“A mesma qualidade de vida das áreas centrais queremos levar aos bairros”

Em série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Passo Fundo, Marcio Patussi (PL) detalha suas propostas.

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Às vésperas da próxima eleição municipal, O Nacional tem publicado uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Passo Fundo. O conteúdo é resultado de uma parceria com a Rádio UPF, que entrevistou os três concorrentes, ao vivo, na última semana.

Seguindo a ordem de realização dos programas, conduzidos pela jornalista Zulmara Colussi, entre os dias 17 e 19, publicamos hoje as propostas de Marcio Patussi (PL).

Por que o eleitor deve votar no senhor pra ser o futuro prefeito de Passo Fundo?

Nos últimos trinta anos, a cidade foi governada por dois grupos políticos. Uma hora um grupo liderado pelo ex-prefeito Luciano, outra hora um grupo liderado pelo ex-prefeito Dipp, que fizeram suas contribuições, tiveram o seu tempo de cuidar da cidade, de resolver os problemas. Agora, eu e o Claudio Doro estamos numa nova sintonia, numa candidatura que representa a novidade nesta cidade, ainda não fomos prefeito nem vice-prefeito e nós temos aí um grande compromisso de transformar Passo Fundo com os seus modais econômicos, com a reestruturação do setor social, com uma nova dinâmica dos serviços públicos, quebrando de vez essa burocracia que tanto atrapalha a vida do cidadão, por isso que eu e o Claudio Doro estamos muito confiantes que essa eleição vai premiar algo novo para que a cidade possa então ter a partir de 1º de janeiro, novos gestores, quebrando, esse ciclo desses trinta anos desses dois grupos políticos aqui na cidade.

Se eleito, o que será prioridade sua na área da educação?

A educação é uma área que nos preocupa bastante. Primeiro, eu sou professor de ensino superior, mas nem por isso eu deixei de ter contato com o magistério no que reflete a atuação do município, educação infantil, ensino fundamental, até porque nos meus oito anos como vereador a gente sempre teve pautas em discussão assuntos que foram muito próximos à educação municipal. O diagnóstico que a gente faz é exatamente ofertas de vagas para a educação infantil, as creches, de zero a seis anos, para que pais e mães possam trabalhar com tranquilidade e deixarem seus filhos nos dois turnos. É isso que a gente tá falando, ou seja, o pai e a mãe que queiram trabalhar, que hoje tem que optar por deixar os seus filhos em um dos turnos ou manhã ou de tarde e no outro turno cuidam das suas crianças em casa, a partir do ano que vem, nós estaremos implementando os dois turnos, manhã e tarde para educação infantil, para que as crianças fiquem muito bem cuidadas pelo município e aí sim a gente consiga dar essa dinâmica de o pai poder trabalhar e realizar seus sonhos, e nós vamos cuidar das crianças.

Há solução para a mobilidade urbana em Passo Fundo?

Temos que primeiro enfrentar esse grave problema que é o trânsito interno urbano da cidade, mas isso não pode ficar desconectado com velhos problemas que são, por exemplo, os acessos a algumas regiões, como é o caso da região da Roselândia, que compreende o bairro Santa Rita, região de Santa Marta/ Donária, que hoje já são mais de 15 mil moradores que foram absolutamente esquecidos nos últimos anos, tem uma perimetral ali que é a ERS 324 que corta esse acesso, mas que nos finais de tarde, início da manhã, gera muito transtorno, as pessoas levam muito tempo. Nós vamos fazer os trevos de acesso da Roselândia e do bairro Santa Marta/Donária pra facilitar com que esses moradores possam circular com muita segurança. E vamos buscar alternativas junto ao governo do estado, junto ao governo federal, para resolver esses gargalhos, que entendemos ser os gargalhos macros, como é o caso do trevo da Caravela e essa duplicação do trecho urbano da BR 285, que há muito tempo se pede uma reformulação. E nas áreas internas, aí sim a gente vai ter que ter um grande projeto de engenharia para facilitar vias rápidas com semáforos sincronizados e uma nova reestruturação que nós pretendemos dar essa dinâmica a partir do ano que vem.

Sobre mobilidade urbana, ainda não há uma licitação para a nova concessão do transporte público. O senhor já tem um modelo para o serviço? Inclui subsídio?

