Desde o início de maio, o Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios severos devido às fortes chuvas e inundações, que deixaram milhares de pessoas desabrigadas e devastaram comunidades inteiras. Entre os muitos que perderam suas casas e pertences estão aqueles que viram suas memórias mais preciosas, registradas em fotografias, serem ameaçadas pelas águas e pela lama.
No entanto, em meio à tragédia, estão surgindo iniciativas de voluntários para fazer este material reviver, como é o caso do professor de história e apaixonado por fotografia, Roberto Sander. Morador de Passo Fundo, sua paixão pela fotografia não é apenas um hobby, mas uma ferramenta poderosa para preservar histórias pessoais e familiares que poderiam ser perdidas para sempre.
"Estou recuperando memórias fotográficas", compartilha Roberto, cujo trabalho voluntário se concentra em resgatar fotos danificadas pelas enchentes. "Não faço restauração do documento original, mas faço um diagnóstico prévio, higienizo, trabalho para digitalizar, corrigir o que for possível, e imprimo, para montar novos álbuns de memórias para as pessoas afetadas", explica ele.
A iniciativa de Roberto começou quando uma professora de Porto Alegre, entrou em contato com ele, pedindo se era possível salvar suas fotos comprometidas pelas inundações. Ele aceitou o desafio, e recebeu o material enviado pelo correio para iniciar a recuperação. “Este trabalho é completamente voluntário", enfatiza Roberto.
Com uma vasta experiência trabalhando a fotografia como documento histórico, Roberto reconhece o valor intrínseco desses acervos familiares, não apenas como lembranças pessoais, mas como registros significativos da história local e familiar. "Sempre gostei de trabalhar com fotografia, desde meus tempos de estagiário no museu durante a faculdade, até o meu mestrado", ele compartilha. "Agora, mais do que nunca, sinto que posso ajudar as pessoas através da minha paixão."
Para Roberto, o apoio tem vindo não apenas das pessoas que ele ajuda diretamente, mas também de uma rede solidária que se formou organicamente. "Inicialmente, tentei entrar em contato com grupos de doações, mas descobri que o boca a boca e as redes sociais foram mais eficazes", diz ele. "As coisas simplesmente aconteceram naturalmente à medida que mais pessoas souberam do meu trabalho e me procuraram", destaca.
Atualmente, Roberto está imerso no trabalho de restaurar mais de 100 fotografias de uma professora de Porto Alegre, que foram danificadas pelas enchentes, e espera completar o processo até o final deste mês. Seu compromisso não é apenas técnico, mas profundamente pessoal, evidenciando o poder transformador da solidariedade em momentos de crise.
Enquanto o Rio Grande do Sul continua se recuperando das consequências das inundações, os voluntários seguem ajudando, cada um de sua forma. O professor Roberto diz que busca fazer a diferença, não apenas recuperando fotografias, mas também resgatando narrativas e reconstruindo esperanças.