Diversas frutas nativas da região como o butiá, a guabiroba, jabuticaba e o araçá são novidades em sabor de sorvete em Torres, no litoral norte. Os frutos recolhidos em propriedades rurais de municípios próximos a Passo Fundo são processados para se transformarem em polpa e posteriormente enviados para a sorveteria Gela Goela para a fabricação dos sorvetes. O trabalho é organizado pelo Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) e pretende ampliar o consumo de frutas nativas por meio da pesquisa e desenvolvimento de alimentos, bem como a criação de cadeias produtivas.
O trabalho de aproveitamento das frutas nativas começou a ser desenvolvido pelo Centro há pelo menos 12 anos. No início a adesão dos agricultores foi tímida, devido a preocupação com a lucratividade. Hoje, pelo menos 30 já se dedicam a recolher, processar e preservar as frutíferas nativas. Conforme o técnico do Cetap Alvir Longhi, que é responsável pelo trabalho, além do aproveitamento da produção das plantas já existentes, os produtores já se preocupam com o manejo e a produção destas espécies. O objetivo, porém, não é o de criar monoculturas com as plantas nativas. “Queremos valorizar os potenciais locais e introduzir esses produtos na dieta, diversificando sabores. E com essa valorização se cria o apelo para manter essas espécies o que contribui na qualidade ambiental”, enfatiza.
Além das frutas utilizadas para fazer sorvete, a uvaia, o pinhão e a jabuticaba também são recolhidas para produção de polpas e da paçoca de pinhão e utilizadas em pratos diversos. Longhi explica que a sorveteria ainda não é o principal mercado e está sendo articulada com a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo e a Secretaria de Economia Popular e Solidária a criação de cadeias produtivas das frutas nativas do Estado.
Vale a pena
O produtor rural Aloisio Anselmo Schafer do município de Três Arroios há um ano integra o projeto de aproveitamento das frutas nativas e já aprova a iniciativa. Atualmente ele coleta apenas guabirobas que antes acabavam estragando na natureza devido à falta de aplicações. A produção da polpa é feita na propriedade com um equipamento conseguido por meio do Cetap. E já há a intenção de ampliar o trabalho. “Não temos manejo especial. A única coisa é preservar as árvores. É uma renda líquida e certa que temos na propriedade e que traz retorno todo ano. A despesa que tenho hoje é o tempo para recolher”, observa. Ele conta que em apenas uma planta no primeiro ano foram colhidos 45 quilos de guabiroba. Nesta safra o rendimento foi de 154 quilos de polpa pronta. “E teve bastante perda porque ainda não aperfeiçoamos o método de colheita”, observa. Após processada, a polpa é vendida por aproximadamente R$ 4,00 o quilo. Na propriedade, ele se dedica ao cultivo de hortifrutigranjeiros e também de frutas cítricas.
Em Passo Fundo
Para divulgar os produtos, foi criado em Passo Fundo o Encontro de Sabores que é um empreendimento que tem a função de facilitar a comercialização. Além de Torres, as polpas são distribuídas na região metropolitana e também em Passo Fundo. A intenção é ampliar o conhecimento das pessoas e propiciar o aumento do consumo. Quem tiver interesse pode entrar em contato pelos telefones 54 9985-9687, 54 3313-3611 ou pelo email [email protected]. Além das polpas e da paçoca de pinhão – nome dado à massa produzida com a semente – vários produtos prontos podem ser adquiridos. No mesmo local, em breve, estará disponível a venda de sorvete.