A situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul tem exigido um esforço extra das diretorias dos hospitais para a manutenção dos atendimentos, sobretudo, em função do impacto das enchentes no sistema viário. Com centenas de interrupções em estradas desde a última semana, o fornecimento de suprimentos às instituições hospitalares é dificultado. Em Passo Fundo, os hospitais têm mantido constante contato com os fornecedores, para garantir a entrega de insumos essenciais, como oxigênio, e há restrições temporárias impostas para cirurgias eletivas em, ao menos, uma unidade.
Ao seguir posição do Gabinete de Crise da Secretaria Estadual da Saúde, em 3 de maio, o Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo (HSVP) suspendeu as cirurgias eletivas (os casos possíveis de postergação e que não acarretam em agravamento das condições apresentadas pelos pacientes). Ainda assim, as cirurgias de urgência e de pacientes internados estão mantidas. A publicação da secretaria estadual considera as dificuldades de locomoção de pacientes e profissionais de saúde e de atendimento nos próprios hospitais.
Essa suspensão, informou o HSVP, foi uma medida adotada como precaução, ao avaliar a possibilidade de falta de insumos utilizados na rotina hospitalar, com base nas dificuldades logísticas atuais que afetam todo o estado. A condição volta a ser avaliada na próxima quinta-feira (09), quando o retorno ou não das cirurgias eletivas será discutido.
No Hospital Beneficente Dr. César Santos - principal equipamento de saúde da Prefeitura - não registrou-se até o momento nenhuma “intercorrência grave”, conforme relatou o diretor-geral, Luís Schneiders, apesar de uma preocupação inicial. Considerando a realidade do estado, a instituição pública tem mantido contato constante com os fornecedores, que buscaram novas rotas para as entregas de insumos, como, por exemplo, oxigênio. “Nessa terça, tive novamente reunião com eles, e garantiram o fornecimento normal e no cronograma correto. Obviamente, em alguns casos estão fracionando o insumo para poder chegar um pouco para cada hospital, mas no nosso caso está a 100%. A questão do oxigênio está estabelecida, será entregue nas quantidades combinadas”, detalhou, ao complementar que não há falta de outros insumos, e que um rígido controle interno é adotado para evitar desperdício. “Não tivemos problema relacionado à manutenção dos serviços em decorrência das enchentes”, reiterou.
Da mesma forma, o Hospital de Clínicas informou que, até o momento, os atendimentos e estoques seguem normalizados. “As equipes do HCPF estão trabalhando para manter a logística de entrega de materiais e medicamentos para que a demanda continue sendo atendida”, informou a instituição, por meio da assessoria de imprensa.
IPE pede que segurados limitem ida a hospitais
Citando a situação de calamidade registrada em grande parte do Rio Grande do Sul, O IPE - que é o Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado - solicitou que os segurados “limitem suas visitas” aos hospitais e serviços credenciados ao IPE Saúde exclusivamente para casos de urgência e emergência, ou para tratamentos contínuos essenciais, como hemodiálise, radioterapia e tratamentos oncológicos.
Conforme listou, aproximadamente 120 hospitais estão inoperantes devido aos danos causados pelas intensas chuvas. “Portanto, antes de se dirigir aos serviços habituais, procure certificar-se das condições de atendimento vigentes e quais serviços permanecem disponíveis. Esclarecemos que eventuais restrições de atendimento decorrem exclusivamente das condições estruturais dos serviços, da disponibilidade de equipe médica e de enfermagem, ou da falta de insumos, medicamentos e recursos necessários para a prestação de cuidados adequados”, informa, em nota oficial.
Perícias e atendimentos presenciais poderão ser reagendados posteriormente.
HSVP recebe pacientes de cidade atingida pelas enchentes
O Hospital São Vicente de Paulo recebeu quatro pacientes do município de Anta Gorda para Hemodiálise, que estão sendo atendidos desde o dia 2 de maio.
A instituição informou que, no momento, não se tem informações sobre a vinda de novos pacientes, mas, caso existam novas transferências, estará à disposição para auxiliar no que for possível.
Recursos a hospitais de cidades atingidas
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) autorizou o repasse excepcional de R$ 9,45 milhões para custeio de ações e serviços de saúde nos hospitais atingidos pelas enchentes e nos que estão fornecendo serviços e atendimentos de retaguarda às vítimas do desastre.
Foram elencados na portaria hospitais atingidos em Encantado, Estrela, Putinga, Roca Sales, Rolante, Santa Maria, Sinimbu e Três Coroas. Somados, eles receberão R$ 5,45 milhões, sendo R$ 750 mil para os totalmente interditados e R$ 500 mil para os parcialmente interditados. Outros 20 hospitais que estão prestando serviços assistenciais de retaguarda, espalhados em 19 cidades, receberão R$ 4 milhões, sendo R$ 200 mil para cada.