O despacho de um caixão fúnebre para Passo Fundo esbarrou em negativas e aumentou o sofrimento dos familiares. No último dia 29 de agosto, uma senhora tentou enviar de avião o corpo de sua mãe, que morreu naquela data em Taubaté, no Vale do Paraíba em São Paulo. A proposta era despachar o esquife via aérea para Passo Fundo, “para agilizar, ganhar tempo e permitir a presença dos parentes”, explica um dos integrantes da família. Porém, o que seria um procedimento simples encontrou obstáculos e causou muitos transtornos. Os agentes funerários contratados disseram que não seria possível o envio para Passo Fundo. Então, no dia 30, o caixão foi despachado para Porto Alegre. “Pensávamos que, a partir de São Paulo, seriam no máximo duas horas e o esquife estaria em Passo Fundo. Mas levou mais de 14 horas”, conta. Se o caixão viesse direto para Passo Fundo iria em carro fúnebre do aeroporto ao Memorial Vera Cruz. Porém, como foi despachado para Porto Alegre, exigiu o traslado via rodoviária para Passo Fundo.
Haveria restrições
O familiar que deu início ao trâmite, na Funerária Sagrada Família, conta que “eles falaram que não tinham certeza se seria até a cidade (Passo Fundo) ou Porto Alegre. Passaram horários e até escolhemos os que seriam melhores, pois queríamos que fosse o mais rápido possível”. Marcos Cardoso, da Funerária Sagrada Família, diz que obteve a informação de que “aquele aeroporto não pode operar esse tipo de carga (esquife)”. Porém, no trâmite entre a funerária e as empresas aéreas atuou a Global Transportes Fúnebres, de Itaquaquecetuba-SP, na condição de escritório de despacho. O funcionário que intermediou o processo, José Ademir da Silva, recebeu a informação de que “não levam esquife a Passo Fundo, no aeroporto não desce esquife”, contou.
Infraero
Até há pouco tempo, muitos esquifes foram desembarcados ou embarcados no Aeroporto Lauro Kortz. Os arquivos de O Nacional registram traslados de corpos de pessoas famosas ou muito conhecidas. O transporte era feito através das empresas Rio Sul, Varig e Avianca, além de aeronaves particulares ou de táxi-aéreo. Agora, a administração do aeroporto está entregue à Infraero. Conseguimos falar apenas com um funcionário de Passo Fundo que, seguindo normas da estatal, nos orientou a contatar com a assessoria da empresa. Por e-mail, indagamos se o Aeroporto Lauro Kortz estaria em condições de receber esquifes e se haveria algum tipo de restrição às empresas para o procedimento. A resposta da assessoria de imprensa da Infraero não diz se há ou não restrições: “Para essas informações orientamos contato com as companhias que operam no Aeroporto de Passo Fundo, Gol, Latam e Azul. Atenciosamente, Assessoria de Imprensa Infraero.” A Infraero passou a bola para as empresas com voos regulares em Passo Fundo e, também através de suas assessorias, elas nos forneceram três situações bem distintas.
Azul
Em sua resposta, a Azul devolve a bola para a Infraero. “A Azul informa que realiza o transporte de esquifes, por meio da sua unidade de logística, a Azul Cargo, líder no segmento, que transporta as mais variadas cargas, desde produtos adquiridos no e-commerce até remédios supersensíveis. Porém, no caso do aeroporto da cidade de Passo Fundo (RS), no momento ainda não é possível o transporte de esquifes para o município, já que está em fase de homologação com a Infraero”. (As cargas também são transportadas em voos comerciais, nos porões das aeronaves).
Gol
A assessoria da Gol respondeu que “os transportes são realizados por meio da GOLLOG. É possível realizar o transporte para todos os aeroportos operados pela GOL e que possuem unidade GOLLOG mediante reserva”. E no caso de Passo Fundo? “Sim, é possível realizar esse transporte em Passo Fundo, mas por se tratar de transportes extremamente delicados será necessária a realização de reserva antecipada para que nossa operação esteja programada”. Sobre possíveis restrições, a manifestação da Gol diz que “as restrições de transporte podem ocorrer por normas da ANVISA e ou Polícia local, vale ressaltar que em casos de morte por doenças infectocontagiosas o embarque não será autorizado.”
LATAM
Também consultamos a LATAM, cuja empresa de assessoria à imprensa também nos enviou uma resposta. “A LATAM informa que sua operação em Passo Fundo (RS) é dedicada exclusivamente ao transporte de passageiros, sem operação cargueira”.