Mais de 60% dos eleitores do Egito aprovaram a nova Constituição do país, segundo informações preliminares da imprensa estatal egípcia. A apuração dos votos computados nas duas rodadas do referendo, concluídas ontem (22), ainda não é oficial. A expectativa é que o resultado conclusivo das votações seja divulgado amanhã (24).
A Irmandade Muçulmana declarou hoje (23) que 70% dos votos do referendo devem ser favoráveis à nova Constituição. O grupo opositor Frente de Salvação Nacional também admitiu que o "sim" ao documento deve vencer.
Ontem, os eleitores das 17 províncias egípcias consideradas mais conservadoras compareceram ao referendo. O grupo representa uma posição mais alinhada com a do partido do presidente Mouhamed Mursi e as propostas para a nova Carta. A oposição acusou os partidários do governo de manter estações de votação abertas até mais tarde e de pressionar eleitores pela aprovação do documento.
Se a maioria dos egípcios optar pela nova Carta, em três meses serão realizadas novas eleições parlamentares. Até o momento, os únicos dados oficiais apontam abstenção nas duas rodadas de votação - em dois sábados consecutivos -, de quase 70% dos 25 milhões de eleitores aptos a votar.
O referendo sobre a nova Constituição gerou uma série de protestos populares e dividiu ainda mais as posições políticas do país. Enquanto simpatizantes de Mursi, em sua maioria muçulmanos, dizem que a nova Constituição garantirá a democracia e ajudará a manter a estabilidade, os críticos ao documento consideram o texto uma traição aos ideais das revolução que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak, no início do ano passado.
Entre os que rejeitam os termos da Carta, o temor é de excessivo poder aos islamitas, em detrimento de cristãos e seculares e de que, mesmo terminado o pleito, apoiadores e detratores da Irmandade Muçulmana protagonizem novas cenas de violência.
Na oposição ao texto, muitos apontam a falta de proteções à liberdade religiosa e de expressão e respeito aos direitos humanos, pelo baixo nível de compromisso claro de promover a igualdade entre homens e mulheres e o fim das prisões arbitrárias e da tortura.
Antes do início das votações ontem (22), o vice-presidente do país, Mahmoud Mekki renunciou ao cargo, alegando que "a natureza da política não combina" com sua formação de juiz. Mekki disse que havia tentado renunciar em 7 de novembro, mas a decisão foi adiada por “eventos” que dominaram as tensões no país, como os conflitos israelenses-palestinos em Gaza e o decreto do presidente Morsi que aumentou os próprios poderes.
Com informações da Agência Brasil