Analfabetismo em Passo Fundo cai e é menor do que no estado e no país

Cerca de 97% da população passo-fundense é alfabetizada, conforme o último Censo do IBGE

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Mais de quatro mil moradores de Passo Fundo ainda são considerados analfabetos. O dado integra o último levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao Censo Demográfico 2022. Apesar de representar um quantitativo significativo, a cidade tem índices mais positivos do que o país, e também está à frente do próprio Rio Grande do Sul, e avançou nesse quesito em relação ao censo anterior.

No município, das 167.921 pessoas com 15 anos ou acima, precisamente 4.123 pessoas não eram alfabetizadas no período analisado, representando 2,46% do total (ou seja, 97,54 eram alfabetizadas). No Censo de 2010, eram 5.211 pessoas que integravam esse quadro. O Rio Grande do Sul tem média de 3,11%, e no país, por sua vez, chega aos 7%.

A Secretaria Municipal de Educação associa o índice menor em Passo Fundo a investimentos e políticas públicas voltadas à erradicação do analfabetismo na região. Conforme o secretário Adriano Teixeira, e a secretária adjunta, Angelita Scottá, dentre as ações, há a Rede de Apoio à Escola (RAE), que realiza um trabalho de busca ativa, “com a presença de vários órgãos públicos, como a Secretaria Municipal de Educação, a 7ª Coordenadoria Regional de Educação, as Secretarias Municipais de Saúde e de Cidadania e Assistência Social e o Conselho Municipal de Educação”, informaram. Além disso, dizem, são desenvolvidas ações nas escolas para garantir a permanência dos estudantes.

Para melhorar os índices atuais, conforme os secretários, a SME realiza avaliações diagnósticas duas vezes por ano, a fim de monitorar o desempenho dos alunos no início e no final do ano letivo. Com base nos dados da primeira avaliação, as escolas desenvolvem um plano de ação para ajudar os professores a abordarem as lacunas identificadas ao longo do ano, visando um progresso significativo na segunda avaliação. Citam, ainda, o programa Apoiar, que objetiva o aprimoramento de competências e habilidades desenvolvidas em sala de aula, e o programa de formação "Tecendo Processos" para os professores envolvidos na alfabetização. “Desde 2023, a Secretaria participa do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, aderindo ao programa Alfabetiza Tchê no Rio Grande do Sul. Os professores estão recebendo formações que foram integradas ao programa ‘Tecendo Processos’ e os alunos do 2º ano estão sendo avaliados com um teste de fluência de leitura através de um aplicativo do governo estadual. Além disso, os alunos estão recebendo material didático específico para a alfabetização, desenvolvido por professores do estado”.

Taxa maior entre os idosos

Em Passo Fundo, no entanto, assim como no restante do Brasil, o número maior de pessoas que não sabem ler e escrever está concentrado no grupo de 65 anos ou mais. No município,  eram 1883 pessoas entre 65 e 74 anos de idade. A essas, soma-se outras 981 pessoas com 75 anos ou mais e 597 com 80 anos de idade ou mais, totalizando 3.461 pessoas. De maneira geral pelo país, a realidade se inverte nos grupos de idade de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos, que tinham as menores taxas de analfabetismo (1,5%) no período analisado.

Conforme avalia a Secretaria de Educação, dentre os fatores que ajudam a entender a disparidade estão avanços em políticas públicas de educação em torno da alfabetização. “Não somente relativas ao combate ao analfabetismo, mas para a diminuição da evasão escolar, para a permanência da criança na escola, de criação de condições mais equitativas de acesso à escola e a recursos educacionais”.

Apesar de apresentar índice maior de analfabetismo, foi o grupo de idosos que teve a maior queda em duas décadas no Brasil, passando de 38 % em 2000, para 29,4% em 2010 e 20,3% em 2022, redução de 17,7 p.p. (queda de - 46,7%). “Quando se fala em alfabetização de adultos, a criação de condições favoráveis para este processo é estratégica: Ela passa pela criação de programas de alfabetização que sejam acessíveis em termos de localização e horários e que sejam conduzidas com metodologias adequadas a este público. Para além disto, é possível citar programas de bolsas ou incentivos para adultos participarem de programas de alfabetização e a parceria com a iniciativa privada para apoiar a alfabetização de seus funcionários”, aponta a Secretaria Municipal, ao ponderar que a prefeitura, porém, não possui ações nesta área desde 2017, quando a Educação de Jovens e Adultos ficou sob responsabilidade do Governo Estadual.

Cenário no país

Em 2022, havia, no país, 163 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade, das quais 151,5 milhões sabiam ler e escrever um bilhete simples e 11,4 milhões não sabiam. Ou seja, a taxa de alfabetização foi 93% em 2022 e a taxa de analfabetismo foi 7% deste contingente populacional.

Segundo o IBGE, observa-se uma tendência de aumento da taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais ao longo dos censos. Em 1940, menos da metade da população era alfabetizada, 44%. Após quatro décadas, em 1980, houve aumento de 30,5 pontos percentuais na taxa de alfabetização, passando para 74,5% e, finalmente, depois de mais quatro décadas, o país atingiu um percentual 93% em 2022, representando um aumento de 18,5 pontos percentuais em relação a 1980.

“A comparação dos resultados de 2000 com os de 2010 e os de 2022 indica que a queda na taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias, refletindo, principalmente, a expansão educacional, que universalizou o acesso ao ensino fundamental no início dos anos 1990, e a transição demográfica que substituiu gerações mais antigas e menos educadas por gerações mais novas e mais educadas”, diz o instituto.

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