Os alunos da Escola de Educação Infantil Menino Deus e João Busato e as integrantes do Lar da Menina Pe. Paulo Farina, mantidas pela Fundação Beneficente Lucas Araújo, aprendem disciplina, cidadania, esporte, cultura popular e dança através da oficina de capoeira. São cerca de 220 alunos da educação infantil e 130 meninas do Lar. A atividade é realizada na entidade há dois anos.
A capoeira é uma das oficinas preferidas das crianças. Durante as aulas, os jovens aprendem o significado desta dança e também dos instrumentos que fazem parte desta cultura. No início das atividades, as crianças fazem o alongamento. Uma roda é feita para aprender sobre o principal instrumento da capoeira, que é o berimbau. Ao som deste instrumento, do pandeiro e das palmas, o monitor da oficina canta algumas músicas típicas. Em seguida, os integrantes levantam e fazem uma roda. Enquanto, dois jogam, os outros colegas ao redor cantam e batem palma. O cumprimento, através do aperto de mão, entre os dois jogadores é essencial para o início da disputa.
Os movimentos são um tanto complexos no início, mas o mais importante não é a perfeição, e sim os ensinamentos da capoeira, que foi desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil. Uma das principais características e diferenciais desta luta é a música. “A capoeira já foi uma luta, hoje é uma dança. Ensinamos a parte da musicalidade, essencial para o jogo da capoeira, como as palmas e instrumentos como o berimbau, o pandeiro e o reco-reco”, explicou o monitor da oficina, Evandro Mesquita.
A ginga é a base do jogo. Há também movimentos conhecidos como tesoura e chute. Mas o mais citado pelas crianças é a tal de estrelinha. “É bom fazer capoeira. Aprendi a fazer estrelinha”, disse Guilherme Ribeiro, 5 anos.
Um dos principais objetivos da oficina de capoeira é a socialização e a formação de cidadãos. “Jogamos capoeira com o outro e não contra o outro. É respeitar os limites, ensinar as diferenças e mostrar que todos são capazes. Sabemos que nem todos sairão daqui professores, mas temos a certeza que a maioria sairá cidadão. Quanto mais cedo eles aprenderem e terem acesso a cultura, ao esporte e a educação, mais longe eles ficarão da drogadição”, enfatizou o monitor da oficina. O respeito é fundamental na capoeira e é um dos principais ensinamentos aprendidos pelas crianças. “Fizemos exercícios e aprendemos muitas coisas. Jogamos com os outros coleguinhas. O professor ensina respeito para não machucar os coleguinhas”, declarou Kailla Moreira, 7 anos. A aluna Stéfanie Pedroso, 11 anos, também salientou a importância de respeitar o próximo. “O professor sempre diz que não devemos usar a capoeira para brigar. Temos que respeitar os colegas”, disse Stéfanie.
Resultados positivos
A oficina também contribui para o aprendizado na escola e enfatiza os valores do bem. “A capoeira beneficia a pessoa como um todo. Trás equilíbrio, concentração, coordenação, conhecimento do corpo e assimila os ensinamentos no dia a dia da vida”, observou a coordenadora pedagógica da Fundação, Maria Revers Pivotto.
De acordo com a assistente social da Fundação, Camila Butezzini, a oficina contribui para que os jovens tenham um crescimento diferenciado através de uma atividade socioeducativa. “A oficina contribui para o desenvolvimento e aprendizado relacionados ao corpo e ao equilíbrio emocional. Também contribui para a socialização”, afirmou Camila.