Foi uma grande incompetência das últimas administrações que não conseguiram fazer uma licitação do transporte público. Precisamos urgentemente fazê-la, e volto a dizer que há mais de trinta anos não foi realizado no Passo Fundo. Há uma determinação do Ministério Público, a sentença judicial que determinou ao município e não foi feita. Nós precisamos para reformular o sistema, sabendo qual o tamanho dos carros, quais serão as novas rotas. A cidade cresceu, nós temos novas regiões, que hoje muitas delas não são abrangidas pelo transporte, nós precisamos botar todas essas necessidades dentro dessa nova licitação. Passagem integrada, vamos trabalhar isso, ônibus com câmeras de vigilância para garantir segurança, ar-condicionado, isso tudo para dar mais comodidade ao nosso usuário.

É muito importante subsídio, várias cidades do Brasil, que não conseguiram pós-pandemia manter um preço da tarifa adequado, utilizaram o subsídio como algo necessário para poder reduzir a tarifa. Foi o modelo que foi adotado pela atual gestão, nós vamos continuar com esse modelo do subsídio, para que não tenhamos um custo maior da tarifa. Esse custo impacta os empregadores. São os empresários que pagam, muitas vezes, para os seus colaboradores, que têm o percentual ali recolhido do contracheque, mas pagam o transporte coletivo, é uma obrigação de lei, enfim, mas nós vamos partir nesse sentido. Subsídio vai ser mantido, por óbvio a gente tem que reestruturar um novo modelo, porque uma nova licitação compreende novos participantes, um novo sistema que vai ser implementado pela nossa gestão.

O senhor tem dito que quer acabar com o que considera o IPTU abusivo. Como será cumprida essa promessa?

Eu fui vereador da cidade, votei contra o aumento do IPTU em 2019, feito pela gestão do Pedro e do Luciano. Isso impactou muito no orçamento das famílias. Aquela época era de pandemia. As pessoas estavam em casa, muitas delas sem emprego e tiveram seus carnes aumentados em percentuais de até três mil por cento. Temos que fazer um checklist, uma conferência dos valores que foram aumentados absurdamente lá de 2019 até 2025. Aquilo que for considerado abusivo num parâmetro acima, por exemplo, dos percentuais de inflação, daqueles justos de atualização dos valores dessa correção, vamos revisar. O município tem condições de fazer isso. Já colocamos no plano de governo que os casos abusivos do PTU serão todos revisados pela nossa administração, porque não entendemos que para aumentar o orçamento do município, nós temos que penalizar o cidadão, que deixa muitas vezes de realizar seus sonhos, de comprar remédios, de comprar até alimentos para poder pagar esse altíssimo PTU da atual administração. Para incentivo do orçamento, nós vamos apostar muito no modal de desenvolvimento econômico.

 

Na área da saúde, o que é mais urgente ser resolvido pelo município? É possível a gestão plena?

Primeiro nós temos que tirar a saúde de Passo Fundo das páginas policiais. Temos que trazer a saúde exatamente para a sua finalidade, que é da resolutividade. O tempo hoje da saúde não é o tempo do cidadão. Não se admite mais esperar três, quatro, cinco meses pra uma consulta com especialista. Dois, três anos para uma cirurgia. Então, o tempo da administração pública não é o tempo da dor do nosso cidadão. Nós temos que equacionar isso. Por isso que falamos sobre a municipalização. Hoje, o gerenciamento da saúde é feito pelo estado do Rio Grande do Sul, o Gercon que administra, por exemplo, os leitos dos hospitais, as consultas com especialistas e as cirurgias. Queremos trazer essa administração para o município, ou seja, a Secretaria de Saúde terá, com os recursos repassados pela União e pelo Estado, maior autonomia para contratualizar, por exemplo, o número de leitos, consultas, cirurgias, e a partir disso temos que dar uma dinâmica de diminuirmos toda essa fila. Aliás, Passo Fundo é a única cidade, consideradas as cidades metropolitanas do Rio Grande do Sul, que ainda não municipalizou.

Além da municipalização, vamos abrir já no primeiro ano, primeiro mês de governo, dois CAIS 24 horas, porque as pessoas hoje em Passo Fundo têm que escolher a hora de ficar doente, passou das 18h não pode ter uma dor de barriga, a criança não pode ter uma dor de cabeça. Vamos abrir dois CAIS 24h para que as pessoas possam ser bem atendidas, vamos dar uma equalizada nesse distanciamento do tempo da administração com a necessidade da população.

