Setenta anos de pesquisa e preservação da memória passo-fundense

O Instituto Histórico de Passo Fundo é o mais antigo em funcionamento no Rio Grande do Sul

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O mais antigo instituto histórico em atividade no RS - Fotos – LC Schneider-ONO mais antigo instituto histórico em atividade no RS - Fotos – LC Schneider-ON
O mais antigo instituto histórico em atividade no RS - Fotos – LC Schneider-ON
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 Tal qual um quebra-cabeças, a história necessita reunir as peças para sua consolidação. São fragmentos das nossas lembranças guardadas na memória, nos jornais, documentos, fotografias, filmes ou em áudio. Essa é a importante missão cumprida pelo Instituto histórico de Passo Fundo, que, em 1954, assumiu a grande responsabilidade de ser o guardião da nossa história. Uma constante luta contra o tempo, vácuos das intempéries políticas ou mesmo as marcas físicas da ignorância que arranhou pedaços do passado. A pesquisa e a preservação são as armas nesta luta que, hoje, tem como ideal desfragmentar o ontem para que também seja conhecido amanhã. Este ano, o Instituto Histórico de Passo Fundo relembra seus próprios fragmentos para comemorar 70 anos fazendo história pela história.

O início

A história do IHPF começa no borbulhar dos anos 1950, os “Anos Dourados”, quando a urbanização e a industrialização davam o tom para a sociedade em meio às crises políticas. A comunidade passo-fundense não ficou de fora e também formou novas instituições. A concepção inicial foi a formação do Centro de Estudos Históricos Pró-Centenário de Passo Fundo, idealizado pelo jornalista Jorge Edeth Cafruni, redator de O Nacional. Logo, em 15 de abril de 1954, foi fundado o IHPF presidido por Reissoly José dos Santos, secretário Jorge Edeth Cafruni e tesoureiro Daniel Dipp. Os primeiros integrantes foram Mauro Machado, Deoclides Czamasnki, Ney Vaz da Silva, Píndaro Annes, Raul Lima Lângaro, Gomercindo dos Reis, Sabino Santos, Emílio da Silva Quadros, Arthur Sussembach, reverendo Sady Machado da Silva, Wolmar Antônio Salton, Paulo Giongo e Mário Daniel Hoppe.

Resistência pela memória

A história dos jornais resgatada

Logo, o IHPF tornou-se polo de acervos como documentos, livros, objetos etc. Porém, como ocorre na maioria das instituições voluntárias, o Instituto Histórico também teve momentos em que a chama quase apagou. Mas não faltaram sopros para o soerguer. A partir de 1966 ficou inativo por um período. Então, em 1970, Jorge Cafruni reuniu Alberi Falkembach Ribeiro, Múcio de Castro e Antônio Donin para definir o futuro do Instituto. Tiveram o apoio de Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, Delma Rosendo Ghem e Antônio Carlos Machado para a reestruturação. Nova dormência em 1975 e retomada em 1982. Mais um hiato e, em 2007, o IHPF foi reestruturado pela iniciativa de Pedro Ari Veríssimo da Fonseca. O acervo do IHPF ficou sob guarda do Arquivo Histórico Regional, em convênio com a UPF. Na gestão Veríssimo da Fonseca a entidade deu um salto, com ingresso de novos integrantes e ampliação do acervo.

Em 2013 o historiador Fernando Borgmann Severo de Miranda assumiu a presidência, dando sequência a fase contemporânea. Um período de crescimento, sede própria e uma nova conexão com a comunidade. Em 2023 assumiu Djiovan Vinícius Carvalho, Doutor em História, que comanda o Instituto no ano em que comemora seus 70 anos. Fernando Miranda é o vice, Paulo Magnabosco, Fabiana Beltrami e Caroline Moraes completam a atual diretoria.

 Em casa própria, nossa história vive uma nova história

 Em 2017, o IHPF deixou de perambular entre as instalações de outras entidades. Enfim, um lar próprio para esparramar o baú da história passo-fundense. “O Dr. Veríssimo deu um novo ânimo, trouxe novas pessoas”, destaca Fernando Miranda. E foi no embalo desse clima que ele articulou e batalhou pela sede. “Graças a magnanimidade do casal Celina e Carlos Madalosso temos esse imóvel através de um comodato prorrogável (vitalício)”. A sede está localizada na subida da Teixeira Soares entre a Moron e a Brasil e leva o nome de “Dr. Carlos e Celina Madalosso”.

Ampliador de fotografias

Nova fase

“A sede propiciou novas frentes com a comunidade. O acervo fica à disposição e isso dá uma credibilidade maior, resultando em novas doações de acervos”, disse Miranda. Fabi Beltrami destaca que a sede também facilita as novas atividades propostas pelo Instituto. Destaque para os encontros com convidados para relatar as suas lembranças, ampliando o acervo de informações que constituem a história passo-fundense. Livros, jornais, documentos, rádios, máquinas fotográficas, discos, fitas e muito mais fazem parte do acervo. E, com o orgulho de voluntária, enalteceu que “é a instituição de guarda e preservação histórica mais antiga do município de Passo Fundo”. Mas não é apenas isso. O IHPF é a o mais antigo de todos os institutos históricos em funcionamento no Interior do Rio Grande do Sul. Como na música de Teixeirinha, de fato, é mais um orgulho em ser passo-fundense.

Trabalho

Fotos sobre a mesa: identificação de personagens

Em visita ao Instituto Histórico de Passo Fundo constatamos que o trabalho não para. O presidente Djiovan estava em viagem, era início da chuvarada e ficara preso em uma estrada. No IHPF o trabalho é uma história sem fim. Luvas de látex nas mãos para Fernando, Fabi e Alex Vanin que se debruçavam sobre uma longa mesa com fotografias. A missão: identificar os indivíduos de cada foto. As informações ampliam conhecimentos. O físico orienta o que já foi ou será digitalizado do acervo. Não importa o formato, vale a informação. E informação é o conhecimento. Um trabalho tipo formiguinha que ganha forma para contar como vivíamos. Essa é a melhor história sobre a nossa história.

Festa cancelada

A enchente trágica que atingiu o Rio Grande do Sul levou os dirigentes do IHPF a cancelar a programação alusiva aos 70 anos da entidade. As comemorações, inicialmente, seriam realizadas em 07 de maio. Tiveram uma transferência de data para 18 de maio e, agora, ficam transferidas para o segundo semestre. O Instituto Histórico de Passo Fundo ainda não definiu datas ou a nova programação alusiva aos seus 70 anos.


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