Acontece nesta quarta-feira (18), o lançamento de um selo comemorativo, além de uma sessão solene na Câmara de Vereadores, em alusão aos 40 anos do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, o GESP.
A organização não governamental foi formada por meio de uma associação de ideias de um grupo de jovens no final dos anos de 1970, que discutiam os movimentos sociais contra questões como energia nuclear, armamentismo e a utilização inadequada dos recursos naturais.
O diretor da entidade, Paulo Fernando Cornelio, destaca que o grupo iniciou suas atividade ainda em 1979, porém, foi em 1983 que se decidiu pela formalização do GESP. O dia 21 de setembro, Dia da Árvore, foi a data escolhida para simbolizar o nascimento da entidade. Em Passo Fundo, o GESP não é pioneiro na discussão ambiental, pois essas questões começam no início da década de 1970, com a Sociedade Botânica de Passo Fundo, porém, ela foi a primeira a ter uma atuação com foco político (não partidário).
Caminhos de luta
Outro diretor da entidade, Mário Vernes, destaca que há 40 anos o tema da ecologia era bastante difícil, porque a lógica que permeava era a do progresso, independente da perspectiva natural e ambiental. Como se os recursos pudessem ser usados pelo homem de uma forma indiscriminada, sem nenhum equilíbrio. “Temos uma perspectiva política, não partidária, no sentido de defender a boa relação da sociedade com o meio ambiente”, esclareceu.
Para ele, essa visão de um antropocentrismo destruiu o meio ambiente, ela causa a miséria e as guerras, que tem uma influência em um desequilíbrio ambiental. “Alguns governos e algumas pessoas já perceberam que foi a ação do homem que fez com que as coisas chegassem neste estágio, mas também é a ação do homem que vai minimizar o que já foi feito”, disse ele. Mário enfatiza que problemas relacionados à questões climáticas, por exemplo, são irreversíveis, e a luta neste momento é para que a situação não se agrave mais.
Por buscar um equilíbrio, a entidade já atuou em diferentes pautas sociais como, na campanha das Diretas Já, na Constituinte, e na Lei Orgânica, em diversas cidades da região.
Futuro
Paulo diz que a entidade incentiva o Fórum da Agenda 21, que foi o resultado da Rio 92. Ela tem o objetivo de trabalhar com todos os atores da sociedade, seja comércio, indústria, poder público, movimentos sociais, no sentido de discutir quais são as condições para melhorar a qualidade de vida da população. “No passado nós tínhamos uma presença mais nacional, mas nos últimos anos estamos trabalhando mais local: Agir localmente para mudar globalmente”, disse ele.
Mário explica que neste momento a entidade integra as discussões envolvendo os povos originários, que tem alguns atritos com outros setores da sociedade. Ele destaca que essas pessoas são consideradas “invisíveis” para sociedade. “É como se não tivessem a mesma humanidade e os mesmos direitos. Esse é um desafio muito importante para nós”, destacou.
Os diretores lembram que a sociedade recebe muito bem os imigrantes alemães, italianos, judeus, e todas as outras comunidades internacionais, mas não respeita quem estava aqui, o que muitas vezes resultou na dizimação de comunidades locais.
Foto: Divulgação/ON