Também é muito importante, estamos copiando o modelo que está sendo realizado no município de Santo André, que é uma grande cidade no interior de São Paulo, o Poupatempo da saúde. Nós vamos, numa grande estrutura física, colocar 20 especialidades médicas, exames, com agendamento rápido, com reagendamento, para que as pessoas evitem essa peregrinação, que muitas vezes é traumática. O pessoal não tem dinheiro para comprar uma passagem de ônibus, para pagar um aplicativo, um táxi para fazer esse deslocamento. O Poupatempo da saúde tem exatamente a finalidade, ou seja, fazer com que as pessoas não gastem o seu tempo peregrinando pela cidade para poder resolver os seus problemas de saúde.

Sobre o meio ambiente, qual será o papel do município para mitigar futuros problemas ambientais?

Tivemos aqui algumas ocorrências danosas no estado do Rio Grande do Sul em relação às enchentes. Nós vimos, muitas vezes, até o despreparo da administração pública como um todo, a administração pública estadual, alguns municípios aí que foram devastados, pouca ajuda do governo federal em relação às necessidades. Graças ao bom Deus, Passo Fundo teve pequenos pontos de alagamento lá em setembro e agora no mês de maio, mas isso resultante de uma falta de manutenção, por exemplo, das suas vias pluviais, da limpeza das bocas de lobo. A gente tem que tratar, em primeiro lugar, a nossa cidade em relação a esse cuidado com a sua estrutura urbana. Também tivemos algumas áreas ribeirinhas com o avanço das chuvas, a elevação dos rios, muitas casas que estão em áreas não autorizadas que foram danificadas. Nós também temos que prever uma readequação dessas famílias em outras áreas, para que em novas ocorrências, as quais a gente não espera, que a gente consiga pelo menos dar um mínimo conforto, para que essas pessoas não tenham mais prejuízo. Por óbvio que a área ambiental nos preocupa muito.

Uma das demandas do setor produtivo é a atualização do Plano Diretor. Qual é o prazo que o senhor propõe para fazer essa atualização, caso seja eleito?

O Plano Diretor de Passo Fundo teria que ter sido atualizado em 2017. Ele é feito a cada dez anos. Vemos que o Plano Diretor de Passo Fundo é uma grande colcha de retalhos. Cada prefeito que entra, por interesses, ele manda um projeto de lei, os vereadores aprovam, isso vai criando uma colcha de retalhos nessa lei, que é lá de 2007. Eu fui vereador, participei de audiências públicas em 2017, 2018, 2019, e nós não vimos a conclusão disso. Isso muito prejudicial ao município, porque impacta, por exemplo, na definição de quais áreas serão para expansão, para habitações sociais, para indústrias. Tudo isso está desenhado com uma previsão de quase 18 anos atrás, tendo em vista que a cidade cresceu muito. Então, é um grande compromisso que nós assumimos, principalmente com as entidades aqui da cidade, e fizemos uma grande rodada de conversa com o CDL, ACISA, Sinduscon, Sincomércio, Sindicato Rural, para que tenhamos, a partir 2025, todo o roteiro necessário, com audiências públicas, com consulta à população, para que o novo Plano Diretor possa ser efetivado de forma rápida e, aí sim, nós darmos uma nova dinâmica paro o modelo de cidade que queremos, para onde que Passo Fundo vai crescer, quais serão as áreas, por exemplo, de expansão urbana, de preservação ambiental.

 

Considerações finais

Estamos muito confiantes, eu e o Claudio Doro, nessa mudança da gestão aqui em Paso Fundo. A gente tem ouvido isso da população, que está cansada. Os modelos atuais e os que querem voltar são modelos que já tiveram suas contribuições, mas que efetivamente a dinâmica do mundo mudou. Se nós não pensarmos, por exemplo, na digitalização dos serviços municipais, numa humanização do papel do município, do trato com as pessoas, a gente vai continuar mais quatro anos apenas embelezando a cidade ou criando uma rotina de maquiagens, que não é isso que a gente quer. Nós temos andado muito nos bairros da cidade, que estão abandonados. Os bairros têm uma precariedade em relação a suas pavimentações, em relação ao mato, enfim, que está tomando conta, a iluminação, a insegurança. Tudo isso nos preocupa, porque nós queremos unir a cidade. A mesma qualidade de vida que hoje é identificada nas áreas centrais, nós queremos também levar para o bairro.

 

“Estamos muito focados para que Passo Fundo seja uma cidade de vanguarda, uma cidade vencedora”

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