Na sessão mais longa do ano, o tribunal do júri de Passo Fundo condenou os sete acusados da morte do técnico agrícola da prefeitura de Constantina, Cassiano Augusto Dalmagro, 25 anos. Em 28 de setembro de 2000, durante uma emboscada, ele levou um tiro na cabeça e acabou morrendo em 29 de setembro do ano seguinte, após passar por 14 cirurgias. Eram 3horas da madrugada de quarta-feira, após 13 horas e meia de sessão, quando o juiz da 1ª Vara Criminal, Mauricio Ramires, leu a sentença condenando os sete réus pelo homicídio e também pelas duas tentativas de homicídio, todas duplamente qualificadas. A defesa deve recorrer da decisão.
“Finalmente foi feita justiça. Foram 12 anos de espera por este dia. Sofremos muito. Meu filho chegou a ficar em estado vegetativo antes de morrer” contou emocionada, a mãe Clelia Dalmagro, 61 anos.
Motivado por desavenças políticas, o crime ocorreu na linha Bonfante, interior de Constantina. Cassiano conduzia uma caminhonete Pampa, da prefeitura, acompanhado de outros dois colegas de trabalho, quando em frente à sede de um clube, foram surpreendidos por uma embosca e tiveram o veículo atingido por vários disparos. Um deles acertou a cabeça de Cassiano. Os outros dois ocupantes conseguiram escapar.
Apontados como mentores e responsáveis por fornecerem as armas para o crime, Antônio Bonfanti, Valdir Sabadin e Zelindo Garbin, tiveram penas fixadas em 20 anos, com acréscimo de oito meses para os dois primeiros. Para os quatro acusados de participarem diretamente na emboscada, Pedro Vargas, Luis Carlos Cecatto, Catiano Cecatto e Ilisan Luis de Domênico, as penas foram de 20 anos de reclusão, todos em regime inicial fechado.
Entrevista – Sadi Dalmagro
“É um sofrimento que não dá para comparar com nada”
Pai de Cassiano Augusto Dalmagro, o agricultor Sadi Dalmagro, 61 anos, conversou com o O Nacional nos corredores do fórum de Passo Fundo, logo após o início do julgamento, na terça-feira à tarde. Ele falou da luta que a família travou para manter o filho vivo e da longa espera pelo dia do julgamento.
O Nacional – A família teve de lidar com a dor da perda e também da espera do julgamento por mais de uma década?
Sadi Dalmagro – É um sofrimento que não dá para comparar com nada. Vocês já viram os pais terem de sepultar o filho, cheio de saúde, que não tinha inimizade com ninguém e bem quisto por todo mundo. Isso é anormal. O normal é o filho sepultar seu pai e sua mãe quando eles estão velhos. A espera por esses 12 anos sem ter havido justiça, foram transcorrendo, a cada dia sentíamos uma alfinetada, porque a gente recorda todos os dias do fato, sempre, sempre.
O Nacional – Na sua avaliação o que ocasionou esta demora?
Sadi Dalmagro – No começo fomos pouco atendidos. As investigações não avançavam, era muita pressão. Até que certo dia, alguém me levou na Secretária de Segurança do Estado. Em seguida, vieram dois peritos e as coisas começaram a progredir.
O Nacional – Cassiano chegou a passar por 14 cirurgias durante um ano?
Sadi Dalmagro – Ele ficou até 50 dias no Hospital São Vicente de Paula. Voltou para casa falando e caminhando com dificuldade, entendendo as coisas. Ficamos contentes. Depois voltou a piorar. Foram várias idas e vindas. Passou por 14 cirurgias, até que, em agosto de 2001, o médico deu a palavra final dizendo que havia feito tudo que era possível para salvá-lo. Levamos de volta para Constantina, passou pelo hospital de lá também. Ele faleceu exatamente um ano e um dia após ter sido baleado. Esse fato mudou nossas vidas para sempre. Deixou uma filha de 2 anos e meio na época. Minha esposa até hoje precisa tomar medicamento para depressão. Esperamos que a justiça seja feita.
Tribunal condena sete acusados de homicídio praticado em Constantina
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