Trigo pode chegar a R$ 650 a tonelada

Produtores devem estar atentos à classificação do grão colhido para garantir o melhor negócio. Análise de laboratório é boa alternativa para barganhar preço

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Na reta final da colheita do trigo os produtores que conseguiram se livrar das más condições climáticas e colheram grãos de qualidade poderão ser beneficiados pelos bons preços em função da maior demanda. Para garantir os melhores valores os agricultores podem atestar a qualidade do produto por meio de testes laboratoriais. Com os dados sobre a condição do trigo em mãos eles podem realizar uma melhor negociação.

De acordo com o consultor da OR Sementes e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) Luiz Carlos Gutkoski os dados de safra estimados pela Conab têm baixado com o avanço da colheita. No Rio Grande do Sul a estimativa é de colher cerca de 2 milhões de tonelada, aproximadamente 700 mil toneladas a menos que na safra anterior conforme o último levantamento da Companhia Nacional. Em função da frustração de safra no Mercosul, quem colheu trigo com qualidade pode conseguir até R$ 650 por tonelada.  Com o bom preço é fundamental que o produtor tenha o conhecimento sobre a qualidade do seu produto para garantir a melhor remuneração possível.

Análise
Gutkoski é também coordenador do Laboratório de Cereais da UPF, que é credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para fazer a classificação do trigo. De acordo com ele, muitos produtores estão levando amostras para serem analisadas. Embora os testes realizados no laboratório não descrevam a situação geral das propriedades da região, tem se observado trigos com boa força de glúten, geralmente superior a 180. Por outro lado o número de queda tem apresentado valores baixos. As chuvas próximas ao período da colheita são as responsáveis pelo problema.

O número de queda é um dos índices utilizados para orientar o uso do trigo de acordo com a classificação estipulada pelo MAPA. Esses índices permitem destinar o trigo para a panificação, produção de massas ou biscoitos, por exemplo. “Com número de queda baixo é indício de trigo com dificuldade para a panificação”, observa o pesquisador. Um bom resultado para alcançar a melhor classificação seria entre 300 a 350.  Mesmo quando o trigo não alcança esse índice, ele pode ser destinado a outros usos.

Moinhos
Além das análises realizadas inicialmente para classificar o trigo, os moinhos que recebem o grão realizam uma série de testes. A maior exigência do consumidor final determina uma padronização da farinha produzida. “As pessoas querem comprar o mesmo pão todos os dias e para isso é fundamental que a farinha tenha uma qualidade padronizada”, finaliza.

Congresso Internacional
No mês de outubro, Gutkoski representou a OR Sementes no XIX Congresso Internacional do Trigo em Florianópolis. Entre os diversos temas abordados, ele destaca um painel que tratou sobre a inclusão do trigo para uma alimentação saudável. Para ele, é necessário desmistificar o consumo de amido e mostrar que o trigo cumpre um papel importante por fornecer carboidratos e não ter outras características que causam riscos à saúde.

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