Corsan já projeta transposição de água para evitar abastecimento em Passo Fundo

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 Barragem da Fazenda da Brigada, às margens da BR 285, saída para Lagoa Vermelha, já apresenta níveis 20 centímetros abaixo do vertedouro  FOTO LUCIANO BREITKREITZ/ON Barragem da Fazenda da Brigada, às margens da BR 285, saída para Lagoa Vermelha, já apresenta níveis 20 centímetros abaixo do vertedouro  FOTO LUCIANO BREITKREITZ/ON
Barragem da Fazenda da Brigada, às margens da BR 285, saída para Lagoa Vermelha, já apresenta níveis 20 centímetros abaixo do vertedouro FOTO LUCIANO BREITKREITZ/ON
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A falta de chuvas significativas nos últimos meses tem causado preocupação em Passo Fundo e na região. A Corsan/Aegea, responsável pelo abastecimento de água na cidade, está monitorando a situação dos mananciais com atenção redobrada. Caso as condições climáticas não melhorem até a próxima semana, a companhia deverá iniciar o processo de transposição de água do reservatório da Pedreira para a Barragem da Fazenda da Brigada.

Aldomir Santi, gestor de relações institucionais da Corsan/Aegea, em entrevista para a rádio UPF, ressaltou o impacto da estiagem prolongada, que teve início em julho de 2024. “Já tivemos, nos últimos quatro anos, estiagens severas e prolongadas, e isso nos obrigou a utilizar sistemas alternativos para manter o abastecimento de Passo Fundo. Este ano, novamente enfrentamos uma situação preocupante, que vem se acentuando com o calor intenso,” afirmou.

Atualmente, a Barragem da Fazenda da Brigada, às margens da BR 285, saída para Lagoa Vermelha, já apresenta níveis 20 centímetros abaixo do vertedouro, indicando um ponto crítico no abastecimento. Santi explica que, quando o nível da barragem não transborda, o volume de água cai rapidamente. “Se continuar sem chover de forma significativa, será necessário começar a transposição da água do Jacuí na próxima semana. A barragem da Fazenda da Brigada, por estar muito próxima das nascentes, tem uma capacidade de reposição limitada,” acrescentou.

Déficit hídrico agrava cenário

O déficit acumulado de chuvas entre julho de 2024, e janeiro de 2025 ultrapassa os 313 milímetros, o equivalente a dois meses inteiros de precipitação. “A média mensal em Passo Fundo é de 160 milímetros, mas, nos últimos sete meses, tivemos chuvas muito abaixo do esperado. Em julho, por exemplo, registramos apenas 71 milímetros, menos da metade da média. Agosto, setembro, outubro e novembro seguiram abaixo do esperado, com dezembro sendo o único mês com chuvas acima da média,” detalhou Santi.

O impacto é diferente em áreas agrícolas e nos mananciais de abastecimento. Na agricultura, os efeitos da estiagem começam a ser sentidos após dois ou três meses de falta de chuva. Já nos mananciais, a resposta é mais lenta, mas os danos se tornam rapidamente significativos quando a reposição de água é insuficiente. “A falta de chuvas prolongada causa um desgaste nos nossos sistemas de captação, pois muitas vezes retiramos água além da capacidade natural de reposição,” explicou Santi. O gestor também destacou que chuvas isoladas de 5, 10 ou até 20 milímetros não são suficientes para recuperar os mananciais.

Sistema de transposição como medida emergencial

O sistema de transposição, que liga o reservatório da Pedreira à Barragem da Fazenda da Brigada, é uma solução de contingência utilizada em períodos de estiagem severa. A estrutura permanente inclui tubulações e bombas que são ativadas conforme a necessidade, mas o local ainda depende de geradores, pois não possui energia elétrica instalada para o funcionamento contínuo.

Santi destacou que a Barragem do Miranda, outro ponto de abastecimento da cidade, tem maior flexibilidade por se recuperar mais rapidamente, mas também exige cautela em sua gestão. “Mesmo que tenhamos uma margem maior no Miranda, não podemos descuidar, pois o impacto de uma estiagem prolongada é imprevisível,” ponderou.

Obras estratégicas e melhorias no abastecimento

A Corsan também tem avançado em obras importantes para melhorar a infraestrutura de abastecimento em Passo Fundo. Recentemente, foi concluída a instalação de uma nova rede no Presídio Regional, uma demanda antiga que agora atenderá a uma área estratégica. Outras melhorias foram realizadas no bairro Boqueirão e na região da Moron, áreas com alta densidade populacional e comercial.

Essas obras fazem parte de um cronograma de investimentos elaborado ainda em 2010, mas algumas intervenções foram antecipadas devido à demanda crescente e ao potencial de retorno para a Corsan. “A região da Moron, por exemplo, é muito densa, com prédios e comércios que exigem um abastecimento mais robusto,” explicou Santi.

Uso consciente da água é essencial

A Corsan reforça o pedido de uso consciente da água à população. “Sempre digo que não é necessário racionar, mas evitar o desperdício é fundamental. Se cada um usar apenas o necessário, conseguimos gerenciar melhor o sistema e atender a todos,” ressaltou Santi.

Ele também alertou que o consumo tende a aumentar no verão, especialmente em janeiro, quando a demanda pode ser até 10% maior que a média, mesmo que a quantidade de pessoas que estão na cidade neste período seja menor do que em outras épocas.


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