um Natal sem água 

Foi às 22h da sexta-feira (23) que o motor principal responsável pela transferência da água da Barragem da Fazenda começou a apresentar problemas e queimou. De forma remota, os funcionários que estavam de plantão acionaram o motor reserva, no entanto, logo em seguida ele sofreu uma pane elétrica e também acabou queimando. “Sem poder produzir água do manancial da Fazenda da Brigada, isso comprometeu o abastecimento de cerca de 50% da população. Os principais bairros foram São Cristóvão, Vila Luiza, São Luiz Gonzaga, Leonardo Ilha, Petrópolis e Vila Rodrigues”, explica Aldomir Santi, acrescentando que as equipes trabalharam a noite toda na tentativa de consertar um dos motores, entretanto, se faz necessário rebobinar ambos.

A partir disso, ainda na madrugada, a Corsan localizou um motor no município de Torres, que atendia a capacidade e potência necessária para o sistema de abastecimento de Passo Fundo. O motor chegou à cidade somente às 16h30 do sábado (24) e depois da montagem e instalação, voltou a bombear água e restabelecer o sistema só a partir das 18h30. “Como estava tudo seco, tanto as tubulações, como os reservatórios, a recuperação foi de forma gradativa. As regiões mais altas, como nas localidades de Coronel Massot e Vila Mattos, foram os pontos mais distantes que receberam a água por último”, menciona o superintendente regional da Corsan. 

Até às 22h do sábado (24) muitas casas ainda se mantinham sem água e no domingo de Natal, às 12h, residências sentiam a oscilação da água devido a falta de pressão, mesmo com o abastecimento já tendo sido retomado.


Reforma

Os dois motores queimados foram encaminhados para Porto Alegre para a reforma, com a estimativa de ficarem prontos até a quinta-feira (29). O motor principal deve ser novamente instalado, o que mantém um motor operando e outros dois de reserva, com o cedido por Torres à disposição de Passo Fundo até que a situação se normalize por completo. “Essa foi uma situação atípica, mas que por serem equipamentos eletromecânicos pode ocorrer, dando alguma pane e queimando. Mas ainda não sabemos a causa específica. Agora, na recuperação deles, é que se pode identificar”, esclarece Aldomir Santi. 


Transposição do Rio Jacuí 

Somada à falta de água, as barragens de Passo Fundo começam a sentir de maneira lenta os efeitos de mais uma estiagem que se aproxima. Se encaminhando para o sexto mês com chuvas abaixo da média histórica, até a segunda-feira (26) a Barragem do Arroio Miranda estava 30 cm abaixo do nível máximo, enquanto a da Fazendo da Brigada estava com 1,20 m de déficit. 

Buscando estabilizar os níveis de água e prevenir o racionamento no início do ano, desde o dia 22 de dezembro a Corsan realiza a transposição de água do Rio Jacuí para a Barragem da Fazenda da Brigada. “Neste ano a situação está um pouco menos crítica. Em 2021 iniciamos a transposição do Rio Jacuí bem mais cedo, em novembro, mas não sabemos até onde o La Niña e essa estiagem podem ir, então estamos nos antecipando para evitar maiores problemas”, afirma o superintendente regional da Corsan. 

Caso não chova volumes significativos nos próximos 10 a 15 dias, a Corsan também deve iniciar a transposição de água do Lago da Pedreira para a barragem do Arroio Miranda. O ideal é que a barragem esteja de 50 a 70 cm abaixo do nível máximo para que a operação seja iniciada. “Não queremos deixar um caos, mesmo que a gente esteja mais confortável do que o ano passado, os meses de janeiro a março tem a previsão de uma estiagem ainda crítica, então não queremos uma situação mais crítica ainda para Passo Fundo”, alerta Aldomir. 

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