Bom Conselho encerra Semana Pedagógica

Professor doutor Rodrigo Sartorio falou aos educadores sobre a neurociência na educação

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Sempre buscando o refinamento do ensino, objetivo crucial da Semana Pedagógica, o Colégio Salvatoriano Bom Conselho trouxe para uma conferência o especialista em comportamento e desenvolvimento do cérebro de crianças e adolescentes, o professor doutor Rodrigo Sartorio, que possui extensa formação acadêmica, inclusive Doutorado em Psicobiologia pela UFRN e Mestrado em Neurociências e Comportamento pela UFSC. Ele introduziu a platéia, formada por funcionários e professores na neurociência, a disciplina que relaciona comportamento e cérebro, ressaltando, sobretudo a plasticidade do tecido cerebral, que permite, mediante estímulos freqüentes e corretos, que o estudante aprenda por toda a vida.

Isso vai de encontro à Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, do psicólogo romeno Feuerstein - teoria que orienta as práticas docentes de toda a Rede Salvatoriana. Ela defende que, para que se tenha um aprendizado satisfatório, deve-se ter diferentes estímulos ou diferentes quantidades de estímulos para abranger cada estudante individualmente. Afinal, nem todos aprendem da mesma forma - e isso não constitui sequer um defeito, mas uma qualidade, que revela a plasticidade cerebral para aprender. Por isso o professor deve partir da idéia de uma pluralidade de educandos para preparar sua aula.

Com esse cuidado, o professor - com a cooperação do estudante - pode garantir vários estímulos para o seu cérebro desde o Ensino Fundamental – quanto mais estímulos, mais desenvolvimento de determinada área do cérebro. Dessa forma, ele estará mais preparado para os desafios do Ensino Médio, quando a dispersão do cérebro das crianças dá lugar a um cérebro especializado e cada vez mais sofisticado na adolescência.

Responsabilidades: “quanto mais, melhor”

Sartorio conta que tomou contato com um estudo revolucionário do pesquisador holândes Solomon, onde foram acompanhadas 240 pessoas ao longo de 30 anos. Foi descoberto que os irmãos mais velhos eram sempre mais bem-sucedidos pessoal, profissional, acadêmica e emocionalmente que os caçulas. Isso porque várias áreas do cérebro são exigidas ou estimuladas quando se cuida de algo, ou seja, é necessário sofisticar o cérebro cognitivamente para cumprir responsabilidades. Segundo Sartorio, “contanto que não atrapalhe a vida acadêmica do estudante, quanto mais responsabilidade, melhor”. E também dá exemplos: “cuidar de um animal de estimação, fazer trabalho voluntário ou conseguir um emprego de meio-turno, etc...”, as responsabilidades são inevitáveis para a evolução cognitiva dos adolescentes.

Mas afinal, por que os jovens dormem tarde?

Prática comum entre os jovens, ficar acordado até tarde da noite ao computador causa atrasos, mas, o pior de tudo, baixa o rendimento escolar. Para saber como driblar o problema o educador deve primeiro reconhecer que a preferência dos adolescentes pela noite é resultado de um processo histórico, explica Sartorio, onde o macho ou a fêmea-alfa expulsava seus concorrentes mais jovens - até mesmo os filhos -, com medo de que eles conquistassem as fêmeas do grupo. Os componentes abandonados caçavam, então, apenas quando o seu antigo grupo dormia: à noite.

Com isso em mente, o professor deve elaborar estratégias para uma aula mais dinâmica, buscando a empatia para que o aprendizado seja colaborativo e prazeroso, e que prenda a atenção dos estudantes logo nas primeiras horas do dia, quando, muitos deles, ainda estão em jejum, sonolentos, pois não tomam café-da-manhã: também um traço da sua herança evolutiva.

Enfim, cabe ao professor reconhecer o adolescente como um ser em conflito, que está entrando em contato com muitos deveres, pois não é mais criança. Entretanto, não é um adulto também. Sartorio enfatizou o papel do professor na formação das pessoas, e completou: ”não são tablets que fazem a diferença, são vocês”.

Gostou? Compartilhe