“Confio em Deus, nos amigos e no médico”

Professor Renato Justi realizou em São Paulo o primeiro procedimento para tratar um tumor raro

Por
· 3 min de leitura
Renato Justi, Dr. Rubens Belfort Netto e Roseli Norberto - Foto – Arquivo pessoalRenato Justi, Dr. Rubens Belfort Netto e Roseli Norberto - Foto – Arquivo pessoal
Renato Justi, Dr. Rubens Belfort Netto e Roseli Norberto - Foto – Arquivo pessoal
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

 Nas últimas semanas, o nome em evidência entre os passo-funsenses é o do professor Renato Rech Justi, carinhosamente conhecido como Renatão. Um diagnóstico adverso desencadeou uma campanha para garantir seu tratamento de uma doença rara. Renato está em São Paulo e, na quarta-feira, já foi submetido à primeira intervenção de uma série necessária para a terapia completa. Ontem, quinta-feira, apresentava um quadro de recuperação positivo. O conhecido professor falou para O Nacional, na quinta-feira, desde o hotel onde está em recuperação na capital paulista. Contou sobre a transformação em sua vida, do diagnóstico inicial ao primeiro procedimento no olho direito. É o primeiro passo para acabar com um tumor e, na sequência, salvar sua vida.

O diagnóstico

“Uma loucura. Estou vendo TV nos jogos olímpicos e noto a visão do olho direito embaralhada. Pensei que fosse cansaço de tanta olimpíada. Então a Dra. Adriana Pandolfo recomendou um colírio. Dois ou três dias depois pediu um ultrassom que mostrava um sangramento”, relatou. Na sequência, encaminhado ao oftalmologista Eduardo Kuchockowolec, fez novo ultrassom e horas de exames. “Ele começou a chorar e disse que tinha um tumor raríssimo, um melanoma na coroide do meu olho direito”. A ocorrência é de 1 caso para 1 milhão de pessoas. “Foi um baque muito grande. Lembrei do Simon (Carlos), que no início de carreira dizia ‘eu apito de cabeça erguida e peito aberto’. É bem assim que estou encarando”, disse emocionado.

O tratamento

Enquanto ainda nem caíra a ficha para Renatão, o médico já estava em contato com outros profissionais. Foi jogo rápido, o método para tratar esse melanoma é a braquiterapia, uma radioterapia interna de fonte selada. O tratamento não está disponível em Passo Fundo ou Porto Alegre. “Além de São Paulo, tem apenas mais dois no Brasil, no Espírito Santo e Rio de Janeiro”, conta Justi. Então, o destino foi São Paulo, na clínica do Dr. Rubens Belfort Netto. “É uma clínica centenária, vem desde o seu bisavô. Estou me recuperando aqui na frente, num hotel”, relatou com auxílio da esposa Roseli.

Os procedimentos

Na terça-feira, 03, Renato teve o primeiro atendimento em São Paulo. Na quarta-feira, 04, já passou pelo primeiro procedimento no Hospital Israelita Albert Einstein. “Foram mais de duas horas de cirurgia com anestesia geral e acompanhamento de uma equipe de nove profissionais”. O processo consiste na colocação de uma placa em ouro que conduz radiações para eliminar o tumor. “A proposta é em primeiro lugar matar o tumor, em segundo salvar a visão e, em terceiro, monitorar para ver se não se espalhou”. Na próxima semana Renato deve receber liberação para voltar a Passo Fundo. Mas a maratona está apenas no primeiro pelotão. Em dois meses ele retorna para mais um procedimento, intervalo que deve aumentar para três meses em uma sequência prevista para finalizar daqui a dois anos.

Os recursos

O tratamento tem um custo estimado em R$ 70 mil. “A solidariedade, não apenas em recursos financeiros, mas também em orações me deixa muito positivo. Eu confio em Deus, nos amigos e no médico”. Os amigos se manifestam em ações e gestos. Carlos Simon, árbitro de Copa do Mundo, iniciou como gandula no Intergranjas de Renatão. Ele acionou o passo-fundense Marcos Dall'Oglio, ex jogador do Internacional e hoje médico em São Paulo, que abriu caminhos na clínica paulista. “A Luciane Tamagnone, que mora aqui em São Paulo, está nos ciceroneando”, contou em tom de gratidão. E segue a maratona, longe de Passo Fundo, mas cercado pelos passo-fundenses.

O Renatão das escolas, quadras e festivais

 O apelido começou porque eu era gordinho. Depois perdi 40 quilos”. Assim, Renato é conhecido desde o balcão da Padaria Cruzeiro, que era comanda pelos seus pais Araci e Bruno Justi. Aos 71 anos, é casado com Roseli Norberto, pai de Catherine, Rossana e Bruno, além de avô da Heloísa. “Eles estão muito preocupados, praticamente enlouquecidos com tudo isso”, disse. Passo-fundense, teve aulas no Conceição e no IE. “Saí da banda do Conceição para reforçar a banda do IE”. Depois, graduado em educação física pela UPF, deu aulas nas escolas Ernesto Tocchetto, Anna Luísa e EENAV.

Campeonatos e chamamé

Justi é reconhecido na área esportiva pela organização de competições. Futebol sete, futsal, vôlei e basquete são as modalidades. O destaque fica por conta do Intergranjas, competição pioneira de futebol sete, em parceria com a Bayer e Ilênio Schonhorst. Atualmente, promove a Copa São João. Em outra veia, Renato gosta mesmo de música e acompanhou festivais nativistas para O Nacional. Sua predileção é o chamamé. “Acho que sou o maior colecionador do gênero no Rio Grande do Sul, pois são mais de 5 mil CDs. Na música universal 14 mil CDs e mais uns 9 mil discos de vinil”.

Corrida pelo Renatão

Domingo, 08, coordenada pela prefeitura de Passo Fundo, será realizada a Corrida pelo Renatão. Largada às 9 horas na Av. Rui Barbosa em frente à IDEAU. São 600 vagas com chip, inscrições por R$ 30 com arrecadação total revertida para o tratamento do professor Renato.

Outra forma de colaborar é através de Pix para o CPF 225.590.000-91.


Gostou? Compartilhe