Protesto contra fechamento de Escola

Escola Círculo Operário deverá vender patrimônio para pagar dívidas previdenciárias que chegam a R$ 2,6 milhões. A escola possui atualmente 209 alunos, 26 professores e 05 funcionários.

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Natália Fávero/ON

Estudantes, professores, pais e ex-alunos da Escola de Ensino Fundamental Círculo Operário (ECO) realizaram protesto em frente a instituição e uma caminhada até o Ministério Público Estadual contra o fechameno da escola que deverá acontecer no final do ano. A Associação Círculo Operário decidiu vender o seu patrimônio, situado, entre as ruas Paissandu e Marcelino Ramos para pagar as dívidas com a Previdência Social que passa dos R$ 2,6 milhões. A associação de pais e professores da escola deverá ingressar com uma ação na Justiça pedindo prestação de contas com exibição de documentos contra a atual administração. Os professores da escola já entraram com uma ação cautelar na Justiça do Trabalho para garantir as rescisões trabalhistas.

A escola possui atualmente 212 alunos, 26 professores e 05 funcionários. Com faixas, cartazes, apitos e muitos gritos, os manifestantes pediram pela continuação da escola que possui 53 anos de história no município.
Segundo um dos integrantes da comissão de pais, André Alves Rosa, existem indícios de irregularidades na administração e a ação pretende impedir o fechamento da escola. “O atual presidente do Círculo Operário não poderia estar a frente da instituição porque, conforme o estatuto, ele não poderia ter sido reconduzido ao cargo pela terceira vez”, explicou. O pai enfatizou que a rede pública e a própria rede particular não possuem vagas suficientes para atender a demanda dos estudantes do ECO. Em 2006, os pais entraram com uma ação civil pública devido a denúncias de irregularidades. No entanto, a ação foi arquivada porque a associação de pais tinha menos de um ano de existência e não tinha legitimidade para ingressar com esse tipo de ação.

“Olê, olê, olá o Eco não pode fechar!”
A tristeza no rosto dos alunos e a vontade de gritar pela continuação do ensino marcou o protesto. Nos cartazes, dizeres que apelavam para a história da escola em Passo Fundo.  A aluna, Ana Carolina Fauth, de 12 anos, da 6ª série, salientou a qualidade da educação. “Gosto muito da escola. Ela é muito boa. O ruim também será se separar dos colegas”, frisou a estudante. Os ex-alunos também estão inconformados. “Passei a metade da minha vida nesta escola. É um absurdo fechar a escola pra construir um prédio. Será muito triste ver a escola destruída”, lamentou o ex-aluno, João Pedro Dias, de 16 anos.

Professores entram na justiça
Uma das representantes dos professores, Cristina Castejon Branco, lembrou que há alguns anos a escola perdeu a filantropia e isto gerou impostos. Mesmo com a mensalidade dos alunos, a instituição não conseguiu reverter a situação. Em 2006, parte do prédio existente na Avenida Brasil foi vendido para pagar as dívidas, mas não foi suficiente. “A escola deve muito dinheiro e está penhorada. Deve haver outras possibilidades de quitar esta dívida. A escola faz parte da história do município”, declarou a professora.

Ela frisou que os quase 30 professores e funcionários da escola serão demitidos. “Por enquanto o salário está em dia. Entramos com uma ação na justiça para garantir o pagamento das rescisões trabalhistas. São pessoas que tem família para sustentar”, desabafou Cristina.

Manifestantes pedem apoio ao MP
Enquanto a maioria dos alunos e professores protestava em frente ao Ministério Público, uma comissão foi formada para pedir apoio à promotora regional de Educação, Ana Cristina Ferrareze Cirne.
A escola é particular e não recebe verbas do poder público. Por este motivo, a promotora esclareceu que não pode impedir o fechamento da escola, mas tem como agir no sentido de tentar um convênio com a prefeitura para evitar que estas crianças fiquem fora da escola. “Vou me empenhar no que for possível pela demanda destes alunos. Considero que fechar esta escola é um retrocesso”, disse a promotora.

Posição do presidente do Círculo Operário
A Associação Círculo Operário pretende sanar as dívidas com a venda do prédio e futuramente iniciar em um novo ramo de atividade que ainda está sendo analisado. O presidente da instituição, Carlos Giugno, informou que está na sua segunda gestão e atua dentro dos termos do estatuto. Em relação a possíveis irregularidades citadas pela associação de pais, Giugno preferiu não se manifestar porque não conhece o teor das acusações. “Estamos agindo dentro da lei e as pessoas que estão incomodadas devem procurar o Ministério Público e a Justiça”, disse o presidente.

Reunião na Câmara de Vereadores
Uma reunião está prevista na quarta-feira (24), às 15h30, no Plenarinho da Câmara de Vereadores entre representantes da escola, Ministério Público e Comissão de Educação e Bem Estar Social do Legislativo.

Gostou? Compartilhe