Um crime que chamou a atenção dos passo-fundenses completou quatro anos na quinta-feira (18) e permanece um mistério. O casal Edith Maria Eckert Macedo, à época do crime com 74 anos e Jader Moacir Macedo, que tinha 77 anos, foi morto brutalmente a tiros na residência em que viviam na Rua 14 de Julho, no bairro Rodrigues no dia 18 de abril de 2009, um sábado.
Jader foi morto com dois tiros, sendo um na nuca e outro no ouvido. Já edite foi alvejada duas vezes na nuca. O idoso teria sido assassinado primeiro, já que Edith não estava em casa e foi morta ao retornar. Não foram encontrados outros sinais de violência e nem de arrombamento no imóvel. Os corpos foram encontrados pelo único filho do casal, Lázaro Geraldo Eckert Macedo, à época com 42 anos e a esposa dele quando chegaram à residência para almoçar, como costumavam fazer aos sábados.
Após entrar na casa e ver os corpos, Lázaro foi até o Colégio Tiradentes e acionou a Brigada Militar, que chegou rapidamente ao local. Testemunhas disseram que viram Edith entrando na garagem da residência com o automóvel do casal, um Fiat Brava branco. Um vizinho também declarou ter ouvido os estampidos, mas não imaginou que os sons tivessem sido produzidos por disparos de arma de fogo.
Também segundo as testemunhas, o casal, que era proprietário de uma farmácia nas imediações da Praça Capitão Jovino, costumava guardar dinheiro em casa, porém, nada fora levado da cena do crime.
Ainda na tarde do dia do crime, o filho do casal e a esposa foram encaminhados à 1ª Delegacia de Polícia onde prestaram depoimento. A arma que pertencia a Jader não foi encontrada na casa, somente a caixa que servia como recipiente para a arma foi encontrada e estava vazia.
Investigações e processo
À época do crime, a delegada Daniela de Oliveira Mineto, então já titular da 1ª Delegacia de Polícia, disse que após o término das investigações, os indícios apontavam Lázaro como o assassino dos idosos. “Todas as circunstâncias e indícios que coletamos durante o inquérito, inclusive depoimentos de testemunhas, levaram a conclusão absoluta de que o autor dos homicídios é o filho do casal”, afirmou ao final do inquérito, já em outubro de 2009.
Apesar da acusação formal, Lázaro sempre negou a autoria dos crimes. Após a conclusão do inquérito o Ministério Público encaminhou a denúncia ao Judiciário e o processo vem se desenrolando na 1ª Vara Criminal de Passo Fundo. A próxima movimentação do processo está marcada para o dia 14 de maio deste quando a defesa do réu deve apresentar um laudo pericial ao Ministério Público e até a quinta-feira (18), não havia o agendamento de nova audiência.
Nos depoimentos nas audiências, a maioria das testemunhas afirmou que Lázaro tinha uma boa relação com os pais e que ele nunca demonstrara nenhum sinal de comportamento violento ou algo do gênero.
Há, inclusive, relatos de testemunhas que afirmaram ter estado com Lázaro em uma oficina mecânica na manhã do crime e uma destas testemunhas teria dado carona a ele até o escritório de contabilidade onde trabalhava.
Conforme a versão do acusado, ele teria ido ao escritório para buscar alguns documentos para fazer uma declaração de Imposto de Renda, porém, as imagens das câmeras de vigilância do prédio não mostram Lázaro carregando nenhuma pasta ou envelope contendo documentos, mas sim, uma garrafa de água em uma das mãos e um canudo na outra.
Para a delegada, Lázaro foi suspeito desde o início das investigações. “Quando chegamos ao local do crime já suspeitamos da participação da família. Não havia sinais de arrombamento, e tudo estava em ordem”, disse.
Ainda conforme Daniela, o acusado sempre se mostrou muito calmo, mesmo diante da perda dos pais. “Tudo isto foi somando-se aos fatos levantados pela investigação e não temos nenhum indício de que ele não tenha sido o autor. Dentro do quebra-cabeça que foi a investigação, até mesmo os passos dentro da casa foram reconstituídos. Um dos fatores que mais chamaram a atenção foi o fato de o pai do Lázaro foi morto saindo do quarto, que é um cômodo bastante íntimo da casa. A própria direção dos disparos não indicava surpresa, como poderia acontecer em um assalto, mas em um assalto as vítimas não são mortas pelas costas com tiros na nuca”, explicou.
Outros indícios que levaram à acusação de Lázaro foram uma lesão na mão que ele apresentava no dia do crime e que se parecia, com a marca produzida por uma arma de fogo após ser disparada. Uma pistola 765 registrada em nome de Lázaro foi apreendida pela Polícia Civil posteriormente, mas o laudo pericial que determinaria se a arma apreendida era a mesma utilizada no crime não foi finalizado.
Defesa
Os advogados de defesa do acusado, Paulo Adílio Ferenci e Luciano Toson foram contatados pela reportagem e não quiseram dar declarações sobre o caso.