Pode até faltar a ceia natalina, os presentes, o amigo-secreto, mas uma coisa é indispensável na época do Natal: o Papai Noel. Mas o que muitos não sabem é que o bom velhinho de barba branca e roupa vermelha não mora só no Polo Norte, como acreditam as crianças. Ele está, muitas vezes, bem perto de nós. São policiais, professores, taxistas, artistas, o próprio pai ou até mesmo o vizinho, que se dispõe a fazer o papel de um dos personagens mais esperados do ano. Esse é o caso de Ângelo Prigol, 57 anos, que há oito trabalha também como Papai Noel. Além do personagem assumido no final do ano, Ângelo é também taxista e conta que o trabalho como Papai Noel começou com uma brincadeira e a partir da vontade em ajudar ao próximo: “A primeira vez que fui Papai Noel foi para levar uma bicicleta de presente a uma criança e distribuir doces em uma comunidade carente. Começou como brincadeira, mas depois não parei mais”, destaca
Neste ano a brincadeira virou trabalho e Ângelo está fazendo o personagem do Papai Noel no shopping Bella Città. Ele lembra então, que seja por brincadeira ou trabalho, o mais importante para ser Papai Noel é gostar de crianças e estar disposto a transmitir o espírito natalino. “Essa é a primeira vez que faço o trabalho em uma empresa grande como é o shopping, mas está sendo muito gratificante. Para isso precisa ser uma pessoa que goste de criança, goste de ler as cartinhas e de passar a mensagem natalina”. Ele também ressalta que o trabalho começa muito antes do Natal, já que para fazer o Papai Noel precisa também cuidar da aparência. “Quando soube que ia ser o Papai Noel do shopping não tinha barba e desde o mês de setembro comecei a deixar ela crescer, mesmo assim quase não foi suficiente. Precisaria até mesmo de um tratamento para que ela ficasse branca, há toda uma preparação antes de assumir o papel”, frisa.
E Ângelo não é o único. Assis Augusto Natal da Silva não tem a palavra Natal no nome por coincidência. Ele nasceu no dia 25 de dezembro e por isso sempre teve uma ligação com o evento. Assis é sargento da Brigada Militar e há mais de 20 anos atua na função de Papai Noel. Neste ano, vestiu o personagem diversas vezes para levar presentes na Ação de Natal dos Núcleos de Policiamento Comunitário. “Comecei fazendo o Papai Noel na família, depois passei a fazer o personagem sempre que havia uma confraternização do regimento e agora ajudo também nas ações do policiamento comunitário. O brilho no olhar de uma criança que vê o Papai Noel é o mesmo, independente da classe social, e isso é o que me motiva todos os anos a me voluntariar”, frisa o sargento.
Além das histórias vividas como Papai Noel no trabalho, Assis também lembra de uma história em especial que aconteceu em sua casa: “Deixava a roupa do Papai Noel dentro do guarda-roupas, até que um dia meu filho de sete anos descobriu e saiu contando para todo mundo que ele era filho do Papai Noel. Depois daquele dia ele também queria se vestir e ser Papai Noel”, lembra Assis.
Já o ator Beto Mayer atua como Papai Noel há 20 anos em residências, empresas, eventos e escolas. Ele destaca que sua atuação dura de 15 a 20 minutos e além de conversar com as crianças, interage com pais e professores: “geralmente eu peço para os pais escreverem recadinhos para passar para as crianças e que só o papai Noel pode dizer sem que elas fiquem magoadas. Então o Papai Noel coloca as crianças sentadas na sua frente, passa o recado, dá conselhos e diz que no próximo ano vai voltar para saber como estão as coisas”, pontua. Beto também lembra que nos anos de atuação já viveu diversas histórias como Papai Noel. “Eu guardo muitas dessas cartinhas, algum dia com certeza escreverei um livro contando os recados que são divertidíssimos”.
O ator salienta ainda que interpreta o papel não apenas no Natal e que para as crianças não importa a aparência. “As crianças não levam em consideração este detalhe, se é gordo ou magro, o que conta para elas é a presença enigmática e mágica do velhinho de barba branca, touca, e com o saco nas costas. Isso é o que lembrarão para o resto de suas vidas”, finaliza.
A história do Papai Noel
O Papai Noel nem sempre foi como conhecemos hoje. No início da história do Natal quem distribuía presentes durante festividades natalinas era São Nicolau. As histórias contam que na noite do Natal Nicolau colocava sacos com moedas de ouro nas chaminés ou os jogava pela janela das casas das pessoas mais necessitadas, buscando ajudar ao próximo. Nicolau tornou-se então, mais tarde, bispo e, por esse motivo, passou a vestir roupas e chapéu vermelhos, ficando conhecido nas celebrações de Natal. Alguns anos depois a Igreja o santificou e a lenda de São Nicolau se espalhou por todo o mundo, tornando-se a lenda do Papai Noel.