Quando a água bate, aprendemos a nos virar. O comportamento da sociedade gaúcha não foi diferente diante das águas que provocaram uma tragédia, no final de abril e início de maio deste ano. A Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública exigiram ações imediatas da Defesa Civil que, em braçadas conjuntas com a comunidade, atendeu às necessidades determinadas pela tragédia. Foi além, pois, hoje, as Coordenadorias Regionais de Proteção e Defesa Civil estão melhor estruturadas e o Rio Grande do Sul conta com uma nova logística assistencial. E Passo Fundo é polo-chave no organograma que se espalha sobre o mapa do estado. Na cobiçada e disputada antiga área da Manitowoc, foi montado um imenso depósito para receber, triar e despachar as doações. Outros cinco foram instalados em municípios estrategicamente distribuídos, para apoiar o Centro Logístico de Porto Alegre, sendo que todos os demais já encerraram suas operações. O centro de Passo Fundo deve operar naquele local até junho do próximo ano.
Sede própria
O coordenador da Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil CREPDEC 2, sediada em Passo Fundo, é o tenente-coronel Darci Bugs Júnior. Sobre a importância do depósito de Passo Fundo, ele faz “um agradecimento à Prefeitura de Passo Fundo que cedeu a área por um período de um ano. A princípio, devolveremos o local em junho de 2025 e para isso pretendemos encerrar as atividades na área em maio. Porém, existe também a possibilidade de prorrogar esse prazo”, explicou. A expectativa do coronel Bugs é pela sede própria da Coordenadoria Regional, que também atuará como depósito. “Hoje estamos instalados (sede) no Regimento da Brigada Militar, mas serão construídas sedes próprias para as dez regionais com custo aproximado de R$ 7 milhões cada”. As novas estruturas estarão adequadas às necessidades da Defesa Civil. Sobre prazo, o coordenador diz que “ainda não foi definido. Está sendo feito um levantamento pela SPGG (Secretaria Estadual de Planejamento, Gestão e Governança)”.
Na emergência
Literalmente, em estado de emergência, o centro localizado na Manitowoc recebia doações que passavam pelas equipes para a triagem do material. “Trabalhamos 24 horas por dia e oferecemos quatro refeições por período para os voluntários”, conta o coronel, enaltecendo a colaboração do município e da comunidade. O centro de Passo Fundo também abasteceu uma malha aérea para distribuir os donativos. “Os pilotos, além de realizar os voos, também tiveram um trabalho fundamental na organização e distribuição dos aviões e das cargas”. Por terra, em maio, até 53 carretas partiram do local em um único dia. Passo Fundo entregou mais de 800 caminhões com itens de ajuda humanitária para diversos municípios atingidos. Quando iniciou as operações, o centro de Passo Fundo recebia doações diretamente da comunidade. Os kits de higiene pessoal e de limpeza foram montados em situação de emergência, “que é o foco principal da nossa atividade”, destacou o coronel Bugs.
Situação atual
Hoje, o centro recebe apenas o material enviado pelas prefeituras dos 76 municípios que integram a CREPDEC 2. No momento, o local estoca apenas água mineral, roupas, calçados e cobertores. “O foco da Defesa Civil é ter doações de pronto uso e a triagem é feita por uma empresa terceirizada de serviços gerais”, explica o coordenador. Com um sistema interligado entre as coordenadorias e dessas com os municípios, é possível angariar aquilo que a demanda determina. “Estamos em contato diariamente com os municípios da área de abrangência e, ainda, interagimos com as outras coordenadorias”. Isso representa que os 497 municípios estão interligados através da Defesa Civil. Além das situações emergenciais, em fluxo contínuo, as doações são destinadas às entidades assistenciais públicas e sem fins lucrativos.
As doações
Atualmente, as prefeituras dos municípios da área da coordenadoria recebem as doações. Em Passo Fundo, através da Prefeitura, a Defesa Civil recebe doações e solicitações de auxílio através do telefone (54) 3316-7108. “Pelo nosso critério, para doação de grandes volumes, os interessados também podem contatar diretamente conosco”, disse Bugs. Material separado e a logística determina para onde será transportado. “Hoje (31/10) saiu um caminhão para Miraguaí. As cargas saem direto para todo Rio Grande do Sul, dentro de uma divisão virtual. Não adianta enviar daqui para Novo Hamburgo, que está na área de Porto Alegre”, justificou. No momento, atuam no local, de maneira permanente, dois militares da Defesa Civil do estado e cerca de 50 terceirizados contratados. Pela demanda, que pode ter até 18 caminhões por semana, indica que o centro de Passo Fundo está movimentado e cumprindo o importante papel assistencial da Defesa Civil.