Censo 2022: População de Passo Fundo cresceu acima da média do RS e do país

Com 206.224 mil habitantes, município é o 10º mais populoso do estado

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Foto: Luiz Carlos Schneider/ON Foto: Luiz Carlos Schneider/ON
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou na quarta-feira (28), parte dos dados populacionais coletados durante o Censo 2022. A contagem começou no dia 1º de agosto de 2022 e deveria durar três meses, porém, a pesquisa sofreu com atrasos, causado especialmente pela recusa da população em responder o questionário, e até notícias falsas em meio ao período eleitoral.

Os dados divulgados são relacionados especificamente ao número de habitantes por município e também o número de domicílios. Dados mais detalhados sobre o perfil da população devem ser divulgados nos próximos dias, após análise das tabelas.

Segundo o coordenador regional do IBGE em Passo Fundo, Jorge Benhur Bilhar, os dados apresentados corroboram o que pode ser visualizado no cotidiano de quem mora em Passo Fundo, que é o grande crescimento da cidade, acima da média estadual e nacional. “Podemos ver pela grande quantidade de bairros novos surgindo, e o grande número de prédios, onde antes havia uma casa, agora há dezenas apartamentos”, comenta ele.

 

Crescimento

O número de habitantes em Passo Fundo durante o Censo 2010 era de 184.826 pessoas. No Censo 2022 saltou para 206.224, um aumento de 11,58%. Para Bilhar o dado é muito significativo, pois fica acima da média do Brasil e do Rio Grande do Sul. “O aumento foi de 21.398 pessoas. Nesse período, o município cresceu 1% ao ano”, comenta ele.

 

Domicílios

Outro dado importante mostra a quantidade de novos domicílios em Passo Fundo, neste aspecto, a cidade cresceu em torno de 55%. Em 2010 Passo Fundo tinha 61.744 domicílios permanentes. Na atualização dos dados no Censo 2022, subiu para 95.659 domicílios.

“Isso pode ser constatado visualmente, é preciso destacar a importância da indústria da construção civil e o crescimento da própria população em Passo Fundo, colocando Passo Fundo como a maior cidade da região Norte do Estado”, diz ele.

 

Importância do Censo

Bilhar disse que o papel o IBGE neste processo é levantar o dados, para que sejam planejadas novas políticas públicas, e também na tomada de decisões do setor privado. “Os números mostram o desafio do setor público em atender a demanda crescente, tanto na área da educação, saúde, da assistência social, e mesmo na questão de mobilidade urbana”, diz Bilhar. Além disso, o setor privado, com base nestes dados, pode projetar seus investimentos atendendo a demanda de uma cidade que tem uma população em expansão.

Ele lembra que há setores de destaque na cidade, e que impulsionam esse crescimento “Hoje nós temos em torno de 15 instituições de ensino superior, três faculdades de medicina, e uma área de serviço muito importante”, comentou. Ressalta ainda a existência de um fenômeno que deverá ser explicado mais tarde, quando mais dados forem divulgados, que é um esvaziamento das grandes áreas metropolitanas, mas as causas podem ser afirmadas com certeza neste momento. “Ainda será necessário analisar mais dados do questionário para ver que modelo está se formando”, comentou.

Na leitura dos dados, Bilhar afirma que Passo Fundo não tem mais uma grande dependência de grandes cidades, como Porto Alegre. Ele lembra que há um aeroporto suprindo a demanda regional, fator decisivo, segundo ele, para atrair novos empreendimentos. Outro dado relevante está na oferta de vagas no ensino superior. Além disso, a cidade é uma referência nacional em saúde, e também concentra diversos serviços e órgãos federais, tornando-se referência em todo o norte do estado.

 

Investimentos privados

A indústria da construção civil teve um papel importante neste crescimento, pois enfrentou pandemia, e manteve os grandes empreendimentos. “Nenhuma construtora está construindo aqui na aventura. Eles estão construindo porque há procura e demanda para todas classe sociais”, disse ele.

Além disso, Bilhar lembrou que a cidade promove grandes eventos, e se destaca no turismo, na educação, desde a pré-escola até o doutorado, e isso atrai as pessoas. “Nas cidades pequenas os filhos saem para estudar e retornam para a cidade somente em situações específicas, como uma família que tem uma propriedade rural e o filho se forma em algo ligado a agricultura. Mas em Passo Fundo acontece o oposto, pois recebe essas pessoas, e quem faz doutorado, por exemplo, não retorna para uma pequena cidade”, diz ele. 

 

Mais de duas mil pessoas se recusaram a responder o questionário

Passo Fundo, assim como o Rio Grande do Sul, conseguiu atingir a meta de 95% dos domicílios recenseados. “Conseguimos atingir nossa meta. Mas mesmo assim, na cidade, 2.580 pessoas se recusaram a responder o Censo”, enfatizou. Entre os principais problemas que isso acarreta, é que esses dados são utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas, e acabam, muitas vezes, não atendendo na totalidade essa demanda, porque uma parcela da população se recusou a participar. “Até mesmo empresas quando vêm se instalar buscam o IBGE para ter um perfil da cidade, para saber quais são as suas demandas e as potencialidades”, comentou ele.

 

Domicílios vagos

Outro fator que precisou ser considerado na pesquisa é o número alto de domicílios vagos, disponíveis para aluguel ou venda. “Há, por exemplo, apartamento prontos, mas que ainda não estão habitados, pois estão na fase de comercialização ou de finalização”, disse ele. Passo Fundo tem em torno de 13 mil domicílios considerados vagos, ou de uso ocasional, que são, por exemplo aqueles usados por estudantes, que não ocupam o imóvel por 12 meses consecutivos. “São pessoas que vêm passar alguns dias em Passo Fundo e voltam no final de semana para suas cidades”, esclarece.

O Censo costuma ser realizado a cada 10 anos. A versão atual estava prevista para 2020, mas foi adiada pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

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