Bioquímico de Passo Fundo conquista o Monte Aconcágua

Luiz Felipe Borges superou temperaturas negativas, altitude e esforço físico chegando no cume da montanha mais alta das Américas

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Foto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo Pessoal
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Já sonhou em subir no cume da montanha mais alta das Américas? O desafio vai muito além de enfrentar temperaturas negativas, ambiente adverso e diversas horas de caminhada. É preciso estar preparado psicologicamente, ter o espírito de aventura e o sonho como um projeto pessoal.

Morando há mais de 20 anos em Passo Fundo, o bioquímico Luiz Felipe Borges, trabalha em um laboratório, é pai de um menino chamado Ernesto e tem no DNA a aventura e a estrada como uma parte importante de sua vida. Já viajou para diversos locais do Brasil e fora dele com sua motocicleta, mas um dos principais desafios da sua vida, foi alcançado no mês passado quando conquistou o cume do Monte Aconcágua (6.962 m), considerada a montanha mais alta das Américas. “Este foi um projeto pessoal, fui em voo solo até Mendoza de moto, percorri durante alguns dias a região a fim de começar meu processo de aclimatação à altitude como também de conhecer um pouco mais a região, pois sempre que passamos aí sempre foi de modo rápido, usando a cidade como ponto de pernoite. Fiquei alguns dias em Uspallata, andando de moto por lugares novos e escalando pequenas montanhas antes de partir definitivamente para o Aconcágua”, conta.

Borges conta que a subida começou no dia 14 de janeiro, levando 12 dias para chegar ao cume da montanha. “Fui subindo lentamente, acampando e descansando apenas 2 dias neste período, tudo parte do processo de aclimatação para chegar sem problemas aos 6.960,8 m de altitude, altura do cume. A descida levou apenas 2 dias, mas no total foram 14 dias na montanha, cheguei ao cume dia 25 de janeiro”, disse.

Dificuldades

Borges conta que as temperaturas negativas principalmente à noite foi uma das grandes dificuldades. “As temperaturas, durante à noite, chegaram aos -18°C. Água para tomar ou era de degelo de algum glaciar ou precisávamos derreter neve para obtê-la. Para teres uma ideia da dificuldade, no dia que entramos no Parque Provincial Aconcágua, já haviam mais de 1 mil ingressos e apenas 40 pessoas haviam feito o cume. Dia 4 de fevereiro fiquei ciente de outra estatística informada por guias, que até esta data, menos de 100 pessoas haviam logrado chegar ao ponto mais alto”, conta.

Aconcágua significa na linguagem indígena “Sentinela da Pedra”. A montanha é também considerada a mais alta fora da Ásia, localizada em Mendoza na Argentina, com uma paisagem paradisíaca é um dos principais destinos de aventureiros. Contudo, a subida até o cume traz muitos perigos. “Até hoje já morreram quatro pessoas nesta temporada, três por mal agudo da montanha”, pontua Felipe.

Cuturneiros

Borges integra um grupo de motociclistas que fazem da estrada uma aventura, já tendo visitado diversos locais. “O grupo foi oficializado em agosto de 2002 durante um churrasco de confraternização após algumas incursões de moto pelas estradas secundárias da região de Santa Maria, cidade Natal dos integrantes. Não se trata de um motogrupo nos moldes tradicionais e sim num grupo de amigos que gosta de viajar de moto”, conta.

Além de Felipe, integram o grupo o bancário aposentado, Sergio Borges de Porto Alegre; o engenheiro civil, Charles Balbinott de Erechim; e o professor universitário, Júlio Jacques Jr, que mora em Barcelona. As viagens são realizadas durante o período de férias dos integrantes. “O nome do grupo surgiu pelo fato de que todos usavam coturnos militares para a proteção. A grafia ficou errada, mas nunca mais mudamos. Já rodamos a Argentina, o Chile e o Uruguai de ponta a ponta. Também já viajamos pelo Peru, Bolívia, uma pequena incursão no Paraguai, Espanha, Portugal e Marrocos e ainda ficou muita coisa para trás”, conta.

Entre os pontos turísticos conhecidos pelo grupo está a Patagônia chilena e argentina, Terra do Fogo, Ushuaia, Bariloche, Salta, Cafayate, Salar de Uyuni, Cordilheira dos Andes, Deserto do Atacama, Carretera Austral, Ruta 40, Deserto do Sahara, entre outros.

Aventura

Felipe Borges conta que a última viagem em grupo contemplou o norte da Argentina e o salar de Uyuni na Bolívia. “Sobre a viagem especial, acredito que a primeira, rodamos pelo litoral até Porto Seguro. Acredito que pelo fato de abrir nossos horizontes para as grandes viagens, nos fez perceber que as distâncias já não eram tão grandes como pensávamos”, disse.

Estrada Sem Fim

Felipe lançou um livro chamado de “Estrada Sem Fim”, contando um pouco das aventuras, ele conta que começou a escrever para relatar as histórias para a família e amigos. “Comecei a escrever em nosso site, na forma de um diário, nossa rotina durante as viagens. Posteriormente, com a finalidade de dar mais informações sobre os roteiros e trâmites a futuros viajantes, fui adicionando mais informações pertinentes a cada viagem. Certo dia o amigo Charles Balbinott, que estava lendo no site, me falou ‘você já viu que tem um livro aí?’. Nasceu! Fiz apenas 350 exemplares e vendi todos”, pontua.

Borges conta ainda que já está trabalhando na produção de mais uma obra, sobre a escalada ao Monte Aconcágua. “Já tenho também quatro viagens prontas e está no forno a escalada ao Aconcágua. Sempre tentando desmistificar as aventuras, tentando incentivar a outros viajantes que façam o mesmo, que sempre podemos”, finalizou.

 Para saber mais sobre as viagens do grupo acesse o site www.cuturneiros.com e o Instagram @cuturneiros


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