Segregação do trigo é desafio para cadeia produtiva

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo, o Estado precisa se dividir em regiões produtoras para criar a identidade do produto

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Enquanto as empresas de pesquisa trabalham para criar cultivares de trigo resistentes a doenças e com características que atendam as demandas da indústria, ainda há um aspecto que complica a hora da venda da commodity. A falta de segregação do grão de acordo com as características e os usos que deverá ter é um deles. Falta infraestrutura logística e a conscientização dos agricultores estão entre os motivos do problema. O tema foi abordado durante a Reunião Técnica de Trigo OR Sementes 2013.

O palestrante Rudolf Gerber atua em uma cooperativa e indústria que há anos trabalha o tema da segregação do trigo de acordo com a sua utilidade. Ele explica que como no Brasil há trigos de muitas variedades e diferentes fins, eles acabam sendo misturados em silos e com isso perdem liquidez e valorização no mercado. “Os moinhos querem saber qual a variedade e as características desses trigos. Como é uma mistura fica difícil ao produtor ganhar mercado por não ter qualidade definida”, acrescenta. Os produtores podem fazer essa segregação no momento da entrega do trigo em uma cooperativa ou cerealista ou ainda antes do plantio.

Quando os triticultores não têm condições de armazenar ou transportar o trigo segregado, a alternativa é decidir se na propriedade será produzido trigo para ser utilizado para pão, biscoito ou massa, por exemplo.

Vantagem
O agricultor que tem o trigo segregado tem algumas vantagens em relação àqueles que misturam as variedades. “O produtor tem o poder de barganha por saber que trigo ele tem e com isso consegue se posicionar no mercado quando, por exemplo, um moinho precisa de um trigo específico. Além disso, a liquidez é maior”, aponta. De acordo com ele, uma das grandes dificuldades do produtor brasileiro é conseguir vender o produto colhido.

Identidade
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Estado José Antoniazzi o Rio Grande do Sul tem como desafio regionalizar a produção de acordo com os tipos de trigo a exemplo do que já acontece nos Estados unidos, por exemplo. “O ideal seria ter regiões com trigo pão, regiões com trigo para uso doméstico, e assim com outros tipos, porque o que o moinho precisa do produto segregado e hoje não é feito assim. Temos todo tipo de trigo em todo lugar e ai o cerealista, ou a cooperativa acaba recebendo tudo e misturando”, reforça.

Na opinião dele, a segregação também precisa ser realizada em volumes adequados para beneficiar os produtores e as indústrias. A partir disso começa a se criar a identidade do trigo gaúcho em cada região e facilita a compra do produto por parte da indústria. Ele cita o exemplo de alguns municípios como Não-Me-Toque e Vacaria que têm experiências bem sucedidas nesse sentido.

Para Antoniazzi os desafios para a próxima safra são a ampliação da área plantada e da produção, o cuidado e o controle eficiente dos fungos e a aplicação da melhor tecnologia possível no campo para ter trigo de qualidade e com bom rendimento.

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