No próximo sábado, 22 de julho, deve ocorrer uma assembleia da Associação dos Venezuelanos para encerramento das atividades. O presidente da Associação, Daniel Martinez, conta que a associação nasceu com o intuito de ajudar outros venezuelanos que chegavam à cidade com orientações sobre emprego, documentação, doações de alimentos e roupas. Mas para, além disso, era importante a participação de todos. “Começamos a nos organizar, temos uma página oficial, recebemos doações e fomos entregando as famílias roupas, comidas, móveis brinquedos, porém o pessoal foi se distanciado, acabou que o grupo que estava comigo já migrou do Brasil e fiquei basicamente sozinho, então vamos encerrar as atividades, porque entendemos que há projetos da prefeitura, do Balcão do Migrante que ajudam quem chegar”, explicou.
Devido ao trabalho e aos estudos o tempo para que Daniel se dedique a Associação está cada vez mais limitado e como não tem ocorrido a participação mais efetiva de outros membros, se definiu pelo fechamento da Associação. “ O grupo no WhatsApp está mantido e continuaremos a divulgar vagas de emprego e demais ações. Quero fazer um curso superior, então vou ter cada vez menos tempo e por isso vamos fazer essa última assembleia encerrando as atividades da associação”, finalizou.
Assistência Social dá suporte aos imigrantes
De acordo com a secretária adjunta de Cidadania e Assistência Social de Passo Fundo, Elenir Chapuis, os imigrantes chegam ao país, na maioria das vezes, por crises humanitárias, envolvendo situações econômicas, políticas, sociais e conflituosas, buscando segurança e oportunidades de trabalho. “Como assistência social, recebemos os imigrantes através dos serviços ofertados, como Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), alguns casos pelo Serviço especializado para Pessoa em Situação de Rua, (Centro Pop), e em algumas vezes na Casa de Passagem, dependendo da situação de cada caso e da avaliação técnica”, disse.
De acordo com Elenir, o CRAS é a porta de entrada da assistência social quando a equipe técnica avalia a situação e qual demanda se apresenta, para que sejam realizados os encaminhamentos, como orientações, benefício eventual de alimentos e acesso ao Cadastro Único. “Neste caso o imigrante, vem com alguma referência familiar ou de amizade, e busca a inserção na rede socioassistencial, a fim de organizar-se no município”, disse.
Segundo Elenir, desde janeiro até maio deste ano, foram atendidos no Centro Pop, 48 imigrantes. “Os países são diversos, havendo uma predominância de imigrantes venezuelanos. A assistência social, atende dentro das especificidades dos serviços existentes, garantindo as mesmas garantias sociais previstas no Cadastro Único, após a inserção, mediante os critérios estabelecidos para os beneficiários”, finalizou.
Passo Fundo como lar
Mudar de vida, seguir um rumo diferente nem sempre é uma escolha fácil, requer dedicação, fé e coragem. É com muita força e com o objetivo de ter uma vida melhor que milhares de pessoas migram de seus países de origem. Desde 2019 o Brasil vem recebendo uma intensa imigração são homens, mulheres e crianças vindos principalmente do país vizinho, a Venezuela e algumas famílias chegaram à região tornando Passo Fundo o seu lar.
O venezuelano, Daniel Martinez de 31 anos era bombeiro com formação em instrumentista industrial na Venezuela e hoje atua como técnico de enfermagem no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), além de ser professor de espanhol na Rockfeller Escola de Línguas. Daniel conta que entrou no país em 2018 e que se preparou para a imigração, chegando em Passo Fundo em outubro de 2019. “Estava buscando um trabalho e me ofereceram para trabalhar como voluntário cadastrando pessoas para levar para fora do estado de Roraima, cadastrei umas 50 pessoas, muitas ficaram em Curitiba e em São Paulo, no Rio Grande do Sul foi pouquinho e no final eu encaminhei meu cadastro para a Cáritas Diocesana de Roraima e pedi que se houvesse uma vaga em alguma parte do Brasil, que me avisasse. Aí a Pastoral de Passo Fundo iniciou um projeto que visava acolher no começo 20 venezuelanos, 10 vieram para Passo Fundo e 10 em Gentil e foi assim que vim parar aqui”, diz.
Martinez conta que não sabia nada sobre Passo Fundo, mas que o acolhimento da cidade foi muito bom. “ Desde o momento que chegamos estavam todos os irmãos da diocese, estava os padres e basicamente forneceram as condições para vivermos por aproximadamente três meses e corri atrás. Bem no começo de 2020 começou a pandemia, procurei serviço no HSVP e como não consegui revalidar meu título entrei na área de serviços gerais e posteriormente iniciei o curso de técnico de enfermagem”, conta.
Atualmente Martinez trabalha como técnico de Enfermagem na UTI do HSVP e também como professor. “Me sinto muito feliz aqui, se soubesse que ia dar tão certo, teria saído do país bem antes, gosto de morar em Passo Fundo é uma cidade com tudo que uma pessoa precisa para viver, tem faculdades, hospitais, uma infraestrutura bastante boa. Agora estou pensando em fazer um curso superior, estou escolhendo entre algumas profissões e fazendo um orçamento já que não tenho absolutamente nada somente com o que eu trabalho no dia a dia”, afirma.