Simpósio une Brasil e China no combate à giberela

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A giberela é uma das mais importantes doenças que afeta a produção de trigo no mundo. Além de perdas no rendimento e qualidade, a giberela ainda pode causar a contaminação dos grãos por micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas pelo fungo causador da doença. Como ainda são poucas as fontes disponíveis de resistência genética à giberela, pesquisadores do Brasil e da China unem esforços no desenvolvimento de cultivares com melhor tolerância à doença. A primeira aproximação para fortalecer trabalhos cooperativos entre os dois países aconteceu em 2011, com um encontro pela primeira vez na China, durante o Simpósio Internacional de Giberela, em agosto 2012, e agora na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), nos dias 11 e 12/12.

No Brasil, a incidência de giberela dependente do clima quente e chuvoso que afeta a cultura no Sul do País. A última epidemia ocorreu em 2009, quando os danos chegaram a 60% em algumas lavouras. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, José Maurício Fernandes, a giberela se apresenta como grande desafio na introdução de cultivares de trigo trazidas de outros países para o Brasil, devido a suscetibilidade à doença. “Entre a década de 70 e 80 a giberela chegou ser considerada uma doença de menor importância no Brasil. Entretanto, a partir da década de 90, observamos uma mudança no regime de chuvas na América Latina, com o aumento no número de dias com chuva durante a primavera, o que pode ter contribuído para a maior frequência de epidemias nas lavouras dificultando o controle”, explica Fernandes.

Apesar das diferenças no clima e sistema de cultivo, a giberela também desafia a sustentabilidade da produção de trigo na China. Nesta safra, a giberela comprometeu mais de 12 milhões de toneladas de trigo nas províncias de Shandong, Henan, Anhui e Jiangsu. Entre as fontes de resistência à giberela identificadas nos programas de melhoramento da Academia de Ciências Agrícolas de Jiangsu (estatal de pesquisa e extensão da província de Jiangtsu) está a cultivar brasileira Frontana, que até hoje pode ser encontrada na base genética das cultivares com melhor tolerância à giberela. “O Brasil possui boas fontes de resistência que podem ser aprimoradas através desta parceria, numa atuação mais ampla dos centros internacionais de pesquisa através do intercâmbio de conhecimento e genética”, avalia a Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Trigo, Ana Christina Albuquerque.

O Simpósio Brasil-China sobre Gilberela do Trigo contou com a participação de seis melhoristas chineses e pesquisadores de várias organizações brasileiras. A aproximação com instituições internacionais para combater a giberela no Brasil já resultou em parcerias com a Inglaterra (BBRSC) e Estados Unidos (Universidade de Kansas). O reconhecimento aos pesquisadores brasileiros coloca o País como sede do próximo Simpósio Internacional sobre Gilberela, que acontece em 2016.

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