“Queremos água”, gritam manifestantes em Passo Fundo

Protesto em frente ao Fórum reuniu famílias que passaram dias sem o abastecimento em casa

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Fotos Édson Coltz/ ONFotos Édson Coltz/ ON
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O grito conjunto em tom de clamor que por minutos soou na Rua General Netto, no Centro de Passo Fundo, na tarde de quinta-feira (27), buscava ecoar a indignação de milhares de passo-fundenses que ficaram sem água por dias seguidos entre domingo e quarta-feira dessa semana. “Queremos água”, pediram dezenas de vozes. O protesto em frente ao Fórum reuniu famílias de diferentes comunidades, prejudicadas após o rompimento de uma adutora da Corsan, que secou as torneiras em cerca de 30% da cidade.

Na hora do ato público, o serviço já havia sido normalizado, o que foi insuficiente para apaziguar o sentimento dos manifestantes, que expressavam sua revolta, além dos gritos, em cartazes colados ao longo da fachada do órgão judicial. No mesmo endereço e hora, ocorria em uma das salas do prédio uma audiência relacionada ao serviço prestado pela concessionária, em ação movida pela Defensoria Pública do Estado.   

Morador do Bairro São Luiz Gonzaga, Daniel Antonio Ribeiro Gonçalves participou do protesto

Um dos afetados pelo defeito operacional, o morador do Bairro São Luiz Gonzaga, Daniel Antonio Ribeiro Gonçalves, engrossou a manifestação após ficar três dias sem água em sua casa, entre o domingo e a terça-feira. “Por isso que viemos até aqui, para reivindicar os nossos direitos como consumidores, não achamos justa essa situação!”, enfatizou. Conforme recordou, o caminhão-pipa disponibilizado pela empresa chegou apenas no terceiro dia na sua rua. “A gente não sabia onde é que estava o caminhão, no início não havia um cronograma informado”, reclamou.

Outra moradora a encarar a chuva para se manifestar foi a dona de casa Jéssica Alves, que mora com a família no Bairro Integração. Na sua lista de reivindicações, consta a qualidade da água que recebe em casa. “Estou comprando água porque não tem como tomar a que tá vindo”, justificou. Apesar de não ter enfrentado o problema de desabastecimento nos últimos dias, mencionou que vários integrantes de sua família, moradores da mesma comunidade, ficaram nessa condição. “A minha tia ficou sem água cinco dias, a minha irmã que tem um nenê pequeno também, então foram muitos casos. A gente tem que se unir”, defendeu.

Jéssica Alves mora com a família no Bairro Integração.

O problema com a rede da Corsan também afetou o funcionamento das escolas na cidade. No caso de Jéssica, os filhos precisaram levar “litrinhos de água e o lanche, pois não teria como fazer a alimentação pra eles no colégio”, lamenta.





“Água é um direito humano”


Valdevir Both, coordenador executivo do Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP)

Enaltecendo essa premissa, Valdevir Both, coordenador executivo do Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP), participou da manifestação por considerar que a situação vivenciada pela comunidade passo-fundense foi “um caos”. “A água é um direito humano! E quando a população se junta para lutar por um direito que está sendo violado, inclusive em função de uma privatização, é fundamental nos unirmos em mobilização para exigir que efetivamente este serviço seja prestado com qualidade”, opinou, ao considerar que as medidas anunciadas pelo poder público e pela concessionária após o rompimento da adutora e consequente desabastecimento de parte do município foram insuficientes. 



Presidente do Sindisaúde de Passo Fundo e Região, Fabiana Biondo

Com a realidade persistindo por mais horas, a população precisou buscar alternativas para cumprir com a rotina. “As pessoas ficaram até cinco dias sem água. Muitos começaram a tomar banho no próprio trabalho”, relatou a presidente do Sindisaúde de Passo Fundo e Região, Fabiana Biondo, - também presente no protesto – ao compartilhar reclamações dos profissionais do setor que representa. “É impensável um trabalhador que fez um plantão de 10, 12 horas dentro de um hospital chegar em casa e não ter água, que é um bem necessário, nem, ao menos, para tomar um banho. E não é só o problema da falta, tem também essa taxação, que está um absurdo!”, criticou, em relação ao valor da conta. “Eles têm que tomar providência para que a água chegue, uma água de qualidade e que não aconteça mais isso do povo ficar cinco, seis dias sem. É uma necessidade básica!”, clamou.



 

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