Mais informação, menos preconceito. Esse é o tema da campanha nacional sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que tem como data principal 02 de abril: Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O Centro Regional de Referência em TEA – CRR APAE de Passo Fundo, chama atenção para a necessidade de a sociedade conhecer o tema. Só assim será possível reduzir e até mesmo acabar com os preconceitos que impactam a vida das pessoas com TEA.
Conforme a coordenadora do CRR APAE de Passo Fundo, a psicopedagoga Regina Ampese, ainda existem muitos mitos e inverdades sobre o autismo. “Também há muito preconceito. As pessoas têm dificuldade de compreender o que é o TEA. Como o próprio nome diz é um espectro, então tem uma possibilidade muito ampla de características. As pessoas são diferentes uma das outras mesmo estando dentro do espectro, isso quer dizer que não encontramos um caso igual ao outro e isso gera muitas dúvidas na população, inclusive não só a discriminação, mas também os questionamentos sobre a validade desse diagnóstico”, destaca. A psicopedagoga ressalta que esses questionamentos, muitas vezes, acabam dificultando a própria aceitação do diagnóstico do TEA.
O autismo não é uma doença, mas sim um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. O TEA não tem cura, mas o encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio educacional o mais cedo possível, pode levar a melhores resultados a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.
Uma pesquisa recente, do Centro de Controle de Doenças nos Estados Unidos, sobre a prevalência de autismo em crianças de oito anos no país, aponta que uma em cada 36 tem autismo. No Brasil ainda não há dados fidedignos com relação à população com TEA, mas o Rio Grande do Sul já avança com dados nesse sentido, através do programa TEAcolhe. Em um ano de atuação, o CRR APAE de Passo Fundo, que integra o programa estadual, identificou, junto às equipes dos 28 municípios de sua abrangência, 603 casos com diagnóstico de autismo na Região de Saúde 17 – Planalto. “O Centro Regional também vem em prol desta causa, de podermos mapear o território, identificar os casos, verificar se essa população está tendo acesso a atendimentos e se os seus direitos estão garantidos”, explica. Regina frisa que outro dado importante é com relação à Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). Por meio dela, o governo do Estado consegue ter uma base do número de autistas em cada região. “Em razão disso, estamos sempre incentivando as famílias a procurarem o CRR para o encaminhamento delas. Quando iniciamos os trabalhos em abril de 2022, a Região de Saúde 17 contava com 44 CIPTEAs, hoje são 300, dessas 211 estão em Passo Fundo”, ressalta.