Os valores alcançados para a saca de 60 quilos de trigo na última safra foram históricos. Mesmo com problemas na qualidade, o grão chegou a ser vendido a R$ 48 a saca. Após o boom dos preços ter passado, os preços recuaram um pouco, mas continuam acima do preço mínimo estipulado para o grão. Conforme o consultor da Agroinvvesti Corretor Gean Kuhn hoje os valores oscilam entre R$ 40 e R$ 42.
A valorização do grão foi motivada por diversos fatores, mas principalmente pela quebra da produção em diversos lugares, contra todas as expectativas positivas que haviam. Kuhn explica que no começo da colheita, entre o final de outubro e início de novembro de 2012, os estoques do mercado interno estavam baixíssimos, tanto que os compradores buscaram produto na Argentina e Paraguai. Quando o Estado começou a colher o problema da qualidade foi verificada. “O trigo estava se desenvolvendo com excelente qualidade, no entanto no final de setembro tivemos problemas climáticos que prejudicaram a formação dos grãos. Como nossos moinhos não tinham trigo e precisavam comprar, eles entraram forte no mercado”, explica.
Com a concorrência entre o mercado interno e o externo, principalmente Egito e Irã, os preços começaram a subir. Além disso, os problemas na safra na Rússia e Austrália aumentaram a competição pelo produto. “Eles recorreram ao Brasil apesar do problema de qualidade. Até 50% da safra foi para exportação por meio do Porto de Rio Grande. O restante ficou no mercado interno. Como o mercado teve que competir com o mercado externo os compradores tiveram que pagar mais”, reitera. Nessas condições os preços alcançaram índices históricos.
Mercado abastecido
O mercado interno hoje está abastecido e os moinhos estão com estoques suficientes para pelo menos quatro meses. Boa parte de todo esse produto já foi pago. Com isso o mercado começou a ceder um pouco, tendo em vista ainda a diminuição das exportações. Hoje os preços estão na faixa de R$ 40 a R$ 42 a saca de 60 quilos. “Como o trigo não teve muita qualidade o mercado teve que trazer maior volume de produto da Argentina e Paraguai para misturar com o nosso e dar qualidade necessária para panificação”, completa.
Há ainda disponível para comercialização cerca de 25% do trigo colhido. Kuhn destaca que dificilmente os preços voltem a subir tanto quanto já subiram, mas talvez na entressafra, em meados de julho, possa ter alguma valorização. No entanto, os produtores devem estar atentos aos volumes do estoque para que não causem problemas para o armazenamento da safra de soja e milho que, se continuar se desenvolvendo como está até agora, deve ser uma supersafra.