ON Entrevista Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro

Por
· 4 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Duas semanas após o crime praticado dentro da Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), da Polícia Civil, o empresário Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro, 48 anos, quebrou o silêncio. Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, no escritório de seu advogado, Jabs Paim Bandeira, ele falou por cerca de 20 minutos com a imprensa. Bastante nervoso e interrompendo a fala por várias vezes, contou  sobre os motivos que o levaram a investir, armado com um canivete, contra Vinícius Rafael Fabiani,33 anos. O rapaz, que havia assaltado e feito a filha dele refém,  momentos antes de ser morto, chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo, mas não resistiu ao ferimento.

O fato que desencadeou o  homicídio teve início por volta das 9horas do último dia 13. Após largar a filha, de seis anos,  na aula de inglês,  no centro, a vítima foi até a escola, no bairro Rodrigues, buscar um livro. Ao se aproximar do carro, foi rendida pelo assaltantes, armado com uma faca,  e obrigada a dirigir sob as ordens dele.  Na estrada de acesso ao distrito de São Roque,interiro de Passo Fundo,  os dois entraram em luta corporal e o veículo tombou. A mulher sofreu cortes na mão e precisou passar por cirurgia. Ela segue em recuperação e afastada do trabalho.
    
Na entrevista, Ribeiro também falou do drama  que a família vem enfrentando e disse estar arrependido. “Eu me arrependo. Não desejo isso a ninguém”. Preso em flagrante, ele  chegou a ser  recolhido no Presídio Regional de Passo Fundo, mas foi liberado algumas horas após a Justiça ter acatado a tese apresentada pela defesa, de que teria agido sob forte emoção.

Responsável pelo caso, a 1ª Delegacia de Polícia aguarda apenas o resultado do laudo de necropsia para concluir o inquérito, ainda esta semana. O acusado  será indiciado por homicídio e levado a júri popular. Confira a entrevista abaixo.

ON-  Em que circunstâncias o senhor recebeu a informação do assalto?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro – Eu estava em casa, fui informado pelo meu genro de que ela havia  sido assaltada e se envolvido em um acidente. Segui para o local e encontrei  minha filha naquela situação, toda cortada, desesperada. Ela contou   que  ele já havia pego o dinheiro e o celular, mas  que a levaria para  o mato  para fazer o serviço completo, a intenção dele era estuprá-la. Começou a passar a mão nela, então entraram em luta corporal e o carro tombou.

ON – O senhor já estava armado quando o encontrou na delegacia?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro – Fui para a delegacia acompanhar o procedimento  de recolhimento do veículo e registrar a ocorrência. Quando o assaltante  chegou, o questionei  sobre o  que  iria fazer com minha filha. Perguntei porque  não largou ela após ter roubado o dinheiro, celular, e até mesmo o carro.   Ele deu risada e debochou da minha cara. Fiquei transtornado. Fui até a caminhonete e peguei o canivete que havia deixado no veículo após uma pescaria. Entrei na delegacia e dei um único golpe nele.

ON -  O que passou pela sua cabeça naquele momento?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro - Não consigo lembrar. Perdi a cabeça, acho que qualquer pai perderia vendo a filha naquela situação. Fiz no momento em que estava fora de mim. Não diria para ninguém fazer justiça com as próprias mãos, mas se um pai o fizer, vou saber entender o motivo porque já passei por isso.

ON – O senhor está arrependido do que fez?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro – Eu me arrependo. Não desejo isso para ninguém.  Se ele tivesse levado os bens materiais, jamais me passaria pela cabeça uma coisa dessas.

ON – Como vê o fato de ele estar no semiaberto?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro –  Ele dormia no presídio e durante o dia ia para frente do colégio. Sabia que ela levava a filha na escola. Naquela manhã, ela  havia deixado a menina na aula de inglês, no centro,  e voltou à escola buscar um livro, quando foi surpreendida. Já tinha um histórico de crimes e estava solto. Quanto tempo ele ficaria preso? Com certeza iria voltar a agir. Meu  medo era muito grande neste sentido, que voltasse  a fazer alguma coisa, voltar a pegar minha filha com a criança junto.

ON – Como a família está enfrentando essa situação?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro -  Está muito difícil. Minha neta se sente culpada e não quer mais ir à escola. Minha filha não quer sair mais sozinha de casa. Ela dorme somente com calmante. Fica deitada, em pânico. Diz que sente o cheiro dele. Eu também estou tomando remédio. Estamos buscando ajuda com psicólogo para tentar voltar à vida normal, mas é  muito complicado.

ON – O fato teve grande repercussão na imprensa,  gerou um debate nas redes sociais e até mesmo em algumas faculdades de Direito. Muita gente  manifestando  apoio, o que o senhor pensa dessa movimentação?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro - Não acompanhei, mas fui informado. Recebi muito apoio,   a gente sente  que a população  está insegura.  É uma forma de protestar contra essa situação.

ON - O que o senhor espera da Justiça em relação ao seu caso?
Paulo Rogério Gonçalves Ribeiro - Olha, vou deixar nas mãos da Justiça, o que ela decidir está bom para mim. Mas  quero pedir mais segurança. A gente que trabalha, no dia a dia, vai levar um filho no colégio e não sabe o que pode acontecer. Um pai numa situação como essa vai defender o filho com unhas e dentes. Qualquer um perderia a cabeça.




 

Gostou? Compartilhe