O NACIONAL 99 ANOS - “É preciso se reinventar todos os dias com o ouvido colado ao coração da sociedade”

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Dárcio Vieira Marques, advogado e economista. (Foto – LC Schneider-ON)Dárcio Vieira Marques, advogado e economista. (Foto – LC Schneider-ON)
Dárcio Vieira Marques, advogado e economista. (Foto – LC Schneider-ON)
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Cidadão Honorário de Passo Fundo, Dárcio Vieira Marques, como advogado militante no Estado e no País e também professor universitário em três universidades (UPF, UFRGS e PUC), acompanhou e acompanha de perto a trajetória de O Nacional. Quando o Jornal completa 99 anos, o conceituado jurista falou com carinho sobre ON.


Sobre o tempo e um jornal

Talvez poucas pessoas saibam quanto custa colocar diariamente, em circulação, um jornal diário para milhares de leitores. Atrás das páginas de um jornal estão muitos jornalistas, repórteres e colunistas, além de toda uma equipe de trabalho, como fotógrafos, diagramadores, operadores gráficos até distribuidores e entregadores. Tudo isso representa um enorme custo com um jornal diário. Para enfrentar esse custo é preciso muito talento administrativo, comercial, financeiro e até político. E o mais caro de tudo, é ter jornalistas nas ruas buscando notícias para informar.

Muitos chegaram a prever o fim do jornalismo impresso, diante de uma tendência moderna da leitura rápida e da busca de notícias em cima do fato. Mas o jornal está superando esse mau agouro. Isso porque a fixidez da notícia, do relato e do registro, tem mostrado muita importância no contexto da imprensa moderna. A notícia do jornal é duradoura, enquanto que outras formas de divulgação estão em uma nuvem e desaparecem com o tempo.


A força do jornalismo na sociedade moderna

Disse um grande pensador oriental: ‘o que importa não é o fato, mas a versão dos fatos’. E aí entra a habilidade do jornalista para, sem fugir do real e do verdadeiro, fazer a sua narrativa, pois o mesmo fato comporta, por vezes, duas versões. E esse é o grande compromisso do grande jornalista: ser fiel à verdade.


O vínculo do jornal com a sociedade

Desde que convivi com o meio jornalístico, tanto de Passo Fundo como Porto Alegre, aqui sempre vi a preocupação do velho Múcio de Castro e sua magnífica equipe, como Jorge Cafruni, João Freitas, Professor Donin, Luiz Carlos Schneider e outros tantos, em valorizar pessoas e acontecimentos da nossa Cidade. Isso, não apenas no cenário econômico, como também no cenário, político, jurídico, esportivo, cultural e até para destacar a beleza da mulher passo-fundense – como Silésia do Amaral quando Rainha das Piscinas. Os fatos que extravasam o âmbito da comunidade local, com repercussão nacional ou até internacional, hoje estão nas vistas de todos. O que importa à comunidade local, está em relevo no Jornal O Nacional.


Uma visão do jornalismo futuro

Penso que o jornalista deve olhar muito para os jovens, ou seja, temos que ter preocupação com ideias e posições da juventude, porque este é o amanhã. Temos que ter a lanterna na proa para antever a conduta das nossas futuras lideranças sociais. Nesse sentido fiquei muito feliz e encantado com a atuação dos jovens agora nessas enchentes. Vi muitos, como voluntários, homens maduros, empresários e profissionais liberais contribuindo decisivamente para socorrer as vítimas e flagelados. Mas vi também, e muito mais, uma enorme quantidade de jovens “colocar o peito na água” em meio à lama e o barro para levar socorro a centenas de pessoas que estavam sendo engolfadas pelas águas e, usando seus barcos modernos e seus jet-skis, salvar pessoas, não importando se eram pobres ou ricos, pretos ou brancos ou de que coloração política. Era a vida que estava em perigo. Oxalá, essa disposição dos jovens se reflita no comando e nas lideranças sociais. Esse me parece o meio social, cultural e econômico que deve ser o foco do jornalismo moderno. 


Um ano para o Centenário

Poucas pessoas conseguem atingir 100 anos de idade. Imagine cada um dos leitores, uma instituição econômico-jornalística conseguir resistir e permanecer diariamente no meio da sociedade local, regional e até nacional, 100 anos. É preciso se reinventar todos os dias; estar cotidianamente com o ouvido colado ao coração desta sociedade para sentir suas vibrações, seus sonhos, suas tristezas, suas mágoas e refletir tudo isso nas páginas de um Jornal, com o espírito de contribuir positivamente para que as nossas esperanças se concretizem em realidade.

Acompanhando a vida de O Nacional e, testemunhando uma boa parte desta história, tenho fé de que a sociedade compreenderá a importância de um jornal local, vibrante, sadio e comprometido com as boas e justas causas dando sustentação a esses heróis do jornalismo que, como Múcio de Castro Filho, têm sabido resistir aos vendavais econômicos, políticos e até culturais, que já devoraram muitos outros órgãos de imprensa. Que não seja este um episódio que comprove o adágio de que ‘só depois que se perde algo, é que se valoriza o que se tinha’. Temos que ser bairristas!

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