Kaingangs acampados às margens da BR 285 aguardam demarcação de terras

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Foto: Luciano Breitkreitz/ON Foto: Luciano Breitkreitz/ON
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É em um acampamento improvisado que está abrigado um grupo de indígenas Kaingangs às margens da BR 285, ao lado do túmulo onde está sepultado Joaquim Fagundes dos Reis, na saída de Passo Fundo. Desde o dia 7 de novembro, o local tem sido o lar de 53 pessoas, entre elas crianças e idosos, divididas em 13 famílias.

No acampamento, composto por barracas de madeira e lonas, os indígenas enfrentam dificuldades cotidianas, como o abastecimento de água. Atualmente, a água é fornecida por um caminhão-pipa, e a comunidade aguarda que a Fundação Nacional do Índio, Funai, instale uma caixa d'água para o abastecimento, o que significaria uma melhora substancial nas condições de vida do grupo.

O cacique Dorvalino Joaquim, líder da comunidade, explica que o local onde o acampamento está montado foi batizado de Gojkēry, um nome que em Kaingang significa Rio Fundo. O nome é uma referência à região (Passo Fundo), que tem um valor simbólico importante para o povo Kaingang, que ancestralmente ocupou essas terras. Segundo Dorvalino, a instalação do acampamento foi apenas o primeiro passo de uma luta mais ampla pela demarcação de terras tradicionais.

A comunidade Kaingang presente no acampamento é originária de várias reservas da região, incluindo Carazinho, Gentil, Campo do Meio, Mato Castelhano e Caseiros. A união desses grupos visa, primeiramente, encontrar um espaço onde possam permanecer enquanto aguardam a conclusão de um estudo de qualificação, que será fundamental para iniciar o processo de demarcação da terra. Dorvalino esclarece que o diagnóstico feito por especialistas servirá de base para a criação de um grupo de trabalho responsável pela realização de um estudo antropológico, que ajudará a identificar de forma precisa as áreas que devem ser reconhecidas como territórios indígenas.

A Luta pela Terra

A demanda central do grupo é pela demarcação de uma terra tradicional no município de Passo Fundo, uma região que, segundo os indígenas, faz parte das terras ancestrais de seu povo. Para os Kaingangs, esse processo é fundamental não só para garantir uma vida digna, mas também para retomar a conexão com suas raízes históricas e culturais. "A cidade de Passo Fundo está em cima da terra que foi dos nossos ancestrais, e por causa disso, queremos que seja estudado o município, para que possamos finalmente demarcar um pedaço de terra para o nosso povo", afirma Dorvalino.

A necessidade de uma área rural é destacada pelo cacique como a condição essencial para que a comunidade possa se estabelecer. "Queremos uma área para nos instalar, para viver com dignidade. Se tivermos a terra demarcada, podemos viver bem. Esse é o objetivo, é por isso que estamos lutando", explica ele.

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