Um alívio para os moradores e um grande passo para a resolução de um problema que há muito tempo vem sendo enfrentado. A Rumo Logística de Transporte Ferroviario, detentora da concessão na área pertencente à União, iniciou as obras de recuperação do talude localizado entre a Rua Vicente Perez e o beco da Rua Manoel Portela, no Bairro Petrópolis. As casas que ficam próximo ao barranco que faz divisa com a área da ferrovia tiveram que ser interditadas devido ao risco de desmoronamento.
De acordo com a empresa Rumo, visando a segurança da população, foram realizadas, em janeiro deste ano, as ações de reintegração de posse na região. “O processo foi conduzido em conjunto com o Poder Público, Executivo e Judiciário, bem como pela Brigada Militar e Defesa Civil”, disse em nota.
Após a ação de reintegração de posse, as equipes deram início ao trabalho que tem previsão de durar aproximadamente seis meses.
De acordo com o advogado Júlio César Pacheco, que representa uma das famílias de moradores, a expectativa é de que a empresa cumpra com as decisões judiciais. “O que posso dizer é que a Rumo na verdade está com as obras atrasadas, existem decisões, liminares do ano passado determinando que ela faça a obra de recuperação do talude a fim de evitar danos ao patrimônio das pessoas e as vidas das famílias envolvidas e as obras estão atrasadas. Esperamos que de forma rápida a Rumo resolva a questão, concluindo as obras, porque esse é um problema que ocorre há muitos anos, tanto é que vários moradores ingressaram na justiça há muito tempo”, pontua.
Moradores acompanham com expectativa as obras
A servidora pública, Cláudia Guerra, conta que morava na parte de cima do barranco, na Rua Vicente Peres e que teve sua casa interditada tendo que se mudar para outro local com o marido e seus dois filhos devido aos riscos. “Residia com meu marido e meus dois filhos, um de 1 ano e outro de 5 anos, nós compramos a casa em 2021 ficamos morando quatro meses e caiu a barrando. Ali começa o nosso processo de Prefeitura, Defesa Civil e na Rumo. Até que no início do ano passado a gente procurou um advogado, porque vimos que administrativamente era um empurra-empurra e ninguém se comprometia. A minha moradia foi construída há 40 anos, então tem uma certa solidez, mas para nós é bem difícil “, conta.
Cláudia conta que mora em um apartamento alugado, mas que visita diariamente a casa, pois os cachorros ficaram no local. “Estou morando em um apartamento menor, tenho filhos pequenos, então a gente não tem pátio, não pude fazer a festinha do meu filho ali, tive que fazer na minha irmã, então a gente tem esses atrapalhos. A gente vai de manhã solta dois cachorros que são pequenos e estão dentro de casa e tem um cachorro grande no pátio, a gente não tinha como colocar no apartamento os bichos, então vamos duas vezes ao dia para soltar os pequenos, dar comida, água. É um trabalho redobrado, mas entendemos que isso é temporário”, diz.
Cláudia contou que os moradores aguardam com expectativa o início das obras e que a expectativa é que ela seja concluída logo para que possam retornar ao lar. “A gente estava com angústia porque fizemos a nossa parte, saímos e demorou para ver as máquinas trabalharem. Para mim bem sincera, agora que eles estão arrumando é um alívio, não sei se vai ficar bom, mas pelo menos é uma esperança porque até então estávamos bem desesperançosos, investimos capital, fizemos financiamento, contraímos uma dívida para comprar a nossa casa. É um investimento que fizemos nas nossas finanças e não pudemos aproveitar, esperamos logo possamos deixar isso para trás e retomar a nossa vida, pois era nosso sonho que era ter uma casa, vendemos o apartamento para comprar ela”, finaliza.
Laudo técnico apontou a desocupação de outros três imóveis
Um Laudo Pericial de Vistoria foi entregue à justiça no dia 19 de fevereiro, sendo realizado para atender a determinação do Juízo, a fim de apurar as medidas para avaliação do risco confirmando a urgência para a adoção das medidas para preservação da segurança de todas as pessoas que ocupam ou transitam pela área, sobre a ação de manutenção/reintegração de posse, que tramita na 2ª Vara Federal de Passo Fundo.
No documento o engenheiro civil Francisco Carlos Gomes Luzzardi ressaltou que algumas edificações interditadas localizadas na Rua Vicente Peres, no topo do talude, em função do deslizamento de terras, devido às alterações ocorridas na massa de solo, apresentam fissuras, trincas, rachaduras e ruínas, especialmente, nos muros divisórios e pavimentações. O profissional destacou ainda que todo o sistema de drenagem pluvial da Rua Vicente Peres escoa para o referido talude.
No documento, o engenheiro alertou para a urgência na desocupação e remoção de três imóveis remanescentes, que ainda permaneciam dentro do perímetro da área de risco para novos deslizamentos. “No entanto, alertamos para a urgência na desocupação e remoção dos três imóveis remanescentes, que ainda permanecem dentro do perímetro da área de risco para novos deslizamentos, que poderão causar a destruição de casas e edifícios que ainda estão tanto nas áreas de encosta quanto abaixo delas, deixando pessoas desabrigadas, feridas e/ou mortas, assim como para que seja possível a criação do canteiro de obras para execução do projeto de estabilização da encosta, conforme projeto proposto pela parte Autora”, pontuou no documento.