Farsul projeta recuperação em 2013

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Depois de registrar perdas históricas devido à seca em 2012, a agricultura gaúcha prepara-se para um 2013 de recuperação e ganhos para o produtor. Segundo estimativa do Sistema Farsul apresentada nesta quarta-feira (12/12), o PIB gaúcho deve ter queda de 2,02% neste ano e crescimento de 6,37% ano que vem. Tanto a queda quanto a alta projetadas para os períodos se devem principalmente ao desempenho do setor agropecuário, explicou o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, em entrevista coletiva de balanço do ano.

O dirigente ressaltou que o trabalho da Federação, ao mapear perdas e alertar autoridades sobre o problema da seca desde janeiro deste ano, foi fundamental na construção de soluções que permitem hoje uma projeção otimista para 2013. Entre essas soluções, o parcelamento das dívidas decorrentes da estiagem e o programa de refinanciamento do passivo do setor arrozeiro, confirmado pelo Conselho Monetário Nacional na última terça-feira. “Desde o início do ano, buscamos saídas para minimizar as consequências da estiagem, buscando manter a situação de adimplência do produtor, para que ele desse sequência à sua produção. E fomos atendidos, com a contribuição significativa do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro”, afirmou Sperotto. O sucesso das soluções propostas pela Farsul, e acatadas em sua maior parte pelo governo federal, se traduz nos números de contratação de crédito rural.

Os custeios para soja, milho, trigo e pecuária tiveram alta de 8% de janeiro a outubro de 2012, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, a área plantada com grãos no Estado na safra 2013 deve chegar a 7,891 milhões de hectares, superando em 2,37% o registrado no período anterior, segundo o IBGE. Um dos motivos é o elevado preço das commodities agrícolas, impulsionado pelos estoques reduzidos. “O aumento do consumo mundial de alimentos é incontestável, o que se reflete em mais área plantada. No ano que vem, teremos um cenário de desenvolvimento no Rio Grande do Sul”, projetou Sperotto. O dirigente lembrou que o avanço da soja em áreas de pecuária da Metade Sul deve ser o grande responsável pela expansão da lavoura gaúcha. “Queremos que a lavoura de soja cresça, sem prejuízos à nossa pecuária”, acrescentou, sugerindo que os pecuaristas devem buscar novas técnicas para melhorar o desempenho da atividade.

O balanço da Farsul trouxe os dados consolidados de perdas causadas pela estiagem em 2012. A produção de grãos no Estado ficou em 19,62 milhões de toneladas, representando uma queda de 10 milhões de toneladas na comparação com a colheita do ano anterior. No PIB gaúcho, isso representou uma perda de cerca de R$ 17,107 bilhões. Para 2013, a Farsul projeta uma colheita entre 26,9 milhões e 29 milhões de toneladas de grãos.

Infraestrutura
O avanço da produção de soja na Metade Sul exigirá melhorias na infraestrutura para escoamento e armazenamento da safra. “A Metade Sul tem um acesso fácil ao Porto de Rio Grande, que deverá criar novos espaços de armazenamento e uma estrutura que permita uma dinâmica mais fluida (de escoamento)”, afirma. Além disso, o Estado deve começar a explorar mais suas hidrovias, sugeriu o presidente do Sistema Farsul.

Para Sperotto, um dos grandes desafios de 2013 será construir soluções para ampliar o armazenamento de grãos nas propriedades ou em núcleos controlados por produtores de uma mesma região. Segundo o dirigente, hoje, apenas 15% da safra fica na mão do produtor. Isso dificulta o controle do fluxo de venda, reduzindo preços médios de comercialização.

Irrigação
Embora tenha ganho destaque em 2012, inclusive com o programa estadual Mais Água, Mais Renda, a irrigação precisa de mais incentivos para dar um salto no Estado. O principal entrave hoje é a dificuldade e demora na análise de pedidos de licenciamento ambiental de projetos. A iniciativa do governo estadual agiliza apenas as licenças para açudes de até 10 hectares e áreas irrigadas de até 100 hectares, além de não garantir licença automática para barramentos. “Estamos trabalhando para que o produtor consiga armazenar água em locais com suprimento permanente de água”, disse Sperotto. “A irrigação não é para enfrentar a seca, mas para aumentar a produtividade. Pensar em irrigação só para combater a seca é pensar pequeno”, acrescentou.

Código Florestal
A aprovação do Código Florestal foi uma das conquistas de 2012 para o setor agropecuário, avaliou Sperotto. Para ele, a estratégia da Federação nas negociações do projeto no Congresso Nacional foi bem sucedida. “Tivemos presença continuada de técnicos do Sistema Farsul junto às relatorias do projeto. Fizemos sugestões que foram contempladas com alterações que garantem perspectiva de crescimento da produção e respeito a culturas centenárias como a orizicultura. e vitivinivultura”, afirmou o presidente do Sistema Farsul.

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