Durante décadas Passo Fundo se consolidou como um ponto de parada para os turistas argentinos que deixavam o seu país rumo ao litoral brasileiro. Há 15 anos, a rede hoteleira da cidade atingiu o melhor momento atendendo este público, pois chegou a ter 100% de sua lotação com turistas daquele país. Porém, nos últimos 10 anos, a situação começou a mudar gradualmente, até que no período da pandemia a queda foi mais forte, e deste então o setor hoteleiro da cidade está recebendo um número praticamente irrisório de turistas argentinos.
Impacto econômico
Leo Starhan Duro, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares de Passo Fundo, explica que tradicionalmente este período vem sendo marcado por prejuízos para este setor, pois na virada dos meses de dezembro e janeiro a cidade não recebe o chamado “turismo de negócios”, como representantes comerciais. Os custos de final de ano geralmente eram pagos com a chegada dos argentinos, que movimentavam quantias suficientes para o pagamento do 13º salário dos funcionários, além de contas como água, luz e manutenção da empresa.
Porém, com a ausência destes turistas, o setor está se readaptando. As férias, que geralmente eram escalonadas durante o ano, foram concedidas agora, deixando os hotéis com um número mínimo de funcionários. “Há 10 ou 15 anos chegava ao ponto dos hotéis contratarem mais pessoas nesta época do ano, e se falava mais espanhol do que português nos hotéis da cidade”, diz ele.
A previsão para este ano já era de baixo movimento, pois as reservas das famílias que viajavam começavam a ser feitas em novembro. Entretanto, neste verão, as poucas reservas que foram feitas, acabaram sendo canceladas nos últimos dias.
Fatores que impactam negativamente
Leo destaca dois fatores que impactam diretamente na falta de turistas argentinos em Passo Fundo. O primeiro deles é a situação econômica daquele país, que fez com que menos turistas viajassem para o Brasil. O segundo fator está ligado à mudança ao planejamento das viagens. “Antigamente as famílias viajavam de carro, porém, há alguns anos aconteceu um aumento nos índices de criminalidade, e isso também ocasionou uma mudança na forma de viajar. Atualmente os turistas estão viajando de ônibus. Juntam-se 10 famílias e fretam um ônibus, já levam o farnel com tudo que precisam na viagem, e acabam economizando o dinheiro da parada em Passo Fundo”, disse Léo.
Essa mudança na foram de viajar (sem parada), foi bastante perceptível no ano passado, quando alguns turistas pararam na cidade sem ter reservas. “Muitos argentinos acabaram parando em Passo Fundo porque não aguentavam a longa viagem, ou seja, inicialmente planejavam seguir direto, revezando os motoristas, mas por cansaço optaram em parar aqui”, disse ele.
Mais agilidade na cobrança de multas
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, até o momento, o final de dezembro foi de poucos veículos argentinos passando pelas rodovias da região. O Chefe da 8ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Passo Fundo, Rodrigo Calegari, explica que tem se tornado característico para este período do ano, já que o aumento do fluxo de veículos argentinos se verificava sempre depois do Natal, o que não ocorreu até agora.
Ele também infoformou que, a partir deste ano haverá uma alteração na fiscalização e cobrança de multas de veículos estrangeiros, que passará a acontecer com mais agilidade. Serão instalados totens para pagamentos de multas. O aparelho permitirá que o estrangeiro consulte e pague as multas do seu veículo com cartão de crédito.
Sem os totens, a cobrança dependia exclusivamente da rede bancária ou de casas lotéricas, com o pagamento em dinheiro, o que atrasa, e dependendo do horário e do local, impedia a cobrança.
A região de Passo Fundo terá um destes totens de cobrança, porém como a instalação é feita por uma empresa de fora da cidade, ainda não há previsão para instalação do equipamento.
Foto: Arquivo/ON