Empresa deve utilizar cerca de 100 quilos de dinamite para implosão do silo da Cesa

Trabalho será coordenado por “Manezinho da Implosão” responsável por mais de 200 implosões no Brasil, entre elas, o Carandiru, em São Paulo

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Sete funcionários trabalham no mapeamento  e perfuração dos pilares - Foto Rafael DalboscoSete funcionários trabalham no mapeamento  e perfuração dos pilares - Foto Rafael Dalbosco
Sete funcionários trabalham no mapeamento e perfuração dos pilares - Foto Rafael Dalbosco
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 Um dos símbolos do desenvolvimento da agricultura na região norte do estado será implodido. O silo da Companhia Estadual de Silos e Armazéns, (Cesa), na avenida Brasil, bairro Petrópolis, faz parte da área de 29.515m² arrematada durante leilão realizado em outubro de 2021, pelo valor de R$ 23,3 milhões.

 Os dois empresários responsáveis pela aquisição da área, Roberto Andretta, da New House Incorporações, e  Pedro Brair,  da Brair Empreendimentos Imobiliários, tinham a intenção de preservar o prédio. No entanto, três laudos técnicos, realizados por diferentes empresas, tiveram a mesma conclusão: a estrutura do silo está totalmente comprometida. Por volta de 2006, uma das células do silo chegou a se romper.

 Para evitar riscos, o processo de demolição iniciou na segunda-feira. O trabalho está sendo realizado pela empresa Exa Engenharia, de Chapecó, especialista em engenharia de explosivos.

 Nesta primeira fase, sete funcionários trabalham no mapeamento dos pilares e vigas e também na perfuração deste pilares. Consultor técnico em explosivos, Fernando Golin Freitas estima a utilização de 90 a 100 quilos de explosivos para implodir o silo e o prédio central. O trabalho deve se estender por pelo menos 30 dias. Ainda não há data definida para a implosão do prédio, que passará pela Defesa Civil. “É um trabalho bem complexo. Vamos avaliar qual a melhor estratégia para a implosão”, afirma Golin.

 

A operação tem como responsável técnico, o engenheiro de Minas, Jorge Diniz Dias, conhecido nacionalmente por “Manezinho da Implosão”. Atuando desde 1982, ele comandou mais de 200 implosões pelo Brasil, entre elas, a Casa de Detenção Carandiru, em São Paulo, e o Edifício Palace II, no Rio de Janeiro.

 Manezinho passou quatro dias em Passo Fundo realizando estudos do prédio. “Silo é a edificação mais difícil de implodir por conta do vínculo com as estruturas, são complexas, mas temos uma equipe de profissionais experientes para estas situações”, afirmou. No local deve ser construído um empreendimento comercial, mas não foi divulgado detalhes. 

 Referência na região

 A Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) foi criada em 1952 para enfrentar a carência de armazenagens no RS, período em que o trigo estava em forte expansão. Já o silo de Passo Fundo foi inaugurado em 1961, servindo de referência para toda a região, principalmente com o boom da soja a partir da década de 70. A capacidade era de 10 mil toneladas de grãos, dividida em 32 células. Produtos como a soja, milho, trigo e cevada eram recebidos para limpeza, secagem e armazenados por tempo indeterminado.

 Gerente da unidade de Passo Fundo durante 28 anos, Antônio Maria de Deus Lopes, lembra das filas de caminhões que se formavam ao longo da avenida no período das colheitas. “A produção da região era trazida para Passo Fundo. Em determinados períodos, a fila se estendia até onde hoje é o Bourbon.

Com o crescimento da armazenagem privada e de cooperativas, e a falta de investimento do estado, a partir dos anos 90, o silo da Cesa começou a perder importância”, conta.

 


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