Em diferentes âmbitos são os impactos causados pelas chuvas no Rio Grande do Sul e para a agricultura não é diferente. Nas regiões em que ocorreram as maiores incidências de chuvas, o retrato é desolador, com perdas nas lavouras e de animais. Em Passo Fundo, mesmo a cidade sendo menos atingida, os impactos das chuvas e das estradas destruídas também se refletem no município.
De acordo com a agricultora e moradora da Comunidade de São Valentim, interior de Passo Fundo, Isabete Ficanha Badaloti, sua produção de hortaliças vem sendo afetada. “Trabalho com estufa hidropônica e também com produção de verduras em campo aberto. Já temos impacto e daqui a pouco vai ter mais porque a gente não tá conseguindo plantar, não tá conseguindo ajeitar os canteiros”, contou.
Conforme Isabete, a produção da estufa hidropônica precisa de sol para que as hortaliças cresçam e como a maioria dos dias com tempo mais fechado, prejudica a produção. “Faço entrega quatro vezes por semana em restaurantes e fruteiras, mas como a produção está ruim, vou diminuir um dia porque não tem condições, além disso as estradas estão ruins então tudo impacta”, disse.
Outro agricultor, Juraci Estrela, conta que tem buscado comercializar ovos e bolachas, pois tem tido dificuldade com a produção de hortaliças. “Na nossa região a produção de verduras em campo aberto foi um desastre, trouxe hoje um pouquinho de salsa para vender, mas normalmente produzo alface, rabanete, rúcula, só que com a chuva não tenho verdura agora para vender”, disse.
O presidente da Feira do Produtor de Passo Fundo, Mércio Michel comenta, que todos têm tido muitas dificuldades. “Foi praticamente todo o estado prejudicado, nós tivemos menos prejuízo porque não tivemos alagamentos e destruição como vimos em outros municípios, estamos produzindo com baixa qualidade, em pequena quantidade também, mas ainda temos conseguido produzir alimentos”, disse.
Sobre o transporte de alimentos, Mércio lembra que mesmo as estradas que não estão bloqueadas, oferecem riscos pelas dificuldades no caminho, destacando que a região não é produtora de muitas especialidades. “A nossa região não é produtora de fruta, com isso elas vêm de outros municípios e estados, o que prejudica ainda mais, sabendo que quanto mais umidade, menos durabilidade tem esse produto na prateleira a disposição do consumidor. Na parte de verdura certamente vai ser uma qualidade inferior, além disso quanto menos alimento você consegue produzir, maior é a procura e o preço aumenta, então tudo está relacionado”, pontua.
90% da safra da soja já foi colhida na região
De acordo com o gerente regional da Emater RS-ASCAR região de Passo Fundo, D'Artagnan Vecchi, nos 42 municípios que compreendem a área de atuação e de abrangência do escritório regional, as lavouras de soja que representam 647.800 hectares implantados no ano de 2023 para a safra 2023-2024 e encontram na fase de 90% de área colhida e 10% na condição de maduro por colher. “Os produtores pararam com as operações de colheita a partir no fim do mês de abril e início do mês de maio devido ao excesso de chuvas ocorridos na região que ultrapassaram os 290 mm. Então agora com o cessar os produtores retomam as operações de colheita e estão trabalhando para a retirada do grão que está pronto para colher”, disse.
Ainda segundo Vecchi, sobre a qualidade e quantidades a serem colhidas nesse restante de 10% que estão sendo colhidas, só será possível quantificar e qualificar esse grão a partir do término da colheita. “A Emater continua realizando os levantamentos relacionados aos excessos de chuvas ocorridos no final do mês de abril e início do mês de maio”, finalizou.