Equilíbrio da economia depende da safra de verão

Após duas quebras de safras consecutivas, economista explica que reflexos maiores poderiam ser causados pro problemas na próxima safra de soja e milho

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A quebra prevista para esta safra de trigo – estimada pela Emater Municipal em 60% em Passo Fundo -, na sequência de uma safra de verão prejudicada, deve ter reflexos em vários setores da economia regional. Com menos dinheiro circulando, o comércio e os serviços podem ter uma queda na demanda. No entanto, uma boa safra de verão pode garantir que a economia volte a se equilibrar. Com expectativa de bons preços para a soja e milho, os agricultores devem investir em tecnologia na expectativa de bons resultados no campo em 2013.

Para muitos produtores, o rendimento da safra de trigo deve cobrir apenas os custos de produção. Os que não tiverem um rendimento suficiente para isso terão de desembolsar recursos próprios ou renegociar as dívidas. Conforme o economista da Universidade de Passo Fundo (UPF) Julcemar Bruno Zilli a renegociação é uma opção geralmente benéfica para o produtor. No entanto ele não pode esperar que as parcelas se acumulem para que isso seja feito. “Se deixar de pagar um mês e depois de novo vira uma bola de neve difícil de controlar. O produtor que se antecipar tem uma condição melhor de negociação”, acrescenta. Animados com os bons preços do mercado e a boa expectativa de safra de trigo que havia, muitos produtores investiram em equipamentos para atualizar a propriedade. Com a frustração desta safra pode surgir essa necessidade de renegociação.

Efeito
De acordo com o economista da UPF os reflexos de uma quebra de safra atingem os diversos setores da economia. Com menos recursos, há menos gastos no comércio em geral ou aplicações em bancos, por exemplo. O dinheiro que deixa de circular pode causar diversos problemas, entre eles o aumento do desemprego. “Na minha percepção, nesse primeiro momento, isso não vai acontecer, mas é um efeito que poderíamos verificar”, pondera.

O agronegócio tem uma representatividade superior a 30% no Produto Interno Bruto (PIB) do município e da região. Com uma menor produção, a tendência é de que esse indicador possa ter uma queda. No entanto, o economista acredita que essa quebra não deve ter um reflexo tão significativo, porém, isso vai depender do comportamento da próxima safra. Uma boa colheita de verão pode equilibrar novamente a economia regional. “A soja e o milho possuem impacto mais significativo na região, perante o trigo. Se essas culturas se desenvolverem bem, significa que a economia vai responder da mesma forma”, simplifica.

Preparação para o verão
Os produtores da região já se preparam para a próxima safra. O cerealista Emeri Tonial estima que mesmo após esse período difícil os agricultores irão investir em tecnologia na soja e no milho tendo em vista os bons preços do mercado. Muitos estão fechando negócios no mercado futuro e conseguindo alcançar valores de aproximadamente R$ 60 a saca. “Na safra passada pouquíssima gente conseguiu esse valor. Então o produtor procura fazer a lavoura com alta tecnologia para ter produtividade. Vamos ter uma das melhores lavouras em termos de tecnologia e aplicação de técnicas apuradas”, estima. A cotação do Dólar também tem contribuído para que os preços se mantenham bons e os produtores otimistas.

Seguros
Para o cerealista outro fator que deve amenizar o impacto econômico na região são os seguros agrícolas contratados pelos produtores. Os privados, além do Proagro, permitem que, em alguns casos, além dos custos de produção a renda possa ser mantida. “Então o produtor garante a renda e não só o custo de implementação na lavoura. Isso evita que um impacto maior ocorra”, reitera. Com essa segurança de ter a renda protegida, o produtor consegue manter os investimentos e as contas da propriedade em dia.

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