São 76 anos de vida regados de muito trabalho, suor e alegria. João Maria Cardoso ou Seu João, como é conhecido, se tornou exemplo de superação e boa vontade ao demonstrar sempre disposição para auxiliar aqueles que mais precisam.
O agricultor - coordenador da Pastoral da Saúde do Santuário Nossa Senhora Aparecida e agente voluntário da Cáritas - vive com a esposa no interior de Passo Fundo, em uma propriedade de 18,2 hectares onde mantém porcos, vacas, galinhas, horta, pomares, plantações de milho, abóbora e moranga e horto medicinal. O horto, inclusive, é base de ervas e plantas utilizadas para a confecção dos diversos produtos da Pastoral da Saúde no município. Tudo produzido de forma ecológica.
Seu João sabe, inclusive, a importância do seu trabalho: “Minha vida está no campo, mas sei que tem muita gente na cidade que ainda precisa de mim”, confessa. O agricultor é um dos que acreditam que o cultivo agroecológico pode dar certo. “Estamos trabalhando para que nossa propriedade contenha tudo o que nossos filhos e netos necessitarem, através do reflorestamento e do plantio de espécies nativas”, explica. “Não usamos nenhum agrotóxico ou veneno, tudo é muito saudável aqui”, garante.
E tem dado certo. Atualmente, seu João comemora a ótima safra de abóboras e morangas. “Nós nos criamos no meio das abóboras então o que sentimos é uma verdadeira paixão por isso. Esse ano foi mesmo impressionante”, relata.
O exemplo de João Maria traz a reflexão sobre a necessidade de as pessoas, principalmente os mais jovens, voltarem seu olhar para o campo e perceberem a importância de permanecerem lá. Muitas vezes, atraídos por uma proposta de estudo e trabalho na zona urbana, os filhos de produtores rurais deixam suas famílias e passam a viver na cidade acreditando ser a melhor opção. Com a família do seu João não foi diferente. Dos oito filhos, nenhum permaneceu em casa, apesar de assegurar que alguns deles ainda devem voltar. Para o casal de aposentados que complementa a renda com o excedente da produção, apesar das dificuldades, resta uma única certeza: morar no campo ainda vale a pena.