Cardeal que estudou na UPF pode ser o novo Papa

Imprensa internacional aposta em Dom Odilo Pedro Scherer. Conclave inicia hoje no Vaticano

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O mundo inteiro aguarda, a partir de hoje, pelo anúncio no novo papa da Igreja Católica. Teoricamente, qualquer pessoa do sexo masculino pode ser eleito papa, mas, na prática, há muitos séculos que só cardeais têm sido escolhidos. No páreo da disputa para substituir Papa Bento XVI, estão 115 cardeais. Um dos mais cotados é um cardeal brasileiro que tem uma pequena, mas especial ligação com Passo Fundo. Isso porque Dom Odilo Pedro Scherer, que é gaúcho natural de São Luiz Gonzaga, estudou entre 1975 e 1976 no curso de Filosofia da Universidade de Passo Fundo para validação dos estudos filosóficos cursados no seminário e obtenção do título de licenciatura. Scherer é o atual arcebispo metropolitano de São Paulo, maior núcleo religioso do maior país católico do mundo.

A estreita relação com Passo Fundo foi confirmada pelo ex-reitor da instituição, Padre Elydo Alcides Guareschi, exclusivamente ao O Nacional em artigo publicado na edição conjunta dos dias 2 e 3 de março (veja imagem). O religioso relata que se emocionou ao encontrar Histórico Escolar os documentos do candidato a papa nos arquivos da Universidade. Para Guareschi, o cardeal reúne uma série de credenciais para o cargo: nacionalidade, juventude, experiência administrativa e formação. “A preparação é um critério essencial para a missão do futuro Papa”, disse o religioso.

Ilustre ex-aluno
Bastante comovido também ficou o coordenador do curso de filosofia e professor de Dom Odilo na UPF, Pedro Alcindo Bervian. “Nunca me passou pela cabeça ter um aluno papável”, disse. Na lembrança do professor, o então padre Odilo foi um bom aluno, filósofo competente e com excelentes notas. Trinta e dois anos mais tarde, o professor Bervian reencontrou o aluno no município de Águas de Lindóia (SP) na Convenção Internacional do Movimento Serra. “Foi uma satisfação e alegria de rever e conversar com o meu mais ilustre ex-aluno. Lembramos a época da revalidação dos seus estudos na UPF e falamos também sobre o movimento Serra”, relatou. Sobre a possibilidade de ele ser eleito o novo papa, o professor se diz receoso: “Eu ficaria honrado de ter sido professor de um papa, mas dizem que temos que desejar o bem aos amigos e, desejar que ele seja papa talvez não seja tão bom porque ele terá muito abacaxi para descascar”, finalizou.

Estudos em Passo Fundo

Dom Odilo Scherer foi aluno do curso de férias chamado Revalidação de Estudos Filosóficos, um projeto especial do curso de Filosofia, que formou cerca de 500 padres e pastores de todo o país. A UPF foi uma das primeiras e únicas instituições no país que ofereciam a habilitação, realizada nos meses de férias. O curso tinha como objetivo legalizar a formação de filosofia para que os religiosos pudessem lecionar a disciplina em escolas municipais ou estaduais, já que naquele tempo, os seminários não poderiam emitir certificado ou diploma de licenciatura.

Perfil
Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos, de pais descendentes de alemães radicados no interior do Rio Grande do Sul. Desde cedo, demonstrou vocacão para o sacerdócio, estudando no Seminário São José, em Toledo, no Paraná, no Seminário Menor São José, em Curitiba, e na Faculdade de Filosofia da Universidade de Passo Fundo. O cardeal é formado em Teologia, no Studium Theologicum da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é mestre em Filosofia e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Antes de ser nomeado bispo auxiliar de São Paulo, trabalhou na Congregação para os Bispos, no Vaticano, entre 1994 e 2001. Foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 2003. Em março de 2007, ele foi nomeado arcebispo de São Paulo, e virou cardeal oito meses depois. Dom Odilo é o mais novo cardeal brasileiro, com 63 anos. Domina vários idiomas, entre eles alemão, italiano e latim.

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