Nos EUA, irmãs passo-fundenses organizam coleta de donativos

Renata e Gabriele iniciaram campanha para arrecadar valores em espécie, roupas e produtos de higiene, nos estados da Carolina do Norte e do Colorado

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Divulgação/Arquivo Pessoal Divulgação/Arquivo Pessoal
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Desde as primeiras notícias sobre a destruição causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, uma corrente de solidariedade se espalhou pelo estado, tomou conta do Brasil e ultrapassou fronteiras. Cargas de mantimentos, enviadas dos mais diferentes lugares, chegam diariamente ao estado e são distribuídas nas regiões atingidas pela maior catástrofe ambiental registrada no país, responsável pela morte de 159 pessoas até o momento. Morando nos Estados Unidos, duas irmãs passo-fundenses não ficaram indiferentes ao drama dos gaúchos e, mesmo de muito longe, decidiram ajudar.

Moradora da cidade de Holly Springs, na Carolina do Norte, Renata Roesler de Mello, 39 anos, transformou a garagem de sua residência em central de recebimento de doações. Ela resolveu tomar frente na campanha, ao saber sobre a grande mobilização que estava acontecendo na Flórida. Além de ser o estado de maior concentração de brasileiros, a empresa aérea Azul incentivou as ações se disponibilizando em transportar as doações, da cidade de Orlando para o Brasil, gratuitamente.

Natural de Passo Fundo, Renata está radicada nos Estados Unidos há 10 anos, junto com o marido, Marcelo Moreira de Mello. Assim que as notícias sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul se espalharam pelo mundo, ela começou a receber ligações e mensagens de amigos em busca de informações sobre a situação de seus familiares no Brasil.

 “Felizmente a minha cidade não chegou a ser atingida, mas a destruição foi muito grande em outros lugares, como Porto Alegre, onde morei na Zona Sul, região alagada. De início foi um sentimento de incapacidade, de não poder ajudar junto com os voluntários, mas percebi que podia contribuir de alguma forma, mesmo estando longe. Primeiro abri um pix e recebi doações em dinheiro de amigos. Depois resolvi coletar doações e divulguei nas redes sociais”, conta.

O dinheiro arrecadado, cerca de R$ 3,5 mil, foi repassado para amigos residentes em Passo Fundo que estão atuando na linha de frente nas cidades mais atingidas. Os donativos também não demoraram para chegar. As primeiras doações ficaram por conta de vizinhos do condomínio onde mora, mas logo a rede de solidariedade se ramificou e ganhou centenas de colaboradores.

O resultado está no volume de sacolas, que já ocupa boa parte da garagem da residência. O casal tem dedicado o turno da noite, quando os três filhos pequenos estão dormindo, para realizar o trabalho de triagem. As peças de roupas são separadas para homens, mulheres e também por tamanho, infantil e adulto. Há ainda calçados, roupas de cama, fraldas e produtos de higiene.

Todo o material será cuidadosamente encaixotado e levado hoje (17) para a Carolina do Sul em um trailer alugado por Marcelo. No estado vizinho, se somará aos donativos recebidos por Morgana, uma nordestina que Renata conheceu pelas redes sociais justamente por coordenar ações de coleta.

“Ela é proprietária de uma loja de móveis, tem um grande depósito, então fizemos essa parceria. De lá, os donativos serão levados à Flórida e transportados para o Brasil pela Azul”, explica.


No outro lado do país

Distante aproximadamente 2,6 mil quilômetros da Carolina do Norte está a cidade de Parker, no estado do Colorado. Lá mora Gabriele Roesler, 32 anos, irmã de Renata. Por iniciativa própria, Gabi, como é chamada pelos amigos, também decidiu abrir um pix solidário para auxiliar as vítimas das enchentes no RS. Os valores arrecadados, cerca de R$ 5,3 mil, estão sendo repassados para diferentes grupos que atuam nas cidades de Roca Sales, Porto Alegre e outros municípios atingidos.

Além do auxílio financeiro, Gabi se voluntariou para organizar pontos de coletas de donativos e realizar a triagem das doações.

“Tem uma menina aqui, chamada Jaqueline, que tomou a frente das doações no Colorado. Então eu a amiga Kelly nos juntamos a ela. Estamos recebendo doações novas e usadas, é preciso fazer toda a separação, encaixotar e etiquetar. A montagem nos pallets de madeira precisa respeitar a altura. Levaremos pelo menos mais uma semana para organizar todo o volume. Estamos fazendo uma parceria com uma transportadora para levar a carga até a Flórida. O trabalho é grande, mas recompensa saber que estamos ajudando de alguma forma as pessoas que perderam tudo nas enchentes no Rio Grande do Sul”, conta Gabi.  


Azul centraliza operações nos Estados Unidos em Orlando e Fort Lauderdale

Nos Estados Unidos, a Azul Linhas Aéreas opera nos aeroportos de Orlando e Fort Lauderdale. Um grande volume de doações naquele país foi direcionado para essas duas bases da empresa. O material é dimensionado, de acordo com peso e volume, e transportado nos porões de carga dos Airbus A330 que fazem os voos regulares para Viracopos no Brasil. A partir dali o material é encaminhado para Canoas em aviões Embraer 195 e ATR-72.


Recebimento suspenso temporariamente

Momentaneamente, o recebimento nas lojas da empresa está suspenso. Conforme nota, “a Azul já recebeu mais de 1.650 toneladas de donativos. “Felizmente, a mobilização da população foi surpreendente e muitos aeroportos não possuem mais espaço de armazenamento. Por isso, estamos suspendendo o recebimento de doações nos mais de 500 pontos de coleta em todo o Brasil. A Azul está concentrando esforços e trabalhando intensamente no transporte de todos os donativos para o Rio Grande do Sul”, informou a assessoria de comunicação. A campanha prossegue com recebimento de doações em espécie sem valor mínimo: Banco Itaú, Ag. 0910, C/C 0099704-8, Associação Voar, CNPJ 35094152/0001-85.

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