O novo secretário de Desenvolvimento de Passo Fundo não chega “às escuras”, como o próprio define, ao posto que acaba de assumir. Após doze anos como procurador-geral do município, Adolfo de Freitas aceitou outro desafio e desde os primeiros dias de janeiro lidera a pasta responsável pela atração de novas empresas, incentivo ao empreendedorismo e à qualificação profissional. O posto anterior, pontua, “permitia e exigia uma interlocução com todas as secretarias”, o que, segundo entende, contribuirá para a sua atuação a partir de agora.
E ele começa o trabalho demonstrando bastante otimismo em relação aos possíveis resultados. “Somos a sexta economia [do estado], e a expectativa dos estudiosos é de que possamos, em dois ou três anos, subir uma ou até duas posições”, projeta Freitas.
O secretário concedeu entrevista nessa semana à Rádio 99 UPF, conteúdo reproduzido agora por O Nacional. Na conversa, Adolfo de Freitas falou sobre a sua trajetória no Executivo e as perspectivas de trabalho. Confira na sequência.
Secretário, como foi essa transição? Doze anos na Procuradoria Geral do Município, na sua profissão de advogado, e agora passar por outro desafio que é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico?
A Procuradoria tem uma característica que nos permite e exige uma interlocução com todas as secretarias da prefeitura e com o prefeito, principalmente. A transição ainda está ocorrendo. Essa experiência de doze anos me permite ter uma visão não tão às escuras da Secretaria do Desenvolvimento. Mas eu encontrei uma secretaria muito bem organizada, com uma boa equipe de trabalho, o secretário Diorges já vinha fazendo um bom trabalho, e eu estou ansioso, quase eufórico, com esse novo desafio que realmente é inovador.
É um desafio e um orgulho pessoal, porque é uma confiança do prefeito Pedro, como eu já tive a confiança do prefeito Luciano Azevedo há doze anos quando me deu a oportunidade de ocupar o honroso cargo de procurador-geral do município.
Você disse que está num processo de transição, mas já deve ter na sua agenda projetos. Quais são as suas propostas para a secretaria?
A secretaria de uma cidade como Passo Fundo, ela mesmo se projeta. A cidade vem nos últimos vinte, trinta anos vivendo um grande momento econômico, então isso numa Secretaria de Desenvolvimento é o que as pessoas esperam.
Nós temos vários projetos em andamento de empresas que foram prospectadas. E o município de Passo fundo é procurado pelas empresas, pois somos uma cidade receptiva em todos os aspectos, saúde, educação e indústria. Acho que hoje, diferente do que diziam há trinta anos, a cidade tem um viés industrial, empresas dos mais variados portes estão procurando a cidade.
Os planos são esses, consolidar aqueles que estão nos procurando, e outros grandes projetos que estão em andamento, como a Be8, que representa um investimento de mais de R$ 1bilhão para a fábrica de etanol.
Passo Fundo ficou fora das enchentes de maio e isso certamente chamou atenção de muitos empresários, o que também é um fator que ajuda nesse começo do seu trabalho, ou seja, os olhares estarem voltados para Passo Fundo como uma região que não sofreu muito com aquelas enchentes terríveis?
Nós fomos procurados por dois grupos que trabalham no setor de comércio e distribuição que querem fazer dois novos CDs de um porte grande, que não tem em Passo Fundo ainda, exatamente por isso.
Nós tivemos enchente, o que nós não tivemos foi o prejuízo das enchentes. A cidade estava bem cuidada na questão dos córregos, dos nossos dois rios; tivemos dezesseis córregos que foram limpos, a cidade tem uma cultura também, nos últimos anos, de cuidar do meio ambiente e nós temos uma posição privilegiada com relação à geografia, pois somos a capital do Planalto. Isso também trouxe a Passo Fundo um atrativo para essas empresas. Quer dizer, nós temos estrutura logística e nós não sofremos tanto com os eventos climáticos.
Além do investimento na indústria de etanol, há também a plataforma logística que recebeu o aval da FEPAM, com a liberação do licenciamento.
Em 2013, ainda no governo Luciano, essa plataforma foi lançada, e ficou uma expectativa de doze anos porque é um investimento muito grande, de passo-fundenses para a cidade e região. A plataforma logística já tem uma empresa âncora atuando. Também farei uma visita a esses empresários, mas, além dessa, na semana que passou, eu já fiz uma reunião com outro grupo de empresários que também pretende instalar aqui um setor de logística de uma área de mais de cem hectares, um grande investimento também.
A cidade vem com essa característica, e eu estou muito ansioso, e o prefeito me pediu exatamente isso, para destravar esses novos investimentos porque isso gera riqueza para a cidade e gera riqueza para o erário e assim a prefeitura consegue devolver para a população.
Destravando esses negócios, em que patamar Passo Fundo se coloca no estado?
Nós hoje somos a sexta economia, e a expectativa dos estudiosos, de investimentos e retorno, é de que possamos em dois, três anos, quando duas ou três empresas, principalmente a fábrica de etanol estiver a pleno, que nós consigamos subir uma ou até duas posições.
O município tem três eixos econômicos fortes, sendo a indústria, os serviços - o ISS hoje já supera em arrecadação o próprio IPTU - e a logística, e você acompanhou o prefeito Pedro Almeida na semana passada em audiências em Porto Alegre para falar de infraestrutura, que essa é a grande demanda, inclusive, do setor produtivo. Como será tratado esse tema pela Secretaria de Desenvolvimento?
Isso já vinha sendo tratado. Temos um trevo no Distrito Industrial, no Gran Palazzo, que o prefeito já assinou a abertura do processo licitatório; os trevos da Caravela e da Santa Marta, que há a “cobrança”, entre aspas, do prefeito ao Governo do Estado para que destrave os projetos, para que o município possa buscar recursos, pois é uma necessidade. A Santa Marta tem uma entrada por onde transitam entre 15 mil a 16 mil pessoas por dia. Além de desenvolvimento, [investimento em infraestrutura] traz segurança.
A infraestrutura para os municípios é sempre uma dificuldade, pois são obras de grande vulto, mas Passo Fundo vem vivendo um bom momento, economicamente falando, então o prefeito Pedro nos determinou que se faça força para isso.
Alguma novidade no horizonte na sua secretaria?
A questão do turismo, que é um eixo da nossa pasta, temos que desenvolver. Contamos com o grande complexo da Roselândia, que talvez precise somente de um pouco mais de visibilidade e fomento do poder público.
Temos uma questão muito importante que é a área da antiga Manitowoc, queremos peticionar nos autos [do processo na Justiça] para ter a propriedade plena e poder licitar, e já temos um anteprojeto para licitação. Penso que precisa retornar à comunidade em forma de serviços, empregos, e de geração de riqueza. É um grande equipamento que vamos fomentar e prospectar. Empresas já demonstraram interesse.
Estamos muito focados junto com a Secretaria de educação, e pela orientação do prefeito, em fomentar a mão de obra. As empresas têm muito interesse na área, mas elas buscam hoje, muito mais do que isenção ou doação de terreno, capacitação de mão de obra, o que é muito importante.
Conheça o secretário
Procurador-Geral do município desde 2013, é formado em Direito com especialização em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Atuou como procurador nas Câmaras Municipais de Vereadores de Passo Fundo e Mato Castelhano.
Sob sua liderança, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico deverá seguir os cinco eixos estratégicos fundamentais: atração de novas empresas, incentivo ao empreendedorismo, qualificação profissional, fortalecimento dos serviços ao contribuinte e exploração do potencial turístico da cidade.