Avança projeto para fábrica de hidrogênio e amônia de baixo carbono em Passo Fundo

Em parceria com a UPF e Tecnoagro, unidade da empresa Begreen será construída no Campos I da universidade. Estado terá outras duas fábricas

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Foto: Édson Coltz/ONFoto: Édson Coltz/ON
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Mais de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil têm origem estrangeira, o que torna o país o maior importador mundial, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviços e Inovação. No recorde registrado no ano passado, foram 39 milhões de toneladas. A alta demanda interna é uma das motivadoras para o investimento de R$ 150 milhões na construção de três unidades fabris de hidrogênio e amônia de baixo carbono, uma delas em Passo Fundo, que permitirá à região ganhar maior autonomia em relação à cadeia de fertilizantes.

Detalhes das três plantas que serão construídas no Rio Grande do Sul – além de Passo Fundo, em Tio Hugo e Condor – foram apresentados na manhã de segunda-feira (23), em evento que reuniu parceiros e imprensa, no UPF Parque. A Universidade de Passo Fundo foi o local escolhido para a instalação de uma das unidades, uma iniciativa da Begreen Bionergia e Fertilizantes Sustentáveis (empresa para a produção de amônia (NH3) e fertilizantes a partir do hidrogênio verde) em parceria com a Associação Tecnoagro.

Na última semana, a empresa e o governo do Estado assinaram um memorando de entendimento para que as três fábricas possam, ao longo dos próximos três anos, beneficiarem-se dos incentivos e benefícios do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Hidrogênio do estado e contribuam para uma agenda de substituição de importação de insumos agrícolas.

O acordo prevê que o hidrogênio usado na fabricação dos insumos agrícolas será obtido com o uso de energia renovável, ou seja, será o hidrogênio verde. Também a amônia a ser produzida, com a extração do nitrogênio do ar, será baseada em energia renovável. “É inovador e tecnológico, sendo que na América do Sul não há nenhuma fábrica com o que colocaremos em Passo Fundo. Vimos que dentro da universidade há uma área muito boa para desenvolvimento, conta com pesquisa e conhecimento. O objetivo aqui é fazer uma empresa-escola, desenvolvendo mão de obra para esse novo mercado que está surgindo no Brasil”, pontuou o diretor de operações da Begreen, Luiz Paulo Hauth, ao complementar que, além da agricultura, a amônia tem diversas aplicações possíveis, incluindo a indústria da refrigeração, química, de tintas e tecidos, por exemplo.

A reitora da UPF, Bernadete Dalmolin, ressaltou o impacto regional da inciativa a partir do avanço tecnológico e da produção local dos insumos. “Poder desenvolver esse projeto, em parceria com a Begreen, e com os outros membros, como o Tecnoagro e o UPF Parque, é de extrema relevância. É um momento em que nós precisamos muito de pesquisas científicas, de formação, de projetos e produtos que dialoguem com a sustentabilidade, com a economia verde”, considerou a reitora. A parceria firmada prevê a oferta de bolsas de doutorado, mestrado e iniciação científica. “Para inovar, é preciso ciência, tecnologia e formação. Sem esse tripé, fica muito difícil de conseguirmos avançar. É por conta desse ambiente tão rico, denso, que concentra tantas frentes, que a Begreen escolheu a UPF”, registrou.

As fábricas

A três unidades somarão o investimento de aproximadamente R$150 milhões com uma previsão de que produzam anualmente 800 toneladas de amônia anidra. A expectativa é que cerca de 150 empregos diretos sejam gerados no período de construção das fábricas e outros 30 sejam demandados para a manutenção das unidades. Duas delas, em Passo Fundo e Tio Hugo, estão em fase de licenciamento ambiental e a terceira em processo fundiário.

Em Passo Fundo, a estrutura será erguida em terreno junto ao Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro) da UPF. A Begreen – que tem como sócios a Migratio Participações, a Torao Participações e a Pharo Participações - projeta que as primeiras plantas possam operar a partir do primeiro semestre de 2027. 

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