Os ponteiros do relógio da Catedral Nossa Senhora Aparecida estão parados e, antes, os sinos foram silenciados. Enquanto isso, nos bastidores do templo da Arquidiocese Metropolitana de Passo Fundo, é articulada uma reforma completa da igreja símbolo da cidade. E a obra não é pouca coisa, pois ficará atrelada ao tamanho e à importância do prédio. “Na Catedral tudo é superlativo a começar pelas suas dimensões”, destacou o padre Ari Antônio dos Reis, pároco da Catedral. A prospecção da articulação da reforma também é um superlativo. “Os vitrais são antigos, estão deteriorados e necessitam de uma restauração. Ainda são necessários alguns ajustes arquitetônicos”. Pintura interna e externa, conserto do relógio e manutenção dos sinos fazem parte desse pacote também imenso.
Diálogo com a cidade
“A Catedral tem uma beleza ímpar. Diferente de outros lugares, a igreja dialoga com a cidade. É símbolo, a Catedral, a cuia... É necessário manter essa estrutura espetacular em arte sacra”, disse padre Ari para definir a interação deste monumento com a comunidade. “Estamos na fase do projeto, através da arquiteta Maria Inês Bolson Lunardini, com escritório em Porto Alegre. Na semana que vem ela estará em Passo Fundo para definir mais alguns detalhes. Acredito que em fevereiro já teremos esse projeto”, disse o pároco. Na sequência haverá uma etapa dedicada à captação de recursos e, enfim, o início da execução das obras ainda sem uma data definida.
O relógio parado e os sinos abafados
As torres da Catedral, no ponto mais elevado da área urbana de Passo Fundo, simbolizam o centro da cidade. Quem passa nas imediações da Praça Marechal Floriano dá uma espiada entre as suas torres para conferir o horário. Sim, o relógio é parte importante na ligação do símbolo com a cidade. Os bem afinados sinos indicam as missas e marcam as horas: uma badalada 15 minutos, duas badaladas meia hora, três 45 minutos e quatro hora cheia, seguidas pelo número equivalente a hora. Os sinos foram silenciados e proibidos das 22 às 07 horas. A motivação é ambiental, mesmo que outros geradores de ruídos como veículos, clubes, baladas e fogos propiciem barulho bem maior. “Usamos forração acústica e até desligamos os sinos em respeito à comunidade”, explicou Padre Ari.
Relógio desligado
Sinos e relógio estão atrelados e funcionam em conjunto. A máquina do relógio fica no lado direito do segundo andar, com enormes pesos e engrenagens. O carrilhão fica acima. “São quatro sinos com tonalidades diferentes. O menor pesa 250 Kg”. Há seis meses o relógio não funciona. O constante desacoplamento dos sinos acabou desregulando o equipamento. “Para não estragar, acabamos desligando”, disse o pároco. E consertar a enorme máquina não é nenhuma barbada. “Que agente saiba, somente um senhor de Marques de Souza mexe neste relógio”. Porém, também em grandes dimensões, agora o projeto é maior. “O objetivo é encontrar um relojoeiro que ajuste o relógio e desconecte-o dos sinos”. A proposta, explicou o padre, integra o grande projeto de reforma da Catedral. Por enquanto ainda sem hora certa. Mas logo estarão de volta as vibrações em quatro tons dos sinos para nos orientar. E dialogar com a cidade.
Paróquia, Diocese e Arquidiocese Metropolitana
O lançamento da pedra fundamental da Catedral ocorreu em 29 de abril de 1935. Uma obra imensa, um espaço enorme na paisagem da cidade para reverenciar o maior templo de uma grande região. O prédio foi erguido para abrigar a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, criada em janeiro de 1950. Porém, em 22 de julho de 1951, ali foi instalada a Diocese de Passo Fundo tendo como primeiro bispo Dom Cláudio Colling. Icônico, respeitado, polêmico e empreendedor, por 31 anos ele dirigiu a Igreja Católica em imensa área do Norte gaúcho. Da sua atuação resultaram marcas sólidas no desenvolvimento socioeconômico de Passo Fundo e região, com ênfase à educação e saúde. A partir de 2013, a imensa casa foi elevada à condição de Catedral Metropolitana da Arquidiocese de Passo Fundo. Ali está a cadeira ocupada pelo arcebispo Dom Rodolfo Weber, tendo como sufragâneas as dioceses de Erechim, Vacaria e Frederico Westphalen.
